Saúde mental deve ser um tema mais discutido!
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Saúde mental deve ser um tema mais discutido!

O tema da redação do ENEM 2020/21 — O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira — me pegou desprevenido, ainda mais…

Gustavo Guedes Araújo06/09/2021
4 min
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Photo by Jaroslav Devia on Unsplash

O tema da redação do ENEM 2020/21 — O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira — me pegou desprevenido, ainda mais depois de um ano muito complicado para a mente da população, principalmente dos jovens. É triste, irônico, e infelizmente, chega até a ser cômico que esse foi o tema escolhido para um ENEM onde a grande maioria dos estudantes inscritos, pediram por seu adiamento, e também foi a edição do exame com mais abstinências na história. Isso se torna mais contraditório ainda, quando olhamos para um passado recente, e vemos que o governo federal visou encerrar os programas públicos voltados a saúde mental, por não considerar algo importante para o povo, e realmente, já está mais do que óbvio que eles não dão a mínima para a minoria, e muito menos para seus sentimentos e problemas…

Falar sobre saúde mental e os preconceitos que pessoas com problemas psicológicos sofrem, é algo que sempre estou disposto a fazer, pois sofro com isso (mesmo sem nenhum especialista para comprovar) e é um dos demônios que eu, e muitas das pessoas que amo, lutam dia-a-dia.

Para nós, jovens nascidos na era da tecnologia moderna, sofrer com doenças como ansiedade e depressão, lamentavelmente, se tornou algo comum, e esse fato piora quando vemos que somos tratados com descaso, não só por nossa própria família, como por amigos próximos e pelo estado que deveria, por obrigação, nos ajudar. Não lutamos (ainda) uma guerra, nem passamos (ainda) por uma grave crise econômica como nossos país e avós, mas estamos passando pela pior pandemia da história do país e vivemos cotidianamente com a preocupação de coisas piores acontecerem; vemos notícias que nos apavoram; Somos jogados à uma imensidão de informações que nenhuma outra geração teve acesso; Temos redes sociais pra todos os gostos e tipos, que nos prendem o máximo de tempo, na maioria das vezes com informações fúteis, e discussões desnecessárias; Vivemos em um país extremamente polarizado, onde ter uma opinião pode te levar a morte; E mesmo com tudo isso e muito mais, somos chamados de “frescos” pelas pessoas que confiamos o nosso amor e sentimentos. Essas mesmas pessoas que escondem aquilo que pensam e sentem, por medo de ser julgados pela sociedade, nada a favor da maré e nos julgam sem o mínimo de empatia.

Desde a infância somos treinados a seguir um padrão já estabelecido: Estudar em uma escola até os 17 anos, fazer uma prova de vestibular, para entrar em uma faculdade (de preferência medicina ou direito), e trabalhar apenas pelo prazer financeiro, até a morte. Muitos de nós, temos que nos preocupar, desde a adolescência, se temos até mesmo algo para comer ou aonde morar. Se saímos um pouco desse padrão, somos marginalizados por todos, somos inúteis ou sonhadores. Eles querem que sigamos o que já está imposto, sem reclamar, e ainda nos julgam pelas cicatrizes que deixam na nossa mente…

Para pessoas que sofrem de depressão, ansiedade, TDAH, bipolaridade e muitas outras doenças psicológicas, o mundo é mais difícil do que o normal, principalmente o mundo interno. Temos que lutar contra nós mesmos, e contra o preconceito de todos a nossa volta, e caso a gente tente se adaptar a sociedade e aos desejos dos outros para as nossas vidas, acabamos nos autossabotando, por se cobrar demais por algo que nem queremos fazer parte…

Com a falta de informações acerca do assunto, o preconceito é propagado com mais frequência, na maioria das vezes, sendo tema de piada para grupos sociais e para a própria família. Seres humanos já tem, por natureza, o desejo de se sentir superior aos outros, e não perdem uma única chance para demonstrar sua falta de empatia pelo próximo.

Para as pessoas que sofrem, a esperança morre um pouco a cada dia, principalmente se não temos ninguém para nos ajudar. Muitos acabam recorrendo ao uso de drogas, dos mais variados tipos, outros, não se preocupam em buscar ajuda profissional, por não acreditar na sua eficácia, ou por medo de ser julgado como “louco”.

Tenho a esperança de que um dia, assuntos importantes para a nossa sociedade, não sejam só discutidos em um vestibular, onde a grande maioria dos jovens, estão apenas lutando para conseguir uma vaga na faculdade. Devemos debater dia-a-dia sobre saúde mental, e esse debate deve começar na sua própria casa, com familiares que aceitem conversar, caso não funcione, buscar grupos com pessoas com problemas parecidos é algo que pode ajudar, mas em hipótese alguma, esses debates devem substituir a ajuda que um psicólogo profissional pode dar a você.

Se leu até aqui, te agradeço. Sei que meus textos podem parecer uma bagunça, mas é assim que minha mente funciona. Uso o Medium como um dos meios para desabafar e não deixar que os demônios da minha mente vençam a luta diária contra mim, recomendo o mesmo para quem gosta, quer e precisa desabafar. ❤

Leia Também: A arte de cozinhar; Somos mesmo uma geração de inúteis?; Brisas de um Iniciado na Filosofia.

By Gustavo Guedes Araújo on January 19, 2021.

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