Cem anos depois Brasil pode receber mais uma Copa América em meio à pandemia
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Cem anos depois Brasil pode receber mais uma Copa América em meio à pandemia

O Brasil está prestes a receber, 100 anos depois, mais uma edição da Copa América em meio a uma pandemia. Em 1919 o país ainda se recuperava da tragédia da Gripe Espanhola. O Campeonato Sul-Americano de Futebol, antecessor da Copa América, es...

João Oliveira
2 min
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O Brasil está prestes a receber, 100 anos depois, mais uma edição da Copa América em meio a uma pandemia. Em 1919 o país ainda se recuperava da tragédia da Gripe Espanhola. O Campeonato Sul-Americano de Futebol, antecessor da Copa América, estava marcado para o ano anterior, mas acabou sendo adiado por causa da crise sanitária. A competição marcou o primeiro título oficial da Seleção Brasileira, que venceu o Uruguai na final jogada no Estádio das Laranjeiras, construído para receber o torneio.

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A conquista abriu a trajetória vencedora da Seleção Brasileira e corou nosso primeiro grande craque: Arthur Friedenreich, apelidado pelos uruguaios de “El Tigre” após suas atuações naquele torneio. A Celeste havia vencido as únicas duas edições anteriores. Brasil e Uruguai chegaram à final passando por Chile e Argentina, os outros dois participantes. A partida decisiva terminou empatada em 2 a 2. Um jogo-extra foi marcado para o desempate. A bola não balançou as redes nos noventa minutos e as equipes toparam uma prorrogação com dois tempos de 30 minutos cada. Ao todo, foram 150 minutos de futebol naquele 29 de maio de 1919 nas Laranjeiras. O gol do título só veio aos cinco minutos da segunda prorrogação.

Capa do jornal <i>O Estado de São Paulo </i>após o título do Sul Americano de 1919 (Foto: Reprodução Arquivo Estadão)
Capa do jornal O Estado de São Paulo após o título do Sul Americano de 1919 (Foto: Reprodução Arquivo Estadão)
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A Copa América atual já foi adiada. Deveria acontecer em 2020, ano dos primeiros casos de COVID-19 na América do Sul. Já em 2021, Colômbia e Argentina seriam as sedes do torneio. Os colombianos foram os primeiros a fecharem suas portas. Além da pandemia, o país vive uma crise interna com uma onda de manifestações e não conseguiria garantir a segurança da organização da competição. Já os argentinos, que passariam a receber todos os jogos após a negativa da Colômbia, também decidiram não abrigar mais a competição devido aos números da pandemia. Uma articulação política bastante infeliz fez o Brasil ser anunciado como novo anfitrião.

A acolhida brasileira gerou uma série de manifestações contrárias da sociedade e da imprensa. Além do aparente descontentamento dos próprios jogadores da Seleção. Vale lembrar que a lista oficial dos convocados ainda não foi divulgada, mas a base do time de Tite já está reunida para os jogos das Eliminatórias para a Copa de 2022. Uma possível articulação com atletas de outras seleções do continente estaria espalhando e consolidando a idéia de uma recusa dos principais nomes. Sem nomes como Messi, Neymar, Luís Suárez e Cavani, o apelo comercial certamente despencaria, fragilizando ainda mais qualquer argumento da CONMEBOL em favor da manutenção do torneio. A banalização da competição também contribui para o enfraquecimento da própria marca. Desde 2015 seria a quarta edição da Copa América, quase uma por ano, ao contrário de outras competições similares, como a Eurocopa, realizada a cada quatro anos.

Acontecendo ou não, esta Copa América já nasce e vai direto para os livros de História. Seja por causa da pandemia, pelos adiamentos, implicações políticas ou, principalmente pelo movimento dos jogadores. Se confirmarem a tendência de boicote, seria uma surpresa para quem acompanha futebol e não está habituado a posicionamento político e social dos jogadores.