O que é viver de renda DE FATO.
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O que é viver de renda DE FATO.

Caro Leitor, 

Investindo Direito
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Caro Leitor, 

Você já deve ter se deparado com inúmeros textos, vídeos no youtube, e anúncios falando sobre: viver de renda, independência financeira, se aposentar com 30 anos etc... 

O que quase sempre esquecem de te explicar é qual o racional matemático por trás de uma tese dessas, e tentam te enganar vendendo um sonho que não é factível de se tornar realidade em pouco espaço de tempo. 

Muitas vez, dentro do subconsciente do brasileiro, o número mágico para independência financeira é a marca histórica de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Não sei qual a origem desse mito, mas desconfio que esse número foi arraigado na nossa consciência pelos nossos próprios pais.

Há uns 30 anos atrás, de fato, ao alcançar esse número em aplicações financeira, era possível pendurar as chuteiras definitivamente. Isso se dá pois, ao longo de 30 anos, por exemplo,  a inflação correu o poder de compra de maneira estratosférica (desde 1995 - após a entrada do plano real - está na casa de 420%).  Então uma carteira de um milhão de reais, que rendesse o famoso 1% ao mês, entregaria 10.000 (dez mil reais) que em poderes de compra hoje seriam equivalentes a incríveis R$ 52.450,86 (cinquenta e dois mil, quatrocentos e cinquenta reais e oitenta e seis centavos) - nada mal, não? 

Outro problema dessa conta de 30 anos atrás é o rendimento de 1% ao mês. Em 1995, para vocês terem uma ideia, a taxa livre de risco (Selic) era de 38,71% ao ano, o gerava uma taxa de cerca de 3% ao mês. Com isso obter o 1% ao mês não só era óbvio, como era um despenho pífio para qualquer carteira de investimento. 

Os tempos mudaram, a inflação correu nosso poder de compra e a taxa livre de risco hoje está no seu menor valor histórico (2% ao ano). Diante desse cenário, qual a conta devemos fazer para viver de renda? 

A resposta é depende

Depende daquilo que chamamos de Renda Mensal Desejada, que é quanto de dinheiro passivo você quer ter mensalmente para viver. Depois que você estipula esse valor, basta multiplicá-lo por 300 vezes, e voilá! Você terá o número mágico a ser perseguido. 

Ex: Eu quero ter R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais para me aposentar. 

RMD x 300 = 10.000 x 300 = R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). 

Porém cuidado! Essa é a conta aproximada para uma carteira que renda a Inflação + 4% (o que já não é relativamente fácil de se encontrar em títulos de renda fixa por aí).

Além disso, essa conta tem como premissas que o valor de montante investido não só será resgatado como será corrigido pela inflação (preservando o seu poder de compra). 

Caso o seu rendimento seja menor do que esse (inflação + 4%) e você continue sacando os mesmos dez mil mensais, você estará consumindo o montante inicial o que tornará a tarefa de gerar os 10 mil reais mensais cada vez mais complicada, exigindo uma rentabilidade cada vez maior. 

Como já deve ter ficado claro, eu não gosto muito dessa metodologia, pois ela tem uma série de restrições e fragilidades como as que já coloquei no papel. Além disso, se a conta da sua RMD ficar muito apertada, qualquer evento futuro não programado, vai arruinar sua aposentadoria. 

Para mim o conceito real de viver de renda é extremamento literal: é quando sua carteira te remunera em dividendos, juros e JCP 130% do seus custos mensais. Essa conta não é possível de fazer a priori, sem saber quais ativos você tem na carteira e quais os yields de cada um deles. 

O porquê dos 130% é bem simples: a distribuição de rendimentos de uma carteira é flutuante ao longo dos meses, logo é importante ter uma gordurinha para sobreviver nos períodos de queda no ritmo de distribuição e para manter o reinvestimento nesse ativos geradores de renda nos períodos de vacas gordas, gerando o efeito bola de neve do juros compostos . 

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