As câmeras corporais nos policiais e o negacionismo bolsonarista
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As câmeras corporais nos policiais e o negacionismo bolsonarista

O governo de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos/SP) já tem a sua primeira crise, que foi provocada pelo secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite. Ontem (quinta-feira, 5/1), em entrevista à rádio Cruzeiro ...

Marcos Santos
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Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, é contra o uso de câmeras em policiais<br>
Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, é contra o uso de câmeras em policiais

O governo paulista de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos/SP) já tem a sua primeira crise, que foi provocada pelo secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite. Ontem (quinta-feira, 5/1), em entrevista à rádio Cruzeiro FM, de Sorocaba, Derrite disse com todas as letras que vai rever o programa de câmeras corporais na Polícia Militar de São Paulo.

“Nós vamos rever o programa. O que existe de bom vai permanecer e o que não está sendo bom, e que pode ser cientificamente comprovado, a gente vai propor ao governador (Tarcísio de Freitas) possíveis alterações”, disse Derrite naquela ocasião.

A fala de Derrite gerou uma grande e plausível preocupação no Ministério dos Direitos Humanos, que soltou nesta quinta-feira (5/1) uma nota criticando a declaração de Derrite.

“Recebemos com preocupação a declaração do Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Murano Derrite, acerca da revisão do programa de câmeras corporais da Polícia Militar, ‘Olho vivo'”, afirmou o Ministério dos Direitos Humanos em nota.

Segundo Guilherme Derrite, a proposta é tornar a tecnologia "mais operacional", mas não deu mais detalhes. "Agora, se de fato, a gente chegar à conclusão de que um ou outro aspecto está atrapalhando, que não está sendo positivo, a gente pode rever o programa sim”, afirmou o secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo.

Segundo o relatório da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o uso das câmeras em policiais, houve queda de 57% no número de mortes e 63% de lesões decorrentes de intervenção policial nos batalhões após a implementação de câmeras em policiais militares no estado de São Paulo.

De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, o “sucesso dessa política demonstrado pela ciência faz com que ela não apenas tenha que ser reforçada e ampliada nas regiões em que é aplicada, mas também que seja estendida a todas as unidades da federação”, destacou em nota.

O programa Olho Vivo, programa que prevê câmeras em policiais militares, foi implementado pela corporação paulista em 2020, durante a gestão do ex-governador de São Paulo, João Doria, à época, no PSDB, e hoje, sem partido.

Chamo atenção para o negacionismo de Derrite em relação ao uso de câmeras corporais nos agentes da PMESP. Nessa fala, fica muito claro que Derrite quer blindar o mau policial, aquele que não aceita o uso de câmeras corporais. A desculpa da parte dos críticos do programa Olho Vivo é de que "não há segurança jurídica para os policiais", o que é uma desculpa completamente esfarrapada.

Também muito me espanta os aplausos por parte dos bolsonaristas nas redes sociais em relação à fala preocupante de Derrite, o que denota claramente que os bolsonaristas preferem que os maus policiais sejam premiados, em detrimento dos bons policiais. As câmeras corporais protegem os cidadões e os policiais de São Paulo.

Há de se lamentar e de se repudiar que o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite demonstre um total desconhecimento em relação ao programa Olho Vivo e um total desprezo pela vida dos cidadões, que se sentem protegidos com as câmeras corporais nos policiais militares de São Paulo, e pelos bons policiais, que são os grandes beneficiados pelo uso das câmeras corporais.