Um Apanhado Geral de Tite na Seleção
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Um Apanhado Geral de Tite na Seleção

Tite assumiu a seleção no segundo semestre de 2016 após seu sucesso como treinador de um dos clubes mais representativos do futebol brasileiro, o Corinthians. Tite chega a seleção com otimismo por parte da torcida e imprensa já que o antigo t...

Gustavo Machado
6 min
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Tite assumiu a seleção no segundo semestre de 2016 após seu sucesso como treinador de um dos clubes mais representativos do futebol brasileiro, o Corinthians. Tite chega a seleção com otimismo por parte da torcida e imprensa já que o antigo treinador da seleção contava com a antipatia da imprensa e fazia a seleção brasileira jogar um futebol que desagradava muito a torcida em sua segunda passagem pela seleção. 

Tite não decepciona ninguém e retoma a seleção a uma sequência de vitórias nunca antes vista em jogos contra seleções sul-americanas e chega a Copa do Mundo em 2018 com um grande otimismo por parte da torcida e imprensa brasileira. Durante a Copa de 2018 Tite é apresentado a um torneio que até aquele momento não tinha experiência, um torneio curto, de apenas um mês e partidas com alto nível de tensão a cada três ou quatro dias, o treinador obviamente foi surpreendido. Durante uma Copa do Mundo você lida com momentos chave o tempo inteiro, são 30 dias de muita intensidade, você precisa tomar decisões corretas com pouquíssimo tempo para pensar e caso você erre nesta decisão, a punição deverá ser a eliminação da competição. Durante a Copa talvez você também precise mudar sua forma de jogar com um ou dois jogos, então precisa ter cartas na manga para poder surpreender o adversário. Em uma competição longa de pontos corridos se seu time é a equipe com mais investimentos e tenha jogadores de ótima qualidade em todos os setores do campo talvez você consiga ser o campeão jogando apenas de uma determinada maneira, mesmo que seja surpreendido por alguma equipe no meio da competição, você ainda tem tempo para recuperar os pontos que perdeu, mas em uma Copa do Mundo a punição para este erro é a eliminação. Tite precisaria em 2018 se adaptar aos adversários que iria enfrentar, mas não o fez, o treinador confiou tanto no domínio brasileiro que foi surpreendido pelos Belgas que aplicaram 2x0 no primeiro tempo durante as quartas de final, a seleção brasileira sob o comando de Tite nunca havia estado em tamanha desvantagem e foi só aí que ele, no desespero, mudou sua forma de atuar, mas já era tarde demais, o Brasil estava eliminado para uma seleção que nunca havia sido campeã do mundo antes. 

Tite sai da Copa com o mínimo de experiência, com lições a aprender e ao ver suas declarações, grande parte da torcida e imprensa embarcaram novamente no comando de Tite para um novo ciclo que agora finalmente duraria quatro anos, Tite tinha agora um ciclo inteiro para montar seu processo e sua forma de jogar para deixar a seleção pronta em 2022. Logo em 2019 Tite vence a Copa América disputada no Brasil e ao notar aquela competição percebemos que Tite havia aprendido com os erros de 2018 e modificou peças da equipe durante a competição, o Brasil era imprevisível e foi arrasador na maioria dos jogos deste ciclo de quatro anos, o que deu uma confiança talvez exacerbada ao treinador brasileiro. O Brasil que sem enfrentar equipes europeias vinha vencendo grande parte de seus jogos teve seu primeiro revés quando perdeu jogando em casa a Copa América em 2021 para a Argentina. Ali começaram algumas dúvidas sobre o trabalho do treinador, mas como a competição foi conturbada por fatores externos, Tite manteve a confiança da mídia em seu trabalho.

O ano de 2022 finalmente chegou, Tite estava pronto para finalizar seu ciclo pela seleção e levou ao Qatar uma seleção recheada de atacantes, principalmente de jogadores de lado de campo que valorizavam muito as jogadas individuais. Tite também teve algumas controvérsias na convocação, mas podemos dizer que nenhum grande nome que pudesse fazer grande diferença técnica ficou de fora. A sequência de jogos complicados que o Brasil teve na primeira fase revelou algo importante a todos, a seleção brasileira tem uma defesa sólida, mas ofensivamente é totalmente dependente de jogadas individuais e lampejos geniais de seus craques ofensivos. O problema que talvez Tite não contasse era que quando uma seleção joga dependente de jogadas individuais há muito risco de perda da posse de bola, então se você perde a bola, precisa haver uma pressão forte para a recuperação da posse rápida ou uma recomposição para o campo de defesa, o que faz com o time se movimente o tempo inteiro da defesa para o ataque e vice-versa. Essa forma de jogar torna-se muito intensa, o que exige muito fisicamente dos atletas, principalmente se a equipe perder muito a posse de bola durante o ataque, o que acontecia com certa frequência com a seleção brasileira. Por alguns poucos jogos isso pode ser mantido pelos jogadores, mas no quinto jogo, enfrentando uma seleção competitiva que exigiria um pouco mais do Brasil, a seleção finalmente sucumbiu. Durante o jogo o Brasil tem dificuldade pra criar, perdeu muito a bola e não mostrava mais o mesmo ímpeto para recuperar a posse de bola, o time de Tite estava cansado. Houve momentos em que a Croácia (outra seleção nunca campeã do mundo que eliminou o Brasil) ficasse por mais de um minuto trocando passes com seus ótimos meio-campistas. Obviamente o Brasil só perdeu porque tomou o gol que levou o jogo aos pênaltis faltando quatro minutos para o final da prorrogação, mas as dificuldades que o Brasil enfrentou neste jogo que não conseguiu superar antes, estão demonstradas ao decorrer deste parágrafo. A seleção chegou ao seu limite físico e técnico e acabou perdendo para uma seleção pior tecnicamente, mas que executou sua estratégia sem o mínimo de dificuldade por parte da seleção brasileira. 

Se em 2018 Tite tinha um time versátil que ele demorou para modificar em campo, em 2022 Tite não tinha nem isso. Em 2022 o Brasil tinha apenas uma forma de jogar, caso algum jogador não estivesse funcionando, algum jogador da mesma posição entraria em seu lugar e faria rigorosamente a mesma função do que estava em campo. Tite engessou a equipe e rezou para que algum jogador individualmente decidisse, Tite entrega um time pior em 2022 do que tinha em 2018. Não entro aqui no mérito da teimosia da convocação de algum jogador específico, apenas faço um panorama geral do desempenho do treinador da seleção ao decorrer destes seis anos, Tite decepciona pelo desempenho e pela pobreza repertório em sua equipe.