Estamos próximos da distopia de Aldous Huxley?
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Estamos próximos da distopia de Aldous Huxley?

Aldous Huxley escreveu a obra Admirável Mundo Novo, publicada em 1932. Um romance que se passa em Londres no ano de 2540. A história apresenta alguns personagens, sendo 3 protagonistas.

Gustavo Peres
17 min
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Aldous Huxley escreveu a obra Admirável Mundo Novo, publicada em 1932. Um romance que se passa em Londres no ano de 2540. A história apresenta alguns personagens, sendo 3 protagonistas.

O mais impressionante na obra é como muitos aspectos do mundo imaginado por Huxley se assemelham de maneira assombrosa a muitos aspectos da realidade, nos saltando aos olhos coisas que ainda nos parecem absurdas neste futuro distópico, mas que a cada dia se parece com o destino do caminho a que a humanidade parece se aproximar. Apontarei aqui esses aspectos e apresentarei uma breve comparação com a realidade, destacando as tendências que nos levam à distopia de Huxley:

Sociedade estratificada

No admirável mundo novo, a sociedade é divida em classes, cada uma distinguida por uma letra do alfabeto grego em adição a um ou dois sinais matemáticos. Por exemplo, a classe mais alta é denominada “alfa ++” e a classe mais baixa é denominada “ípsilon -”. Cada classe possui sua função na sociedade, sendo os alfas responsáveis por administrar, governar e comandar, e os ípsilon responsáveis pelos trabalhos braçais e menos especializados. Entre a classe alfa e ípsilon existem diversas outras classes, cada qual com sua função social, e cada qual caracterizada pela cor de suas vestes e biótipo.

Paralelo com a realidade: na realidade, o exemplo que mais se assemelha à sociedade de Huxley é o modelo indiano de castas. As castas na Índia funcionavam de maneira a predestinar as funções e o tratamento recebido pelos indivíduos de cada casta. Se o indivíduo nascia em uma casta de comerciantes, ele automaticamente seria mais respeitado do que todos os outros indivíduos de castas consideradas inferiores e menos respeitado do que indivíduos de castas superiores. Além disso, há todo um conjunto de regras de conduta que determinam como reverenciar alguém de casta superior à sua. Na Índia, a casta mais baixa era a dos dálites, também conhecidos por xudras, que traduz-se “intocáveis”, por serem, segundo a crença local, “impuros”. Esta classe é a responsável pelos trabalhos braçais e indesejáveis, abrangendo os trabalhos mais insalubres, de que a sociedade necessita. Por outro lado, temos os brâmanes e os kshatriyas, castas altas e repeitadas, seus membros representam os sacerdotes e os governantes.

Fora do contexto indiano, podemos observar a imensa distância de classes ao olharmos para as classes políticas e trabalhadoras brasileiras. Políticos exercem trabalhos de pouquíssimo desgaste físico e gozam de múltiplos privilégios. Dispõem de seguranças armados enquanto defendem o desarmamento do povo, desfrutam de transporte particular pago com dinheiro público enquanto negligenciam o transporte público e têm diversas despesas pagas por auxílios, enquanto a maior parte do povo luta para sobreviver com um salário mínimo ou um pouco mais, e ainda paga os impostos que financiam os privilégios da classe política, sem contar suas campanhas, demonstrando a distância entre um indivíduo da classe média e baixa, assalariado ou não, e um da classe política, sustentado.

Reprodução

A reprodução na sociedade da trama ocorre exclusivamente através de inseminação artificial. Todos os seres humanos são reproduzidos em laboratório, e seu desenvolvimento fetal acontece em tubos e bocais, acompanhados e administrados por enfermeiros que realizam dosagens de substâncias conforme o destino de cada um dos fetos, que é predeterminado. Os grupos de fetos são divididos conforme seu futuro papel social e sua função na cadeia produtiva, podendo ser desenvolvidos em grupos de clones ou em grupos de indivíduos únicos.

Paralelo com a realidade: as técnicas de reprodução avançaram muito desde o século XX. A inseminação artificial já é realidade bem conhecida. Em 1978 nascia uma menina chamada Louise. Ela seria conhecida como “o primeiro bebê de proveta”, resultado bem sucedido de 12 anos de estudos dos médicos Patrick Steptoe e Robert Edwards. Já em 5 de Julho de 1996 nascia a ovelha Dolly, um símbolo vivo da audácia humana, potencializada pela ciência. Com Dolly, foi provado que a clonagem é um método possível, e isso levantou diversas discussões de cunho ético e moral. A clonagem tem o potencial de criar indivíduos para fins pré determinados. Atualmente já se fala em produção personalizada de órgãos inteiros, de modo que laboratórios produzam um órgão com mínima chance de rejeição pelo corpo do receptor. Atualmente já existem bioimpressoras capazes de produzir tecidos animais e humanos, que podem revolucionar o transplante de órgãos e a longevidade humana. Mas é claro, isso não seria acessível a todos os humanos, assim como qualquer tecnologia de ponta não é.

Fuga da realidade por meio das drogas

Na distopia de Huxley, o uso da droga soma é normal e até incentivado, fazendo parte do cotidiano de todos. A droga é utilizada em pequenas, porém poderosas, quantidades como resposta a qualquer sentimento desagradável, seja tristeza ou raiva. Basicamente, o soma é a “solução” oficial e tradicional dos problemas das pessoas. Basta uma pequena quantidade para que a pessoa entre num transe, viajando por mundos lindos e agradáveis em sua mente, e tudo isso livre de ressacas ou efeitos colaterais de curto prazo. No livro é descrita uma situação em que a superdosagem de soma é fatal. O principal e único efeito sério da droga é a perda de tempo, já que durante o efeito entorpecente, a pessoa fica inconsciente, acordando horas depois.

Paralelo com a realidade: o problema das drogas é conhecido na realidade há muito tempo, séculos. Na China do século XIX, o ópio se tornou um fator de destruição do tecido social na época. A droga foi introduzida pelo império inglês, que lucrava com sua comercialização. Porém, é claro, a disseminação do ópio causou revolta por conta do governo chinês, que chegou a enfrentar militarmente o império britânico em 1839 (e que durou até 1842 e depois se reiniciou em 1856 a 1860), o que marcou o início da “Guerra do Ópio”.

Atualmente países como Holanda e Uruguai permitem o uso recreativo de drogas, cada um em diferentes níveis de permissão, assim como o Estado da Califórnia nos Estados Unidos. Essas permissões ao uso de drogas é perigosa. Não é à toa que na maioria dos países, drogas como a cocaína são proibidas e seu comércio é punido com prisões e até morte, afinal as drogas têm potencial de destroçar sociedades inteiras, uma vez que escravizam psico-quimicamente seus usuários, muitas vezes tornando-os perigosos, capazes de roubar e matar para manter seus vícios, além de torná-los inaptos ao trabalho digno e à execução de papéis sociais. Porém, como toda lei, essa permissividade se desenvolve sobre fundações teóricas.

No Brasil da década de 60, a classe intelectual, formada principalmente por jovens revolucionários de esquerda, iniciou um processo de glamourização das drogas (1968 – Zuenir Ventura), que mais tarde ganhou ainda mais força com os psicodélicos americanos do movimento hippie. Esse processo resultou na disseminação das drogas no Brasil, já que a ideia foi comprada por intelectuais, dando amparo à permissividade, e consequentemente o desenvolvimento do narcotráfico, que ao longo do tempo se tornou o que é hoje e inferniza a vida dos cariocas e paulistanos, principalmente, isso quando não os matam propriamente.

Se os governos seguirem essa tendência permissiva, logo teremos desenvolvido o nosso próprio soma em escala global. Recentemente pudemos ter o desgosto de ver a celebridade Anitta, defendendo a liberação, segundo ela, de “todos os tipos de drogas”, o que nos causa náuseas, mas não surpresa, uma vez que a defesa da liberação das drogas é feita por vasta maioria dos artistas e de outros das classes falantes.

Nos Estados unidos o problema dos opióides já é real e foi responsável, segundo estimativas, por 108.000 mortes, sem contar que muitas vezes estas drogas são componentes de drogas legalizadas de uso médico para o tratamento de dores.

Sexo livre e sexualização infantil

Nas normas e condutas morais distorcidas de Admirável Mundo Novo estão incluídos o sexo livre e a sexualização infantil. Na distopia, ter diversos parceiros é um comportamento muito bem-visto pela sociedade, assim como apaixonar-se e ter um relacionamento monogâmico é extremamente de mau tom, atitude digna de repressão. Não há prostituição: as mulheres respeitadas são justamente as que se entregam mais facilmente e colecionam mais parceiros sexuais, de preferência sem repeteco. Ademais, os termos “pai” e “mãe” são obscenos. Os indivíduos são educados segundo os preceitos morais da distopia, que condenam a família (outro termo obsceno) e adoram o sexo sem compromisso e premiam a multiplicidade de parceiros sexuais. Desde pequenos, todos são ensinados a atender seus desejos sexuais. Crianças pequenas são ensinadas a utilizar brinquedos sexuais e explorar sexualmente os corpos umas das outras, sendo reprimidas quando fogem dessa obrigação. O fundamento teórico dessa moral absurda é que formar família é um ato egoísta e anti-civilizacional, e ter filhos, pais e mães, é simplesmente inconcebível. O aborto, raramente necessário, é oferecido em clínicas estatais especializadas e só é motivo de vergonha por significar que a mulher não realizou o que eles chamam de “exercícios malthusianos”, que são os métodos anticoncepcionais da história.

Paralelo com a realidade: atualmente é notável a tendência a uma esfacelação da família como instituição, pelo menos nas sociedades ocidentais isto é bem nítido. Movimentos sociais ativistas como o feminista e o LGBT dizem defender e lutar por direitos das mulheres e das pessoas auto declaradas “não normativas sexualmente”, ou seja, indivíduos que não se reconhecem simplesmente como “homem” ou “mulher”, que têm a sexualidade independente de seus corpos. Em outras palavras, quaisquer indivíduos que não sejam: homem com atração sexual exclusiva por mulheres, e mulheres com atração sexual exclusiva por homens. Todos esses “gêneros” não passam de invenção pura e simples. Se ser homem ou ser mulher não dependesse de fatores físicos e biológicos, primeiro não haveria motivo para intervenção cirúrgica de mudança de sexo, e segundo não seria sequer possível saber o que é ser gay, lésbica, trans etc. Atribuições de diferentes atividades a homens e mulheres tem sua origem no velho e bom pragmatismo, essencial para a sobrevivência da espécie humana. Exércitos não são formados por homens por simples desejo masculino por poder e glória, não. São formados por homens porque homens são mais fortes fisicamente e menos valiosos biologicamente. Afinal, um homem que copule com 30 mulheres em um mês, tem boas chances de gerar 30 descendentes em 9 meses. Já uma mulher que transe com 30 homens em um mês, tem boas chances de ter apenas um descendente e contrair diversas doenças sexualmente transmissíveis que podem, além de matá-la, frustrar os planos da natureza de gerar uma nova criança, acontecimento essencial para manutenção de qualquer comunidade humana, principalmente as comunidades de outrora em que não existia a tecnologia de hoje.

Se o mundo seguir essa tendência, a família nuclear deixará de ser algo comum e estas serão reduzidas drasticamente, e isto implicará em diversas consequências. Uma destas consequências é a diminuição no nascimento de pessoas, por motivos óbvios, e por mais que tentem inventar justificativas bizarras e nada científicas, nada mudará a realidade: a população em números absolutos depende da reprodução humana. Tendo em vista as limitações biológicas de casais do mesmo sexo, a demanda pela reprodução in vitro aumentará, empurrando para cima a tendência da reprodução humana dependente de laboratórios, o que indica uma convergência ao panorama distópico de Admirável Mundo Novo.

Quanto ao sexo livre e sem compromisso, é óbvio: a tendência é o número de crianças sem pai, sem mãe ou até mesmo sem os dois, é aumentar, e a família é de essencial importância na formação do indivíduo humano. A família é o jardim de infância da vida, os pais são as primeiras figuras de autoridade. A vida da criança depende totalmente, primeiramente da mãe, logo em seguida do pai também. Essa conclusão é facilmente alcançada ao estudarmos as relações sociais humanas e antropologia.

A tendência da sexualização infantil é alarmante. Basta abrirmos o Tik Tok, Instagram e outras mídias que facilmente encontraremos conteúdo infantil sexualizado. Crianças rebolando como adultas, figuras públicas e sub celebridades conhecidas pelo comportamento sensualizante participando e produzindo conteúdo infantil e músicas de péssima qualidade com letras obscenas sendo tocadas em ambientes públicos e estritamente infantis. Nos anos 90 já era notável essa tendência, mas com o tempo esse comportamento aberrante ganhou força. Até mesmo em escolas é possível ver professores e responsáveis expondo “cultura” sexualizante e incentivando comportamento lascivo em crianças. Isso tudo não é resultado de uma “evolução orgânica” da sociedade. Na realidade é o resultado da disseminação de ideias por integrantes das classes falantes, intelectuais, artistas e jornalistas. Toda sociedade segue, mesmo que inconscientemente, alguma ideologia, e estas ideologias são espalhadas como vírus. São criadas pelos beneficiários da decadência pública e então espalhadas por consciências prostituídas (que espalham por dinheiro), fracas e ignorantes (que acreditam nessas ideologias). Já testemunhamos, inclusive mais de uma vez, integrantes da classe intelectual defendendo que “a pedofilia não deveria ser considerada crime” e meninas de menos de 10 anos andando de mãos dadas com homens adultos nus, inclusive tocando seus corpos, sob o disfarce descarado de “arte”. Se isto não é uma tentativa de dessensibilizar o público para a pedofilia de modo a forjar a sociedade futura sob o modelo distópico de Huxley, então é só crime mesmo. -Ainda bem, né!?

Estímulos contantes

Na Londres de 2540, máquinas de música sintética e pulverizadores de perfume são encontradas em todos os estabelecimentos. Apartamentos, prédios públicos e hotéis. Estas máquinas fazem o trabalho de entreter, assim como os chamados cinemas sensíveis, que seriam versões ainda mais interativas dos cinemas que temos na realidade, em que se pode sentir cheiros e sabores, além do audiovisual. Há também os shows, recheados de sensações visuais, sonoras e olfativas também. Essa estrutura toda ilustra o ambiente hiper-estimulante da distopia futurista de Huxley. Na sociedade estratificada e super-organizada, é importante que os indivíduos estejam sempre satisfeitos e felizes, de maneira que se mantenham nesse estado de tranquilidade constante, necessário à alta organização social, mesmo que essa felicidade seja completamente sintética do nosso ponto de vista.

Paralelo com a realidade: atualmente podemos encontrar centenas de fontes hiper-estimulantes ao alcance de nossas mãos. Redes sociais, pornografia, drogas, comidas e bebidas açucaradas, alcoólicas, música simples e de fácil assimilação, filmes coloridos e repletos de estímulos sonoros e visuais vibrantes. Tudo isso tem contribuído para o aumento da sensação de solidão, uma vez que as pessoas cada vez mais substituem seus relacionamentos pessoais, e ao vivo, por relações superficiais intermediadas pelas redes sociais. Os super-estimulantes contribuem para a sensação de ansiedade e doenças mentais, como depressão e o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O aumento desses casos no mundo todo cria uma demanda por medicamentos, o que infla ainda mais o poder da indústria farmacêutica e consequentemente o financiamento de campanhas de marketing de seus produtos e de estudos científicos enviesados, seja por grupos ou indivíduos. Isso acaba por soterrar no esquecimento e na incredulidade, soluções alternativas muito mais saudáveis, como a simples redução do ritmo de vida, a manutenção dos relacionamentos pessoais, o resgate dos valores de família e solidariedade, o trabalho voluntário, a religião, e outras terapias não medicamentosas, como a acupuntura, yoga, prática de esportes, tai-chi-chuan, artes marciais entre outros.

Se o mundo insistir em ignorar que a causa destas doenças mentais é simplesmente o amontoado de efeitos colaterais do estilo de vida moderno, logo teremos um cenário em que ninguém mais buscará terapias não medicamentosas ou hobbies que exijam atenção, paciência e tempo. E todos buscarão felicidade instantânea por meio dos estimulantes vibrantes, abrindo mão de construir legados mais duradouros, artes de alto nível de comprometimento etc.

É de conhecimento público, porém discretamente relegado ao esquecimento, que o cérebro se habitua aos super-estímulos e logo se “acostuma” com estes. Com o passar do tempo, do mesmo jeito que funcionam as drogas, o cérebro passa a necessitar de estímulos de maior intensidade para liberar a mesma quantidade de dopamina que liberava tempos antes, com estímulos mais suaves. E é assim que surge a depressão, a TDAH e a ansiedade.

Infantilismo

Esse aspecto é um pouco mais sutil, porém muito possível de perceber. As personagens são infantilizadas. Na sociedade altamente organizada de pessoas controladas por soma e hiper-estimulantes, as pessoas precisam manter um alto grau de ingenuidade infantil, de modo que não questionem muito a fundo a origem das ordens e das coisas em geral, desencorajadas a tomar iniciativas consideradas “além de suas alçadas”, limitando-se a cumprir seus papéis sociais e, abrir a boca gentilmente toda vez que as castas altas quiserem lhe enfiar alguma coisa goela a baixo com um “olha o aviãozinho”. Desse modo, ninguém questiona muito e todos ficam facilmente satisfeitos com seus “brinquedos” e suas chupetas embebidas em soma ao som de música sintética. Ao menor sinal de desordem, o indivíduo leva uma bronca digna de jardim de infância e toma logo uma dose de soma como criança obrigada por seus pais a tomar seu antibiótico.

Paralelo com a realidade: É notável o aumento no número de “jovens” adultos que continuam a morar com os pais. É inegável que o alto custo de vida assusta e desencoraja os jovens a sair de casa. Assim como a constante proteção e garantia de benesses oferecidas pelos pais priva o jovem de todos os estímulos que o empurrariam para fora de casa. Ora, se estivesse em situação de fome, desconforto geral e alta cobrança, é mais provável que saísse de casa. Porém, como dito mais anteriormente, fenômenos sociais geralmente têm um fundo de ideologia. Há muito tempo que no Brasil, por exemplo, é defendida a ideia de que crianças não podem trabalhar. É óbvio que a exploração infantil é crime hediondo. Porém, a simplificação da narrativa traz consequências perversas: o indivíduo mal instruído e desatento toma o trabalho por exploração. Colocar a atividade laboral de uma criança no mesmo balaio da exploração vil de uma criança, é no mínimo tolice. Uma coisa é a criança aprender desde cedo como funciona a vida adulta, tendo suas primeiras experiências trabalhando em ambiente controlado, supervisionado e livre das pressões reais de ter que pagar contas e alimentar bocas. Outra coisa é um adulto inescrupuloso se aproveitar da inocência e do abandono de uma criança para utilizá-la como mão de obra escrava. A diferença é abissal.

No Brasil foi cultivado um fetiche peculiar: o fetiche pelo diploma. Essa fantasia de que “todos têm direito à faculdade” é um delírio de esquerdistas. Faculdade não é direito, é conquista. Se dissermos que será construída uma nova faculdade na sua cidade, o esquerdista ouve exatamente assim: “será construído um novo centro de formação de militância”. A mais pura verdade é essa. E é por conta desse alastramento irrestrito de faculdades e programas estatais de fomento ao ingresso na universidade, que no fim das contas só serve pra disseminar mais esquemas de corrupção, que temos tantos analfabetos funcionais. É por isso que temos tantos engenheiros dirigindo Uber, e quando não, empregados e recebendo salários ridiculamente baixos.

Em suma, o jovem se forma, só então percebe que seu diploma serve apenas pra propaganda política dizer que formou um novo profissional, e acaba por continuar no ninho dos pais, por opção ou por falta dela. O ambiente aconchegante e superprotegido com mamãe fazendo papinha todo dia, e papai dando mesadinha (e mesmo que não seja exatamente assim, o ambiente é muito mais aconchegante do que a selva de pedra hostil e sedenta de sangue) acaba por criar esses adultos infantis, trancados em seus quartos, ouvindo suas músicas de baixa qualidade, discutindo com outros adultos igualmente bobos, a qualidade do último filme da Marvel (franquia da qual ele é fã) e se acabando nos super-estímulos pornográficos, video-games e comidas açucaradas.

Além disso tudo, atualmente vivemos a ascensão do “politicamente correto”. Em suma, uma cartilha comportamental extremamente volátil, moldada aos interesses políticos do momento, que acaba por pura e simplesmente censurar indesejados e tornar seus usuários, os “ofendidinhos” cada vez mais fracos psicologicamente, de modo que estes formam grupos digitais de deficientes mentais que são, que se unem para bajular uns aos outros, premiando àqueles que mais acumulem rótulos de “vítima” e de “minoria”. No final das contas, a máquina politicamente correta de moer acaba por estraçalhar seus adeptos também. Basta que alguém utilize a máquina no dia certo.

Continua...

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