Ramírez demora a entender o futebol brasileiro
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Ramírez demora a entender o futebol brasileiro

O Internacional sofreu uma goleada histórica na segunda rodada do Brasileirão: 5 a 1 diante do Fortaleza, no Castelão. O resultado aumenta ainda mais a pressão da torcida sobre o trabalho de Miguel Ángel Ramírez. O espanhol não consegue aliar...

João Oliveira
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O Internacional sofreu uma goleada histórica na segunda rodada do Brasileirão: 5 a 1 diante do Fortaleza, no Castelão. O resultado aumenta ainda mais a pressão da torcida sobre o trabalho de Miguel Ángel Ramírez. O espanhol não consegue aliar desempenho e resultado. O time segue oscilando entre as goleadas aplicadas na fase de grupos da Libertadores, os tropeços na própria competição internacional e a perda do Gaúcho para o rival Grêmio. Neste começo de Brasileiro, a situação não melhora. Um empate em casa com o Sport e agora um sacode para o Leão do Pici. Além do fracasso em campo, a preocupação fica maior após a entrevista coletiva do treinador, na defensiva, minimizando o desastre do placar. Postura parecida com a de outro espanhol que passou recentemente pelo Brasil: Domenec Torrent.

Miguel Ángel Ramírez (Foto: Claudio Duarte/SC Internacional)
Miguel Ángel Ramírez (Foto: Claudio Duarte/SC Internacional)

O paralelo vai além da nacionalidade. Tanto Ramírez quanto Dome chegaram ao Brasil com currículos muito bem referendados, mostrando disposição para trabalhar e ideias de futebol. Por outro lado, pouca experiência no comando de camisas tradicionais. Ramírez tem em seu histórico um título continental, a Copa Sulamericana com o surpreendente Independiente Del Valle, do Equador. Seu compatriota, ex-Flamengo, acumulava os anos de auxiliar de Pep Guardiola e a experiência no futebol dos Estados Unidos. Distantes, portanto, da realidade de cobrança do futebol brasileiro, especialmente nos times grandes.

A necessidade de tempo de trabalho contrasta não apenas com a sede de vitórias dos torcedores, dirigentes, e até imprensa. Mas certos compromissos com o contrato social do futebol brasileiro. Não se pode flertar com uma goleada, se abrir, não calcular os riscos e, depois, minimizar seus impactos. Perder por um ou perder por cinco faz diferença, sim. Além da mancha na história, mexe na confiança do elenco e na capacidade de apoio do entorno.

Essa desconexão com a realidade pode até ser confundida com soberba. Coisa de quem chega se julgando mais importante do que o clube. Não dá para acusar sem ter mais indícios ou aspas sobre o tema. O fato é que os clubes brasileiros precisam analisar a trajetória dos treinadores estrangeiros que contratam. É claro que um gringo de ponta não viria e as apostas são a única rota possível a partir da escolha de um profissional de outro país. Mas, se trazem conceitos importantes para a evolução do nosso futebol, também precisam de um intensivo de como funcionam as coisas por aqui e da importância histórica das nossas principais camisas.