Os ataques hostis à Barroso, a incivilidade bolsonarista, o vácuo de liderança na Direita e o cerco jurídico ao Clã Bolsonaro
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Os ataques hostis à Barroso, a incivilidade bolsonarista, o vácuo de liderança na Direita e o cerco jurídico ao Clã Bolsonaro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso foi hostilizado por bolsonaristas radicais que estão inconformados com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio L...

Marcos Santos
6 min
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Luis Roberto Barroso, ministro do STF e ex-presidente do TSE, foi hostilizado por bolsonaristas radicais que estão inconformados com a derrota de Bolsonaro (PL) para Lula (PT)<br>
Luis Roberto Barroso, ministro do STF e ex-presidente do TSE, foi hostilizado por bolsonaristas radicais que estão inconformados com a derrota de Bolsonaro (PL) para Lula (PT)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso foi hostilizado por bolsonaristas radicais que estão inconformados com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas eleições presidenciais, nesta segunda-feira (2/1), no Aeroporto Internacional de Miami, enquanto embarcava para um voo. Bolsonaristas radicais que não aceitam a derrota de Bolsonaro (PL) para Lula (PT) xingaram e hostilizaram o ministro. No vídeo, os bolsonaristas gritaram "Sai do voo", e também é possível ouvir vaias e alguns dos bolsonaristas xingando e hostilizando o ministro, além de declarações hostis como "Pede para sair", "Lixo" e "Ladrão". Barroso passava justamente por um guichê do aeroporto quando foi covardemente hostilizado.

Curiosamente, Barroso votou contra a suspeição do ex-juiz federal, ex-ministro da Justiça e Segurança do Governo Bolsonaro e senador eleito e diplomado pelo Paraná, Sergio Moro (União Brasil), apontando com toda a clareza uma vingança do sistema, enquanto que Jair Bolsonaro dizia para o ministro do STF, Nunes Marques, um dos dois indicados pelo ex-presidente para a corte, que votasse a favor de Lula, que votasse pela suspeição de Moro, se preciso; e a favor da prisão em 2ª instância, enquanto que o mau militar e seus filhos e aliados apagavam suas defesas pela prisão após condenação em 2ª instância.

Não é de hoje que os bolsonaristas agem com tamanha incivilidade contra adversários do ex-presidente da República, tratados pela seita bolsonarista como "inimigos", basta ver, durante a campanha, os episódios gravíssimos envolvendo Roberto Jefferson,  atirou contra policiais federais que estavam cumprindo ordens judiciais contra o ex-presidente do segundo PTB, que não se confunde com o primeiro PTB e se fundiu com o PSC para formar o Mais Brasil, sem Jefferson nos quadros da legenda, e por isso, está preso, foi atentar contra a vida de agentes da Polícia Federal no que poderia ter resultado, pelo arsenal que tinha em sua casa, num crime de gravíssimas e ainda maiores proporções cometido por ele, o que felizmente não aconteceu, e o episódio envolvendo a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL/SP), uma aliada de primeira hora de Bolsonaro, que perseguiu à mão armada um homem negro desarmado, em um ambiente onde várias pessoas estavam passando em plena luz do dia que antecedia o 2º turno das eleições presidenciais, em cenas fartamente documentadas e divulgadas que prejudicaram bastante as possibilidades de Bolsonaro se reeleger. Mas infelizmente, não para por aí.

Nos chats bolsonaristas, a seita bolsonarista definitivamente rompeu com a realidade. Eles estão acreditando em toda a sorte de mentiras e fake news propagadas por desinformadores bolsonaristas sabe-se que com qual intenção, acreditam que tudo é uma farsa, que tudo é uma manobra, e que planejam protestos mais violentos para tentar resgatar o poder do "Mito". Isto é, traduzindo para a linguagem do mundo real, planejarem um golpe de estado contra um governo eleito democraticamente pelo voto das urnas eletrônicas. Os bolsonaristas continuam sendo insuflados pelo comportamento bélico e tirânico de Bolsonaro e por tamanhas desinformações, e continuam violentos, sem que o próprio ex-presidente da República dê uma palavra de fato para poder encerrar e condenar de maneira mais veemente esse tipo de apoiador hostil.

Os bolsonaristas radicais foram, na linha de ir contra o STF e o TSE, de uma maneira muito mais gravosa e violenta, certamente insufladas pelos momentos em que o ex-presidente da República, de uma maneira também muito grosseira, estúpida e violenta, se dirigiu à ministros como Luis Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, e pela máquina bolsonarista de fake news. Foram vários os discursos do ex-presidente Bolsonaro contra o STF, nesse sentido bélico e tirânico, enquanto o também ex-deputado federal e ex-vereador da cidade do Rio de Janeiro estava na presidência da República. Infelizmente, os ataques dos bolsonaristas à Barroso aconteceram. Não adianta negar que eles ocorreram. Até que se costure novamente um tecido social minimamente civilizado em que o ministro do STF, e porque não dizer, qualquer pessoa possa ficar no avião sem o risco de ser hostilizado dessa forma, ainda vai durar um tempinho, infelizmente.

Bolsonaro acabou perdendo as eleições porque ele preferiu ouvir mais seu eleitorado cativo e radical do que ouvir o eleitorado mais moderado. Bolsonaro perdeu as eleições de 2022 porque não soube conversar com o eleitorado moderado, e sempre demonstrava (e continua demonstrando) desprezo pelo eleitorado moderado. No 2º turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro de 2022, uma grande parcela do eleitorado moderado, sobretudo, no maior colégio eleitoral do Brasil, que é o estado de São Paulo, acabou migrando seus votos para a candidatura de Lula da Silva. Jair Bolsonaro estando no exterior dá margem para que os governadores de São Paulo e Minas Gerais, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (NOVO), que tem perfis mais moderados e de diálogo, avançarem sobre o escopo mais moderado do eleitor. O temor do manda-chuva do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, que foi condenado no escândalo do Mensalão, é que, caso Bolsonaro permaneça acompanhando tudo de longe, de camarote, ele verá líderes políticos que tem máquinas públicas poderosas em suas mãos ocupando esse vácuo de liderança na Direita. Enquanto que Tarcísio tem o maior colégio eleitoral do país e recursos para investimentos em obras, Zema, que foi reeleito para mais quatro anos de mandato na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, já promete colocar as contas públicas do Estado de Minas Gerais no lugar e investir na ampliação do Metrô de Belo Horizonte.

Bolsonaro, conhecido por seu comportamento estúpido, belicoso e tirânico, ficará ainda mais desmoralizado se ele voltar para o Brasil, sem fazer um mea culpa, o que vale também para todos os aliados do ex-presidente, muito menos separar alhos de bugalhos, aqueles que são eleitores, e aqueles que são radicais. Mas o problema é que Bolsonaro pode continuar no exterior após o dia 30/1, o que tornará ele ainda mais desmoralizado, pois teme que ele e seus filhos sejam presos, uma vez que Lula mandou a Controladoria-Geral da União, a reavaliar os sigilos de 100 anos impostos pela gestão Bolsonaro à informações da Administração Pública, e que Flávio Dino, ministro da Justiça no governo Lula 3, já avisou que vai solucionar definitivamente o Caso Marielle, dizendo que é uma questão de honra para o país.

Minha total e irrestrita solidariedade ao ministro Luis Roberto Barroso e às famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes.