Pra variar, estamos em crise. Mas para os investidores, desta vez é diferente!
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Pra variar, estamos em crise. Mas para os investidores, desta vez é diferente!

Trocentos planos econômicos; uma cacetada de moedas diferentes; um milhão de escândalos de corrupção (desculpe, um trilhão); dois impeachments em menos de vinte anos; uma inflação que nunca para de nos afligir; uma bolsa de valores que possui...

Danilo
6 min
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https://braziltalk.org/2015/10/12/brazil-enters-a-recession-and-officials-are-divided-over-how-to-resolve-it/
https://braziltalk.org/2015/10/12/brazil-enters-a-recession-and-officials-are-divided-over-how-to-resolve-it/

Trocentos planos econômicos; uma cacetada de moedas diferentes; um milhão de escândalos de corrupção (desculpe, um trilhão); dois impeachments em menos de vinte anos; uma inflação que nunca para de nos afligir; uma bolsa de valores que possui um risco gigantesco, mas não consegue vencer o CDI...

Quando trocamos o ambiente bucólico do Paço Imperial pelo luxo do Palácio do Catete (nem adianta falar da extravagância de Brasília) selamos o nosso destino: institucionalizamos a corrupção, a incompetência e, é claro, a mediocridade.

Na ânsia de nos tornarmos “livres”, “democráticos” e dar um basta na “opressão” monárquica, demos um pé na bunda daquele que talvez tenha sido o nosso governante mais qualificado, sereno e prudente, e entregamos o país a um monte de demônios cheios de boas intenções, cuja o único propósito — por maior que seja a ironia — era se perpetuar no poder, quer sejam de esquerda, de direita ou de centro, se é que existe mesmo essa separação ideológica no Brasil; para mim, infelizmente, salvo ínfimas exceções, são todos farinha do mesmo saco.

Mas vou parar por aqui, até porque não sou historiador, tampouco cientista político. Sou apenas mais um brasileiro puto da vida por assistir o país passar por mais uma crise absurda, indo na contramão do mundo, por conta de medidas populistas irracionais e a maldição de sempre tentar “arrumar um jeitinho” ao invés de resolver a raiz dos problemas.

Por algum período, depois das barbeiragens fiscais e políticas da “nova matriz econômica”, o mercado financeiro brasileiro conviveu com alguma lucidez e a esperança de que as coisas poderiam ser um pouco melhor — talvez não boas, vai lá, mas pelo menos acima da média. Mas como “não perdemos a oportunidade de perder uma oportunidade”, voltamos a flertar com o precipício.

Depois de uma reforma previdenciária dura (mas necessária), de uma reforma trabalhista razoável e da volta de algum bom senso fiscal na forma do Teto de Gastos, aqui estamos mais uma vez insistindo na ideia absurda de gastar mais do que temos — experimenta fazer isso na sua casa e me diz quanto tempo dura essa utopia.   

Voltamos a mesma retórica — ou seria sofisma? — de sempre: de que é preciso fazer um esforço para ajudar quem mais precisa, blá-blá-blá. É claro que precisamos ajudar os mais necessitados, mas aumentar o bolsa família em R$ 100, R$ 200 ou R$ 300, por si só, não resolverá o problema. Além disso, se não temos grana sobrando (muito pelo contrário), para aumentar alguma coisa precisamos diminuir outra — assim como faz toda família —, e, cá entre nós, o que não faltam são empresas e programas públicos ineficientes, a começar pelas regalias dos “representantes do povo”.

Além disso, mais uma vez estamos fingindo tratar o sintoma, sem tratar a causa. Digo fingindo porque sabemos claramente que os demiurgos que se dizem defensores do povo não querem ajudar ninguém além de si mesmos; só o que importa é o número de votos que essa pretensa bondade vai gerar em 2022.

Repito, para que não haja dúvida: é fundamental socorrer a parcela da população mais vulnerável. Eu mesmo já estive nessa situação e fui ajudado por programas públicos. Contudo, é preciso “meter o dedo na ferida”, fazendo as reformas necessárias para tornar o país mais eficiente e atrair investimentos e empregos; acabando com os privilégios; elevando o nível educacional para que as próximas gerações tenham melhores condições de vida e possam eleger melhores governantes, criando um ciclo virtuoso, para que finalmente deixemos de ser medíocres, corruptos e atrasados.  

Para piorar, quando tentamos olhar à frente, o que vemos é uma paisagem ainda mais nublada. Caminhamos para um ano eleitoral em que as principais opções, para usar um eufemismo, não representam nem de longe o futuro que desejamos; dois lados opostos de uma mesma moeda, que simbolizam uma política ultrapassada de compadrios, privilégios e trapaças.

A essa altura, até o “posto ipiranga” perdeu a credibilidade e está vendendo gasolina completamente adulterada pela substância tóxica do populismo, fazendo tudo o que pode para tentar evitar uma crise ainda maior, mas cada vez mais isolado, perdendo pouco a pouco cada um dos notáveis do seu time que se arriscaram a nadar contra a maré crescente do disparate e absurdo político.

Nesse cenário dantesco, o ciclo vicioso do velho Brasil, com bolsa caindo (ou seria derretendo?), dólar subindo, inflação descontrolada, taxa de juros cada vez maior e PIB inexistente, ressurge com todo ímpeto.

Aquele sonho de taxa de juros baixa, inflação controlada, PIB crescendo em níveis sustentáveis, elevação do investimento direto, geração de empregos e bolsa decolando está completamente em xeque. E olha que sonhávamos com isso há apenas um ano...

Mas se você não está começando a sua vida adulta e/ou financeira agora, não deveria se assustar. O Brasil é assim desde sempre. Vivemos alternando momentos de esperança e expectativas elevadas com crises absurdas e bagunça total; estamos sempre divididos entre o “país do futuro” e o “país da mediocridade”, perpetuando o estigma do “voo de galinha”; e o que é pior, sempre a procura do próximo “salvador da pátria”.

A notícia boa para você que é investidor (ou está pensando em ser) é que a sua vida ficou muito mais fácil. Em um passado não muito distante, numa situação dessas, a única opção era ficar montado no CDI e torcer para que a inflação não corroesse todos os seus ganhos; poucos eram aqueles que se aventuravam em ativos mais “arriscados”.

Hoje, o contexto é muito diferente. Nunca foi tão fácil investir, nunca houve tantos meios, tantas corretoras, tantos ativos diferentes...

Investir no exterior, algo absolutamente impensável para 99,9% dos brasileiros até pouco tempo, não é apenas possível como também muito simples. Você pode aplicar via fundos, via ETFs, via BDRs, pode abrir uma conta lá fora...

Você pode investir em techs, laboratórios, empresas de games, empresas de cannabis, urânio, carbono, ESG, criptomoedas...

Eu sei que você já está cansado de saber que diversificar é fundamental para ter sucesso nos investimentos. Mas no Brasil, não é só uma questão de sucesso, é uma questão de sobrevivência, e em momentos como o atual — em que só encontraremos alguma solução depois de mais uma vez flertarmos com o precipício — só reforçam essa necessidade.

Diante de tantas opções, não faz sentido nenhum continuar com o seu dinheiro alocado 100% no Brasil ou em poucos ativos. Obviamente, se você entrou no olho do furacão sem a diversificação adequada, também não faz sentido dar um “cavalo de pau” na sua carteira; reveja sua exposição, seu perfil de risco e vá ajustando aos poucos o seu portfólio. É como diz aquela frase “se você estiver atravessando o inferno, não pare”.

Como de costume, estamos em crise. Mas não faltam opções de investimentos para atenuarmos o impacto e chegarmos ao outro lado vivos e, o que é melhor, preparados para ganhar dinheiro quando chegar a próxima onda de esperança, porque, de um jeito ou de outro, ela sempre chega.