"Há situações em que é melhor perder a vida do que tomar uma vacina"
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"Há situações em que é melhor perder a vida do que tomar uma vacina"

Tem coisas que eu não consigo ficar calado. Tem certos dias em que a minha raiva toma conta do meu semblante de brasileiro cansado de tanto descaso, de tanto negacionismo e de tanta burrice das autoridades do governo federal. O ministro da Sa...

Marcos Santos
4 min
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Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, durante coletiva sobre a pandemia de Covid-19 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)<br>
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, durante coletiva sobre a pandemia de Covid-19 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Tem coisas que eu não consigo ficar calado. Tem certos dias em que a minha raiva toma conta do meu semblante de brasileiro cansado de tanto descaso, de tanto negacionismo e de tanta burrice das autoridades do governo federal. O ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, definitivamente rasgou de forma deplorável o jaleco de médico ao dizer essa frase tão estúpida que dá origem ao artigo em que escrevo. Como um brasileiro que perdeu entes queridos para uma doença tão letal como a COVID-19, a sensação que eu senti foi de repulsa, de desespero e de revolta. Bolsonaro venceu, a ciência e a sociedade perderam. O fato dos estrangeiros não vacinados entrarem no país apenas cumprindo quarentena de 5 dias, por si só, já é muito grave. Bolsonaro está fazendo com que o Brasil receba a pecha de "país do turismo antivacina". É nítido que Bolsonaro quer cercear as nossas liberdades de novo ao permitir a entrada de estrangeiros não vacinados no Brasil sem que seja exigido o comprovante de vacinação e apenas cumprindo quarentena de 5 dias. Não é com a saúde que Bolsonaro e Queiroga se preocupam. Sempre se preocuparam em cercear as nossas liberdades e quebrar de vez a economia. Bolsonaro costuma sempre ganhar no grito e no ódio. Fica muito nítido que o presidente da República quer que venham mais variantes do Coronavírus ao Brasil. E o ministro da Saúde que rasga o jaleco de médico é subserviente aos ímpetos negacionistas totalitários de seu chefe. O ministro-chefe da Casa Civil também não deve ser poupado de críticas. Ele deveria ter tido a hombridade e o culhão de peitar o presidente da República e aconselhado seu chefe à aceitar o passaporte vacinal, mas não teve nem hombridade nem culhão para desafiar seu chefe negacionista totalitário. Essa decisão extremamente horrorosa de não se adotar o passaporte vacinal no Brasil coincide com a situação dramática de Rondônia, que voltou à registrar filas por leito para tratamento de Covid e com a situação preocupante de Salvador, na Bahia, que voltou à registrar um aumento na ocupação dos leitos de UTI exclusivos para a COVID-19, acendendo um alerta na Prefeitura de Salvador. Enquanto isso, vemos o presidente da República "comemorando" a possibilidade de estrangeiros não vacinados entrarem no Brasil sem que seja exigido o passaporte vacinal. A paciência das famílias que perderam um ente querido com o governo Bolsonaro se esgotou. A sensação que eu tenho é de uma consternação muito grande por ver esse desgoverno transformar nossa nação em um "país do turismo antivacinal". Queiroga deveria sentir muita vergonha de ter dito tamanha barbaridade. Isso é desumano. Isso é imundo. Isso é desrespeitoso para com as famílias que perderam um ente querido para a COVID-19, e eu me incluo nisso pois perdi entes queridos para essa doença maldita. Enquanto que as capitais vem adotando o passaporte vacinal, o governo Bolsonaro vai na direção totalmente oposta do que recomenda a ciência, transformando o país no "paraíso antivacina". No fundo, a Bolsolândia está comemorando de forma extremamente estúpida essa decisão bastante covarde de não se adotar o passaporte vacinal. Com isso, corremos um sério risco de vivermos uma nova onda no Brasil, muito por culpa de Bolsonaro e seus ímpetos negacionistas totalitários e por culpa de Queiroga, que rasgou o jaleco de médico para se tornar subserviente ao negacionismo totalitário de Bolsonaro. É desesperador a situação do nosso país, que tem um presidente completamente negacionista. Os ímpetos negacionistas totalitários de Bolsonaro parecem falar mais alto, infelizmente. Em 2022, ele será derrotado nas urnas, e ele vai para a lata de lixo da história por seu negacionismo totalitário que resultou oficialmente em mais de 600 mil vidas perdidas para a COVID-19, pois as estimativas que incluem dados subnotificados mostram que já passamos das mais de 600 mil vidas perdidas, infelizmente. Meus sentimentos à todos que perderam um ente querido para a COVID-19. Quanto à Bolsonaro e Queiroga, desejo que eles vão para a lata de lixo da história. É só.