#01Financial deepening tupiniquim: Por que o brasileiro ainda investe muito mal?
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#01Financial deepening tupiniquim: Por que o brasileiro ainda investe muito mal?

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Investindo Direito
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Vivemos uma grande revolução financeira. Posso afirmar isso com clareza, pois estou no mercado há 10 anos e desde então tenho observado de perto como parte integrante desse ecossistema o fenômeno do “financial deepening”, que nada mais é que o aprofundamento das pessoas normais sobre a temática de finanças e investimentos. Hoje não é incomum ver em uma roda de bar amigos falando sobre investimento ou alguém passando aquela dica quente na festinha de família – porque ninguém é de ferro, né.

Quando eu comecei a estudar sobre investimentos para fazer render melhor os tostões que sobravam do meu salário como estagiário de um grande escritório de advocacia, não havia tanto acesso a informação e nem tantas soluções tecnológicas que viabilizassem que eu tivesse um portfólio equilibrado e que trouxesse um retorno satisfatório de longo prazo. Isso sem falar dos custos! Era taxa para tudo que era lado que inviabilizam, junto com um ticket mínimo de entrada proibitivo, qualquer tentativa de aplicação na prática do que eu aprendia na teoria de como montar uma carteira de investimentos.

Em apenas 10 anos muita coisa mudou. A XP abriu as portas do mercado para as pessoas físicas e foi seguida por diversas outras corretoras independentes dos bancões. Essa concorrência e o maior acesso à informação levaram ao extermínio da maioria das taxas e custos. Hoje com alguns cliques eu posso investir no mercado norte-americano sem pagar corretagem! Isso sem falar na proliferação de casas de Research independentes, como a Suno e Empiricus, que democratizaram de vez o acesso a análises financeiras de qualidade.

É verdade que o cenário macro do Brasil também ajudou a acelerar esse processo. Nesse momento que digito essas linhas a taxa Selic encontra-se em suas mínimas históricas à 2,25%, tendo perdido inclusive para a inflação em 2020, levando a um rendimento real negativo.

Com o fim do paraíso do CDI de dois dígitos, muitas pessoas tiveram que vencer os medos e buscar outras formas de fazer render apropriadamente suas economias, culminando em uma entrada recorde no ano de 2020 de pessoas físicas tanto no mercado de ações como no mercado de Fundos Imobiliários (FII’s).

Entretanto, investir ainda é uma realidade muito restrita entre a população brasileira. Dados recentes mostram que assustadores 75% da população não conseguem poupar qualquer quantia no final do mês, e que ainda existem cerca de R$ 900 bilhões de reais parados na poupança (pior investimento da face da terra). Isso tudo mostra que, mesmo com toda a evolução que eu presenciei em primeira pessoa nessa década, ainda falta muito a se feito à respeito da educação financeira do país e essa série de letters que estou começando hoje é minha semente de contribuição para evoluirmos a educação financeira do país e que mais pessoas possam, assim como eu, atingir a sua liberdade financeira e se libertarem de vez da roda dos ratos que nossa sociedade ainda nos coloca ao nascer.

Grande parte dessa falta de cuidado do cidadão brasileiro com o dinheiro advém de questões econômicas históricas. Nosso passado aponta para uma país com grande instabilidade financeira e política, que geraram altas taxas de inflação, e planos econômicos desastrosos, levando até o confisco da poupança. Tal cenário de incertezas, fez com que planejar para o longo prazo fosse algo muito difícil com tamanha volatilidade e insegurança jurídica.

Além disso, a verdade é que vivemos em sistema educacional e social que te condena a partir do momento em que você nasce a estudar em um colégio, passar no vestibular, namorar, arrumar um emprego, casar, trabalhar por 40 quarenta anos e se aposentar. O problema é que essa matrix operacional está quebrando diante dos nossos olhos. Hoje mesmo você conseguindo cumprir essa linha de produção da vida, quando você for se aposentar e quiser realizar seus sonhos, vai descobrir que sua aposentadoria não cobre nem mesmo o plano de saúde e que o dinheiro que você “investiu” a sua vida toda na poupança ou na “aplicação” do banco que seu gerente sugeriu não rendeu nada. E aí, meu amigo, é tarde demais para despertar do pesadelo financeiro que se encontrará diante dos seus olhos.

No Brasil, especialmente, nossa relação com o dinheiro é péssima! Nosso sistema social é programado para acharmos que ganhar dinheiro é um pecado e que os empresários malvadões são a causa de todos os problemas sociais do Brasil. Desde pequenos, não somos ensinados sobre dinheiro e nem a falar sobre dinheiro com os outros. Pelo contrário, muitos aprendem que é falta de educação falar sobre esse assunto com estranhos.

Vou contar uma pequena passagem da minha infância que ilustra bem essa dinâmica: Certa vez, quando tinha uns 10/11 anos, na aula de matemática após aprender as operações aritméticas simples eu levantei minha mão e perguntei ao professor de matemática quando iriamos aprender sobre dinheiro. Eu me lembro bem da face do sujeito ficando amarela, e meio sem jeito me respondeu que eu teria que aprender isso em casa e perguntar para meu pai. Não satisfeito com essa resposta bizarra, meu pais ainda foram chamados na escola, pois na avaliação do professor haveria algo de errado em um menino de 11 anos preguntar sobre dinheiro e embaraçar ele na frente de toda a turma!

E assim crescemos, e passamos anos nesse ambiente escolar, sem aprender nada sobre educação financeira, mas decorando equações de química orgânica, fórmulas de física ótica e a sequência de todo os presidentes do país. Perguntem-se a si mesmos: qual a utilidade hoje em sua vida da fórmula de báscara? Porém, qual utilidade teria se desde cedo soubesse como administrar suas finanças pessoais? A quem interessa esse sistema perverso? Certamente não a você, meu caro leitor.

Somado aos problemas históricos e educacionais, durantes anos no mercado reinou uma crença na qual para ser rico e bem sucedido com investimentos era coisa de gente muito rica ou muito inteligente, dada a complexidade de siglas, tarifas encobertas pelos bancos, impostos que variam de acordo com cada operação, etc...

Nada mais distante da verdade! É possível sim enriquecer através da poupança de parte do seu salário e o investimento desse montante de maneira inteligente no mercado financeiro. E não é fazendo operações complexas com auxílio de derivativos que vocês vai conseguir isso. É comprar bem e esperar.

Eu sou a prova viva desse fato.

Porém eu não estou aqui para vender sonhos e promessas de ganhos rápidos e sem riscos. Investir tem mais a ver com observar um jardim crescer do que disputar um grande prêmio de F1. Se você está procurando por emoção, o que vou ensinar aqui não é para você. Conquistar sua liberdade financeira não é difícil, porém requer trabalho duro e paciência, ter um método e saber esperar.

Com isso, deixo aqui esse convite para embarcar comigo nessa jornada de textos que irão ensinar definitivamente a você como lidar com suas finanças pessoais e, através do conhecimento, se libertar de vez das correntes que te ligam ainda a esse sistema cruel.

Bora quebrar essa roda comigo?  

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