30 DWC - Página 27 de um livro
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30 DWC - Página 27 de um livro

Desafio de escrita de 30 dias. Dia 5.

Jefeth Gomes
5 min
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O Sol, a Lua e a Aurora.

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Muitos se beneficiam de mim, mas ninguém ousa chegar perto. Sou o centro de muita coisa. Eu segui sozinho por muito tempo, mas logo outros apareceram, em especial ela.

Por muito tempo eu pairava sozinho, mas foi com o surgimento dos mais frágeis que eu que de fato minha relação com ela começou. Muitos deles cultuavam nós dois, mantendo sua relação de adoração e naturalmente dependência. Porém, essa dependência não foi de todo ruim, eles me fizeram vê-la de maneira diferente. Em suas diversas formas de se expressar os mais frágeis nos fizeram amantes, eu nunca tinha cogitado sequer a ideia de existir com outra coisa que não fosse a solitária imensidão que já existia antes de mim, quanto mais manter relação com outra coisa, mas aos poucos fui percebendo que isso, manter relações, é base do que de fato são os mais frágeis. Eles e ela, foram os meus primeiros companheiros, e eu sempre irei os valorizar, por mais desastroso que possa ser para eles o meu fim.

Queria poder aproveitar mais dos companheiros que tenho, especialmente ela, mas eu sou muito volátil para ser tocado. Todos que me têm como centro me sentem, ela inclusa, mas eu não sinto ninguém, essa é a minha eterna sina. Eu demorei demais para amadurecer, e mesmo assim eu queria ter aproveitado mais meus momentos de quando eu era apenas um pedacinho de tudo, sem ser o centro. Infelizmente, com o passar do tempo, toda mudança que eu tinha afetava os que eram mais frágeis, e que dependiam de mim. Sinto que quanto mais tempo passa mais perigoso eu vou ficar para aqueles que são mais frágeis do que eu, para ela também, queria poder evitar por mim mesmo, mas vou ter que deixar nas mãos deles, dos mais frágeis, que devem tentar e eventualmente conseguir de alguma forma superar o impacto do meu fim, acredito piamente que o potencial deles seja ilimitado. Fugir seria o ideal para preservá-los, mas eu gostaria que eles tentassem salvar os outros também, principalmente ela

Eu daria tudo para voltar a ser do tamanho que eu era antes sem afetar aqueles que dependem de mim.

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Queria ser isolada que nem ele. Ele me ilumina. Admiro toda a sua imponência, sua maneira de afetar todos ao seu redor, sem precisar entrar em contato com ninguém. Ele é o único com quem eu gostaria de ter contato, mas isso é impossível. 

Para minha infelicidade os mais frágeis são quem eu mais tenho contato, antes mesmo deles surgirem eu já tinha influência em seu habitat. À medida que eles foram surgindo, passei a ter ainda mais impacto, eles começaram a me cultuar, a me observar constantemente. Confesso que no começo não desgostei de nossa relação, eles foram os responsáveis por me fazer amante dele, a única coisa pela qual sou grata deles. Pois com o passar do tempo, eles se tornaram tão dependentes de mim quanto são dele. Porém, diferente dele, eu estou mais próxima, sendo assim me senti explorada, invadida por eles. Eu sirvo de guia para a casa deles, logo eu sou usada todos os dias, eles me culpam por suas dificuldades e se voltam para mim quando estão desolados. Eles me dão nomes de acordo com a “minha forma”, mas eu só possuo uma forma, sou apenas uma. Eles já travaram guerras em meu nome, já puseram seus pés imundos em mim, e ainda acreditam que eu possa ser uma possível nova casa para eles.

A sina dos mais frágeis é que eles acreditam que sabem de tudo, e isso será a perdição deles. Eles são tão dependentes de todos os outros e mesmo assim acreditam que todos estão para lhes servir. Tenho total confissão  de que o egoísmo deles é ilimitado. Quando o fim dele chegar, os mais frágeis vão perecer junto de todos, não vão salvar ninguém, pois para isso acontecer eles precisam salvar a si mesmos ao parar de querer salvar apenas a si mesmos. E isso eles nunca vão entender.

Tudo que eu queria era sair do alcance deles, e todos - se fosse para levar alguém comigo seria apenas ele.

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Eu sou fruto daqueles dois, eu sou o primeiro e último recurso dos mais frágeis, o supra sumo do belo, sou quem eles se agarram quando precisam, mas nem todos podem me segurar em suas mãos ou até mesmo me ver. Eu sou mais do que um fenômeno natural.

Desde de meus surgimentos, pois não possuo apenas um, há certa dificuldade em me entender, me contemplam sem saber o que sou. Acreditam que estou fora, mas sempre estive dentro. Muitos subordinam-se a mim, me usam, se iludem comigo, mas não sou o que sou para ser usada, sou para ser sentida, basta fazer algo simples. 

Os mais frágeis foram os responsáveis por me atribuir diversos significados, me conceder uma eloquência, um véu iluminado e majestoso. Ironicamente, eles são os que menos me entendem e mais precisam de mim. Eu estarei lá para eles.  

Eu vou guiar todos quando mais precisarem, basta ter a capacidade de entrar em contato comigo, pois eu não existo sozinha, eu nasço, vivo e morro todos os dias - uns dias mais longos que outros. 

Basta acreditar em mim.