Atrapalha ou não atrapalha!?
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Atrapalha ou não atrapalha!?

Certo dia vi uma postagem do apresentador Marcos Mion, que todos conhecem e sabem ter um filho autista, reconheço todo o exemplar trabalho dele em fazer que as pessoas vejam o problema que muitas famílias enfrentam com filhos com alguma mal f...

Aline Nizer Lederer
5 min
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Certo dia vi uma postagem do apresentador Marcos Mion, que todos conhecem e sabem ter um filho autista, reconheço todo o exemplar trabalho dele em fazer que as pessoas vejam o problema que muitas famílias enfrentam com filhos com alguma mal formação congênita ou não, convivi com parentes com esse problema e sei o quanto é sofrido e difícil viver o problema e sei dos desafios, sofrimentos e sacrifícios feitos pelos pais de crianças com deficiências, mínimas que sejam. E só tenho gratidão a Deus por minha filha ser saudável perfeita e inteligente, como isso é um privilégio! 

E ao ver a postagem me causou uma sensação ruim em ver que ele dizendo que o filho dele convivia bem com todos e não atrapalhava ou incomodava ninguém! Eu já tinha visto e lido as entrevistas do ministro da Educação Milton Ribeiro, com quem não tenho nenhuma ligação ou contato, para dizerem que o estou defendendo, mas não, apenas estou conhecendo estudando um pouco os desafios da educação brasileira e sei que são descomunais e agravadas pela paralisação na pandemia de coronavírus.

No fundo está a lei da educação 9394/1996, que permeia a educação e instuiu o PNE Plano Nacional de educação de 2014, com 20 metas a serem cumpridas até 2024 pelo Ministério da Educação. Algumas já foram cumpridas outras ainda não e estima-se que não sejam cumpridas todas até 2024. 

E no plano de fundo tem a meta 4 do PNE http://pne.mec.gov.br/que diz que se deve universalizar o ensino das crianças de 4 a 17 anos com deficiência, é um assunto delicado eu sei e importante e que deve ser levado a sério tanto por ser espinhoso para as famílias que tem seus filhos com as deficiências, mal formações, transtornos e altas dotações no ensino público e privado quanto as crianças ditas normais. 

Eu creio que universalizar não é misturar as crianças todas numa sala de aula para que o professor se vire para alfabetizar a todos nos mesmos moldes igual para todos, pois as crianças são diferentes até as "normais" tem suas dificuldades de aprendizado, imagine as deficientes com transtornos e com toda sorte de   limitações que lhe são impostas. É algo assustador! 

Não venho aqui defender o ministro Milton Ribeiro, pois creio que ele apenas quis chamar atenção para o problema, se não se chama pela importância, chama pelo lado negativo mesmo, vejo muitos professores se manifestando por não se sentirem capazes de alfabetizar e cuidar das crianças ao mesmo tempo, pois requer atenção, dedicação de forma integral. Serão necessidades especiais que precisarão ser atendidas de imediato e que vão ocorrer no espaço da sala de aula e o professor terá que parar a aula para atender quando ocorrer e deixar os demais alunos a espera, serão inúmeras situções inusitadas e que prejudicarão sim o processo de alfabetização de todas crianças, não é uma questão de apenas atrapalhar.

Essas situações que provavelmente ocorrerão, não quer dizer que as crianças devam ficar sem alfabetização ou escondidas em casa e sem contato com as outras crianças, ou devam ficar em escolas especiais, para que não haja perda no processo de alfabetização e aprendizado de todas as crianças independente das condições físicas e intelectuais.

Convém que a forma de vermos a educação seja mudada, em tempos de BNCC é necessário buscar novos espaços de sala aula, a escola precisa se reformular para integrar e universalizar a escolarização para todas as crianças e métodos para o aprendizado efetivo dentro do espaço escolar. 

E mesmo que o assunto seja espinhoso mesmo, atrapalhar atrapalha sim uns aos outos e não  por intenção de atrapalhar, seja os com necessidades especiais, ou normais e com altas habilidades também não terão paciência, terão que aprender a serem pacientes com aqueles que tem mais dificuldades de aprender. E  na verdade isso é limitante aos super dotados que poderiam avançar, mas precisam esperar aqueles que tem mais dificuldades e digo isso não por ser melhor que os outros, muito pelo contrário, sempre precisei me esforçar mais para aprender a conviver com os demais.

Eu acredito que para a universalização do ensino como prevê a meta 4 do PNE os professores terão que passar por capacitações específicas para o desenvolvimento das deficiências e transtornos, bem como o espaço escolar precisará ser adaptado eu diria que reinventado a partir dos níveis, fazer um nivelamento dos saberes de cada criança e colocá-las no mesmo espaço para que haja de fato aprendizagem e inclusão.

No entanto só vi todo mundo jogando pedras no ministro sem pensar de fato no assunto ou se dar conta da realidade e gravidade da situação e onde estão os especialistas de educação nessa hora nessa hora?

Temos por dever melhorar a educação do Brasil é vergonhoso ocupar sempre as últimas ocupações do ranking mundial e existem milhares de alternativas e a politização de tudo não traz boas energias para a solução dos problemas em pauta, a educação tem a primordial formação humana, antes de formar mão de obra apenas.