Storytelling e Currículo: como utilizar?
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Storytelling e Currículo: como utilizar?

Marcelo Andrighetti06/01/2023
5 min
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Currículo? Sim: importante passo pra uma seleção e pra mostrar onde você se encaixa melhor.

Mas que tal irmos além?

Vamos começar pelo termo. Curriculum Vitae. Traduzido do latim, significa Trajetória de Vida. Os mais antigos foram esculpidos em pedra ou registrados no papiro há cerca de 3.500 anos.

Quem formalizou o CV como um documento profissional foi Leonardo da Vinci (gente, esse homem não dorme?).

O homem que não dorme! O cara criou mais coisas que Deus.
O homem que não dorme! O cara criou mais coisas que Deus.

Em 1482, quando tinha 30 anos, o italiano queria trabalhar em Milão – construindo pontes, máquinas, esculturas, trincheiras – o que a cidade precisasse. Por isso, escreveu um documento em que descreve suas habilidades e como poderiam ser úteis. Entregou o documento ao Duque de Milão, Ludovico Sforza.

Ok. Imagino que ele não tenha enviado o CV por pombo correio a uma agência de RH, nem feito exame admissional, muito menos passado por testes psicológicos. Mas precisamos ressaltar algo muito importante, que está presente no texto precursor do currículo: a HISTÓRIA.

Se a tradução literal é “Trajetória de Vida” me parece que ultrapassa os "cargos". Se você trabalha com criação, escrita ou possui um talento além dos “lugares físicos” em que já atuou, deve concordar que a sua narrativa e argumentação são mais importantes que um monte de pontos em seu CV.

É como se o Currículo apresentasse uma oportunidade. Mas o "produto" mesmo está em sua história!

Não vou colar aqui os dez itens que constroem o documento de Da Vinci (aqui o link de pesquisa no Google), mas posso dizer que todos eles têm elementos de uma boa ficção. Não estou declarando que é uma mentira, nem que você deve inventar coisas. O que desejo mesmo ressaltar é que sua VISÃO sobre as coisas é mais importante do que os lugares onde já atuou.

Óbvio que os lugares em que esteve fazem parte da sua visão. E vice-versa. No entanto:

  • qual recorte você dá pra isso?
  • Como você narra esses fatos?
  • O que aconteceu entre um ponto e outro?

A sua linha do tempo é muito maior que o "enter" entre um item e outro. Sabe aquele ditado "quem vê palco, não vê bastidores"?

É exatamente isso: são os seus bastidores que levam você um degrau acima. É por isso que quando falo em storytelling nunca é algo plastificado, numa fórmula pronta ou num template pra você comprar por R$ 29,90.

Em épocas de ChatGPT, precisamos olhar pras Inteligências Artificiais e entendê-las como "meio" e não como "fim". Utilizá-las pra aprimorar nossa pesquisa e encontrar resultados mais sólidos antes mesmo da criação.

Se você é autônomo sabe que o Currículo em si (o PDF) vale MENOS que uma boa conexão com o seu público, o seu cliente, o seu comprador...

Ninguém recebe um corretor de seguros em casa e pergunta: “antes de conversarmos, por favor, posso ver a sua trajetória profissional?”. Quando lhe oferecem uma roupa em uma loja, dificilmente você pergunta ao atendente:

– Você se formou em moda? Pode me mostrar o seu currículo antes de eu provar essas camisas? 

Pessoas se conectam por meio da subjetividade — aquilo que é tangível pelo emocional. Acho importante reforçar: aquilo que é entendido por meio do arrepio na espinha e não SOMENTE pela frieza de um papel preenchido. Claro, uma coisa não exclui a outra. Aqui estou falando sobre um adicional, sobre um ponto que vai elevar seu CV.

Como fazer isso?

  • Visualmente: utilize cores que demonstram o seu estilo, seu bom gosto (espero que tenha!), que expressem sua maneira de enxergar a vida.
  • Textualmente: faça uma abertura persuasiva, utilize palavras de um repertório um pouco menos comum, que tragam seu tom de voz subjetivamente.
  • Envio/Entrega: se houver a oportunidade de enviar o CV por e-mail (ou entregar) pense nas palavras que abrem esse papo e saia do comum, fuja do óbvio.
  • Espaços em branco: verifique se o seu currículo remete à limpeza, se ele traz informações sem ruído, se brinca com espaços em branco na página (o silêncio também comunica).

Esses dias, ao apresentar o manifesto de marca pra um cliente, uma das sócias da empresa me perguntou:

– E pra que serve tudo isso?

Respondi:

– Pra nada!

Ela arregalou os olhos, chocada. E eu adorei o silêncio que se fez presente. Deixei os grilos gritarem de agonia. O mal-estar começou a abraçar as cadeiras e as rodinhas quase enferrujadas que se mexiam. Só então complementei:

– Pro senso comum não serve pra nada. Pro mundo antigo dos negócios não serve pra nada. Nem tudo precisa servir. Mas se isso não for bom o bastante, diria que o manifesto é a poesia da marca, uma maneira de decifrar o mundo a partir do que vocês fazem.

Esse pequeno relato deixa claro que um bom currículo está além das palavras que se concentram nele. O melhor currículo do mundo é aquele que consegue cumprir o seu papel de INFORMAR toda sua bagagem e, por meio das suas escolhas mostrar quem você realmente é.

Como um grande filme... que conta um pedaço da história, mas em essência é possível conhecer toda plenitude do protagonista.

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