Por que estou investindo em Taurus? (TASA4)
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Por que estou investindo em Taurus? (TASA4)

Antes de tudo quero deixar claro que isso não é de forma nenhuma uma recomendação de investimentos, vou apenas expor minha opinião da empresa, use isso para agregar no seu estudo da bolsa.

Mateus Gusmão
8 min
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Antes de tudo quero deixar claro que isso não é de forma alguma uma recomendação de investimentos, vou apenas expor minha opinião da empresa, use isso para agregar no seu estudo da bolsa.

Bem, não é novidade para ninguém que o Governo Lula entrou com pautas de desarmamento da população, e ano passado tendo em vista o resultado das eleições, as ações da Taurus, que é a maior fabricante de armas curtas do Mundo, despencaram insanamente, indo da casa dos R$ 26 em abril para os R$ 12 em dezembro-início de janeiro. Nem preciso dizer que essa queda se deve ao pessimismo do Futuro da Taurus no Brasil com o novo governo, afinal muitos investidores dizem sem nenhuma noção do que estão falando "a Taurus só deu certo por causa do governo Bolsonaro", mas será que essa massa do mercado está certa?

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Mas antes, o que é a Taurus?

Para quem não conhece a Taurus, ela é uma  empresa fundada na segunda guerra lá no Rio Grande do Sul (onde ainda tem fábrica em São Leopoldo-RS) e que teve seu primeiro revólver produzido em 1942, eles foram ganhando mercado no Brasil quando se tinha  políticas mais liberais sobre o porte de armas, com esse crescimento em 1981 já partiram em direção ao maior mercado do Mundo: os Estados Unidos 🇺🇸. A empresa teve anos de muito crescimento no mercado americano e no brasileiro, porém sempre teve uma pulga atrás da orelha: a qualidade das armas.

"O tiro saiu pela culatra"

Por muito tempo, precisamente até 2016, na estrutura de produção da Forja Taurus (antigo nome da empresa antes das mudanças de 2016) se tinha a presença dos famosos armeiros, que eram basicamente os montadores das armas, como elas eram feitas de forma artesanal, tinha o risco do erro humano, e isso gerou diversas falhas nas armas, que em alguns casos foram fatais. Esses problemas nos produtos geraram muitos processos que custaram muito caro ao caixa da empresa e além disso manchou a imagem da empresa na época.

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A virada de chave

Em 2015, a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) que já era uma empresa muito renomada no segmento de munição (até a  OTAN é cliente deles) assumiu o controle da empresa, e a partir daí começou o processo de "turn-around" (recuperação, retomada...) da empresa. Onde mudaram o nome e o código da ação na bolsa deixando de ser Forja Taurus (FJTA3/FJTA4) para Taurus (TASA3/TASA4), começaram a remodelar o processo fabril para eliminar os armeiros, trazendo mais automatização e eficiência para o processo produtivo.

A melhora da qualidade dos produtos e a normalização do número de falhas nas armas que se igualou as outras fabricantes, fez a Taurus voltar a conquistar a confiança do setor e cada vez mais emplacou crescimento dentro do mercado internacional, consequentemente a empresa apresentou uma melhora nos indicadores financeiros ao longo dos anos de recuperação.

Essa melhora atraiu acionistas como o Luiz Barsi Filho, o maior investidor pessoa física do Brasil que comprou 8,3% da Taurus no fim de 2018. Investimento esse que gerou no mínimo 250% de retorno dependendo do preço de compra dele.

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Qual é a situação atual da empresa?

2020 foi um ano fora da curva para a Taurus, hoje ela é a empresa que mais exporta armas curtas para os Estados Unidos, e com a pandemia a demanda por armas disparou no mercado americano, visto que já é da cultura local possuir e colecionar armas, e com as pessoas em casa reforçou ainda mais o desejo de se manter protegido na quarentena, o que fez a empresa ter um resultado recorde em 2020 e 2021.

Fonte: RI da Taurus
Fonte: RI da Taurus

O indicador NICS significa o número de americanos que desejam comprar uma arma, podemos ver que em 2020 eram mais de 15 milhões de americanos, em 2022 esse número é de 11 milhões, o que fez a empresa ter resultados piores que o de 2021, mas considerando a normalização da demanda e comparando ao cenário pré-pandemia a companhia teve um ótimo crescimento.

Além disso, a empresa conseguiu melhorar sua produção nesse período tanto nas plantas de São Leopoldo como na expansão das fábricas do exterior que necessitaram de mais investimentos com a explosão da demanda nos EUA.

Resumindo para você não se perder: a empresa cresceu muito na pandemia, entregou os maiores lucros da história da empresa, se tornou líder em exportações de armas curtas para os Estados Unidos. O que fez a ação subir quase 400% de 2019 até o início de 2022.

O "X" da questão

O pessimismo do mercado em relação a Taurus vem por causa da troca de governo, porém como eu já mostrei o crescimento da empresa veio por causa da explosão da demanda no mercado americano. E hoje em dia a receita é basicamente 70% do exterior e só 30% do Brasil (esse número já chegou a ser 80/20). Ou seja, a empresa está muito mais ligada aos Estados Unidos do que ao Brasil quando a questão é $$$$.

Fonte: RI da Taurus
Fonte: RI da Taurus

Então se o governo Lula vetasse totalmente a compra de armas por parte dos civis a empresa não seria afetada como o mercado precificou (queda de praticamente 50% nas ações), até porque dos 30% da receita vinda do Brasil, grande parte é de licitações da Polícia e de venda a empresas de segurança privada, diminuindo mais ainda a exposição do faturamento da empresa as compras de armas dos civis brasileiros.

Vem mais crescimento por aí?

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Essa imagem é da polícia indiana tentando conter uma multidão com estilingues, isso, ESTILINGUES. 

A Índia já soma mais de 1 bilhão de habitantes, e a sua polícia ainda tem um arsenal muito precário, onde é comum vermos muitos policiais usando cacetetes, pedaços de pau e estilingues para se defender. O governo indiano irá lançar grandes licitações de compra de armas por lá para resolver esse problema.

Visando adentrar esse mercado de potencial gigante, a Taurus fez uma joint-venture (operação conjunta) com o Jindal Group, para produzir armas na Índia. A fábrica já está pronta para começar a produzir e atender esse mercado gigante e a empresa tende a ter uma nova fonte de receita que irá diluir ainda mais o "risco-Brasil", e não só isso pode trazer um crescimento exponencial com o sucesso da empreitada, afinal é um país de 1.4 bilhão de pessoas. 

Fábrica da Taurus na Índia
Fábrica da Taurus na Índia

Os números

A Taurus tem indicadores raros de se ver na bolsa, margem líquida maior que 20%, endividamento baixo (22% do patrimônio líquido), e consegue rentabilizar o capital da companhia de forma absurda (ROE de 55% e ROIC de 38%), além disso, apresentou crescimento médio da receita de 26% ao ano (nos últimos 5 anos).

De quebra a empresa está sendo negociada a só 3 vezes o lucro (eu comprei com um P/L menor ainda de 2,69), esse é um dos menores múltiplos da bolsa brasileira. Geralmente empresas que tem múltiplos baixos como esse possuem um problema grande, mas que eu não enxergo na Taurus.

Se compararmos com outras fabricantes de armas listadas na bolsa americana, a Smith & Wesson (SWBI) tem um P/L de 5,9 e a Sturm, Ruger & Co (RGR) tem um P/L de 8,8. Ou seja, a Taurus é a empresa do setor que está com a ação sendo negociada de forma mais "barata".

Nem tudo são flores

Mas cuidado, existem vários riscos a serem considerados, como o governo impor limites na produção da Taurus em território nacional (temos que considerar todas as possibilidades rs), a empresa pode ser prejudicada por uma queda na demanda ou até o risco de recessão na economia americana que com certeza prejudicaria a empresa, e claro não podemos desconsiderar o risco de falhas em massa nos produtos (apesar de ser bem mais raro de acontecer hoje do que antes de 2016), também ´podemos considerar o risco de fracasso na operação da índia que pode fazer com que a empresa não obtenha retorno no dinheiro empregado por lá, não só esses mas existem vários riscos que podem te afastar da ideia de investir na companhia. 

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Concluindo

Bem, o fato da Taurus ter se provado uma empresa que superou os problemas do passado e estar liderando as exportações nos Estados Unidos, mais a possível expansão no mercado indiano me faz olhar para a empresa com bons olhos, e o preço para mim está ridículo. Mesmo se a empresa não crescer, no preço que eu comecei a comprar as ações eu fico bem confortável de levar a posição na minha carteira de ações.

LEMBRE-SE: Isso não é uma recomendação, estude antes de tomar qualquer decisão na bolsa.

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