#04 O Controle do orçamento familiar

Feito o controle e renegociação da dívida, caso você tenha tido êxito, conseguirá diminuir o valor da dívida, das taxas de juros e terá acomodado melhor o parcelamento da mesma dentro das suas possibilidades financeiras.

Entretanto, fica claro que o problema ainda persistirá. O que fizemos até agora foi somente atacar o problema pela ótica do seu passivo, agora vamos atacar pela ótica do ativo. Para isso, temos que responder uma simples questão: como posso gerar mais renda ao final do mês para quitar a dívida e futuramente formar minha reserva de emergência e investir?

Essa questão também poderá ser observada através de duas óticas de solução: uma de seus custos e outra de suas fontes de receitas.

Sob a ótica dos custos, o primeiro passo a ser dado é a confecção de uma planilha de custos mensais. Durante 1 mês (pelo menos), você passará a anotar em uma planilha simples TODOS os custos que teve, desde o café após o almoço, até o aluguel.

A dica que deixo aqui, é que existem zilhões de planilhas gratuitas na internet para orçamento familiar. Faça uma busca e selecione aquela que você mais se adapte. Lembre-se que o quão mais simples, melhor, pois tornará menos custoso o seu processo de preenchimento.

Após o final do mês de anotações, o passo seguinte é a categorização desses custos entre gastos essenciais e não essenciais. Aqui já começa a entrar uma subjetividade na análise. Embora o aluguel seja essencial para todos, a pizza de final de semana pode ser para uns e não para outros. Não se prenda aos padrões sociais em sua análise e respeite o que é essencial para você. Apenas lembre-se que você terá que realizar sacrifícios (especialmente se está endividado), e se tudo for essencial para você e não puder ser cortado ou substituído, você não conseguirá sair do lugar.

Um ponto importante do gasto essencial é que ele não é imutável ou intocável, ele apenas requer um planejamento maior para ser alterado, tornando a sua substituição ou alteração muito difícil no curto prazo. Ex: o aluguel, que eu já abordei acima,  é essencial, visto que você precisa ter um teto sobre sua cabeça. Porém, será que não é possível trocar o local que você mora por um outro mais em conta? Ou então por outro com o mesmo valor de aluguel, porém mais perto do trabalho e que gerará uma economia de transporte?

Uma vez de posse da sua planilha de orçamento pessoal já devidamente preenchida e categorizada, ficará muito fácil de entender toda a composição de seus gastos mensais e da onde pode surgir uma grana extra que ajudará a pagar a dívida.

Geralmente, o resultado final gera uma grande surpresa! Isso se dá, pois sem o devido controle e análise dos nossos gastos, tendemos a desprezar certos gastos pequenos (como aquele lanche na rua de vez em quando, ou o parcelamento em 12x de um novo aparelho de celular mais moderno) que quando somatizados são os verdadeiros vilões da nossa vida financeira.   

Analise o documento que agora você tem em mãos, descubra quais gastos não essenciais podem ser evitados e quais gastos essenciais podem ser repensados (o lanche na rua pode virar um lanche feito em casa, por exemplo e a pizza de todo sábado pode passar a ser quinzenal). Estimo que a maioria das pessoas nessa simples análise de autoconsciência consegue reduzir os gastos em cerca de 20%, economia essa que será essencial para a quitação das dívidas e para o futuro investimento.

O ideal é que se chegue em um novo objetivo de orçamento familiar próximo do seguinte: 50% da renda em gastos essenciais; 10% em gastos não essenciais; 30% para investimentos; e 10% livres para serem gastos com a fruição da vida

É importante deixar claro que não existe modelo de orçamento familiar que sobreviva sem que haja uma parte do dinheiro destinado ao lazer! A vida simplesmente se torna um martírio e o planejamento é abandonado e não sendo levado adiante no longo prazo. Porém, lembre-se: não existe também nenhum modelo de geração de riqueza que não exija sacrifícios e limitações a impulsos consumistas. Caso você que está lendo isso ainda esteja na fase de endividado, o sacrifício deve ser ainda mais intenso até a quitação integral da dívida.

Para gastar melhor e encontrar uma fórmula eficiente de planejamento familiar exige muito mais autocontrole do que técnica!

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