A Adaptação do Futebol Brasileiro a SAF
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A Adaptação do Futebol Brasileiro a SAF

O grande desafio da incorporação das Sociedades Anônimas do Futebol já é uma realidade presente no futebol brasileiro, equipes tradicionais do futebol nacional hoje são SAFs e pretendem um novo tipo de gestão a estes clubes.

Gustavo Machado
4 min
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O grande desafio da incorporação das Sociedades Anônimas do Futebol já é uma realidade presente no futebol brasileiro, equipes tradicionais do futebol nacional hoje são SAF e pretendem um novo tipo de gestão a estes clubes.

Algumas vezes pela falta de conhecimento por parte dos torcedores, não se compreende de uma força clara o que pode significar a SAF no seu clube, o torcedor pode pensar apenas no investimento novo e ter a esperança de ver o seu amado clube figurando nas primeiras posições de todos os campeonatos que disputar.

Os gigantes do futebol brasileiro que acabaram se tornando SAF o fizeram apenas porque não havia saída fiscal para a realidade em que se encontravam, ou seja, encontraram na SAF uma forma de sobreviver. A grande questão é o quanto estes investidores estão na mesma sintonia de sua torcida, esta é a grande reflexão que pretendo fazer aqui. Algumas vezes a torcida do clube está sonhando em fazer de seu time do coração uma seleção de craques, mas na visão dos investidores estrangeiros, que muitas vezes não possuem apenas um clube, a ideia é fazer deste clube no Brasil um celeiro de novos jogadores que serão enviados para seu clube na Europa. Em outro momento, o investidor pode querer ter uma equipe no Brasil para poder mapear com mais precisão os atletas de outros clubes, mas sempre com o objetivo de enviar jogadores para a Europa e fazer dinheiro para aquele que é o seu clube mais rentável e lucrativo.

Pensar que os novos donos estrangeiros de Vasco e Botafogo vão colocar os gigantes cariocas como prioridades dentro de seu conglomerado de empresas pode ser ingenuidade do torcedor, mas ao observar a realidade que essas equipes se encontravam antes destes investidores chegarem, podemos dizer que os clubes estavam com problemas maiores, então este possível problema do dono do clube não dar total prioridade ao time brasileiro acabou ficando em segundo plano.

Outros modelos de SAF do futebol brasileiro estão presentes apenas para trazer aos clubes alguma organização fiscal, como é o caso do gigante Cruzeiro e de alguns outros clubes médios que buscam apenas sobreviver frente a um manancial de dívidas ou pelo receio de acabar perdendo espaço se não deixar sua gestão mais eficiente.

O que mais me atrai na ideia de SAF é a ideia de responsabilidade pessoal do dirigente em caso de dívidas ou qualquer outra ordem de problema que prejudique a gestão do clube. Essa responsabilidade pessoal hoje existe em um clube que não é SAF hoje, o Flamengo, e faz com seus dirigentes ajam com responsabilidade ao gastar o dinheiro do clube na hora de investir, Flamengo soube preservar a natureza política dos dirigentes e conselheiros, mas colocou no estatuto do clube essa norma que responsabiliza pessoalmente o dirigente por algum problema em sua gestão.

Outro caso no futebol brasileiro que ainda não se tornou SAF é o Palmeiras, o clube alviverde sofreu basicamente um golpe monárquico, hoje em dia quem manda no clube é uma pessoa, mas ela ainda é apenas a presidente, por mais fracos que os velhos conselheiros pareçam hoje, eles ainda estão por lá apenas esperando a oportunidade de tomar novamente o poder do clube para usá-lo em benefício próprio e sem responsabilidade pessoal.

A SAF é algo que tem tudo pra ser positivo no futebol brasileiro, mas a ideia de um investidor estrangeiro ver o clube daqui apenas como uma colônia para mandar jovens atletas para a matriz na Europa não é o melhor sonho para os torcedores, no Brasil nós temos gestores e empresários muito qualificados para gerirem nossos clubes com os olhos e interesses voltados para o futebol brasileiro, e isso já tem dado certo pra Flamengo e Palmeiras que ainda não são formalmente SAF, mas estão longe daquele modelo de gestão antigo dos clubes. Precisamos então deixar o futebol mais atraente para que essas pessoas olhem para os clubes não como um antro de corrupção e poder sem responsabilidade, mas sim uma forma segura de investimentos e também, se for o caso, algum tipo de chamado para gravar o seu nome de forma positiva dentro dos clubes do futebol brasileiro