O Teatro Russo
1
0

O Teatro Russo

Hoje, dia 03 de Março, a porta-voz Maria Zakharova do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia fez um discurso televisionado para todo mundo ver.

Gustavo Peres
5 min
1
0

Hoje, dia 03 de Março, a porta-voz Maria Zakharova do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia fez um discurso televisionado para todo mundo ver.

Maria Zakharova.
Maria Zakharova.

Em seu discurso, Zakharova afirmou, como justificativa da agressão moscovita à Ucrânia, o crescente nazismo e fascismo do país agredido. Sentiu um estranhamento?

Pois é, uma justificativa destas não passa despercebida pra qualquer criatura viva dotada de pelo menos um neurônio. O discurso russo se aproveita da hipersensibilidade biônica crescente nos países ocidentais. Utilizando os fantasmas, cujos corpos já foram mortos, enterrados e completamente decompostos, do nazismo e do fascismo. Do fascismo nem tanto, porém igualmente falso quando encaixado no cenário ucraniano.

Como toda nação dominada por comunistas e socialistas, adeptos de Karl Marx, a Rússia insiste em utilizar-se de instrumentos de guerra revolucionária, adotando a estratégia lenilista do "acuse-os do que você é" e por isso mesmo aponta o dedo a torto e a direito, dessa vez à Ucrânia, gritando "fascista!", "nazista!" e logo em seguida bombardeando e lançando mísseis, enviando tanques e soldados para esmagar os civis da nação acusada. Nada mais sensato do que matar crianças em prol do combate ao falecido nazismo, não é mesmo?

Em 1994, a Ucrânia aderiu ao tratado de não proliferação das armas nucleares, devolvendo o arsenal herdado da União Soviética, a Moscou. Logo, fica claro que o país se tornou inofensivo em termos nucleares. Respeitando as proporções, em comparação com a Rússia, que possui o maior arsenal nuclear do mundo, que perigo a Ucrânia poderia oferecer?

O <i>beautiful people </i>dos ativistas da "Campanha para Abolição das Armas Nucleares", que é claro, nunca tocam no assunto quando perguntamos "ok, mas quando um país abre mão de suas armas nucleares, para onde vão estas armas?". Pois é, vão parar nas mãos de seu inimigo mais próximo, que por sua vez, não adere à campanha.
O beautiful people dos ativistas da "Campanha para Abolição das Armas Nucleares", que é claro, nunca tocam no assunto quando perguntamos "ok, mas quando um país abre mão de suas armas nucleares, para onde vão estas armas?". Pois é, vão parar nas mãos de seu inimigo mais próximo, que por sua vez, não adere à campanha.

O maior perigo que a Ucrânia oferece à Rússia, e desta vez sim é um perigo real, é o perigo de estar localizada em uma região economicamente estratégica pra o Kremlin. O país abriga boa parte dos gasodutos e oleodutos que levam esses combustíveis da Rússia ao restante da Europa ocidental, tão dependente desses combustíveis, e claro, isto custa bilhões de dólares aos russos. Deu pra entender o interesse de Putin na Ucrânia, certo?

Mapa de gasodutos e oleodutos que vão da Rússia à Europa.
Mapa de gasodutos e oleodutos que vão da Rússia à Europa.

Enquanto isso na Europa, ONGs e ativistas autodeclarados "pró ambiente" vivem de tentar atrasar os avanços europeus no ramo da criação de energia nuclear e outras formas de geração de energia, que por consequência trariam mais independência energética à União Europeia, tão almejada pela Ucrânia. Logo, os interesses dessas ONGs e ativistas são muito convenientes ao Kremlin. Não desprezo o fator coincidência dos processos históricos, mas sinceramente, quem financia essas ONGs e esses ativistas? Algo me diz que se farejarmos o dinheiro, todos os rastros nos levariam ao leste... ainda mais que a energia nuclear é LIMPA, não justificando o estardalhaço dos ativistas histéricos. Tendo em vista também que toda organização terrorista porta fuzis AK-47, de fabricação russa, podemos admitir a evidência de que os camaradas eurasianos têm gosto pelo patrocínio de movimentos, no mínimo, controversos (pra não dizer assassinos, genocidas e criminosos).

"Parem de matar o futuro". É isto que está escrito na faixa carregada pelo manifestante que fica indignado com a Alemanha, que tenta adquirir por meio deste modo LIMPO de geração de energia nuclear, sua independência energética da Rússia. A parte de trás da faixa, invisível ao público, provavelmente está escrito "da Rússia".
"Parem de matar o futuro". É isto que está escrito na faixa carregada pelo manifestante que fica indignado com a Alemanha, que tenta adquirir por meio deste modo LIMPO de geração de energia nuclear, sua independência energética da Rússia. A parte de trás da faixa, invisível ao público, provavelmente está escrito "da Rússia".

Pois bem, a justificativa da invasão russa ser o combate ao nazismo é de uma grosseria tão baixa, que por si só já nos desperta o alerta interno identificador de absurdos. Usar do fascismo é de um cinismo aberrante, sabendo que "tudo pelo Estado, nada fora do Estado e tudo dentro do Estado" é a mais apropriada definição do modus operandi russo (e chinês, só pra lembrar).

Comecemos daqui: seria possível um país, atualmente ser nazista? Não explicarei neste post o que é o nazismo, pois pretendo fazer outras coisas ainda hoje, mas examinando o nazismo de perto, notamos que a instauração de uma ideologia nazista atualmente seria simplesmente IMPOSSÍVEL, quanto mais fazer desta ideologia a oficial de um país, sem contar o modelo nazista de economia, anticapitalista, por sinal. De olho na história da Segunda Guerra e da ideologia de Adolf, logo nos salta aos olhos o FATO de que o nazismo considerava os eslavos e os europeus do leste uma raça inferior, a tal ponto que estes não deveriam ser tratados de qualquer maneira que não pela escravidão e a morte. Para os nazi, se é eslavo, é escravo ou lixo a ser eliminado. Seria estranho de mais os ucranianos aderirem a uma ideologia que prega a sua escravização e total eliminação. Fora o fato de que o presidente do país, Volodymyr Zelensky, é de origem judaica.

Durante a guerra, a primeira vítima é a verdade. No teatro desta guerra, se é que podemos chamar assim, afinal a Rússia mantém o monopólio das armas nucleares e da agressão, a verdade, já morta há muito tempo, agora é motivo de chacota pelos russos, que insistem em desfigurar a falecida, que neste caso se ainda vivesse, seria a segunda vítima, afinal Moscou primeiro atacou, depois se preocupou em fazer um teatrinho fantasiado de progressismo para os espectadores ocidentais, já habituados à essas mentirinhas mal elaboradas há muitas décadas, contadas milhares de vezes por ativistas, jornalistas e intelectuais, todos alinhados aos interesses russos por pura coincidência.

O humorista é Zelensky, mas parece que só os comunistas do Kremlin estão rindo, e quando só um dos lados ri, é porque a piada não tem graça.

Zelensky, à esquerda, durante performance humorística num programa ucraniano.
Zelensky, à esquerda, durante performance humorística num programa ucraniano.