Homem-Aranha: Sem Volta para Casa- A realização do fã e a marca na história.
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Homem-Aranha: Sem Volta para Casa- A realização do fã e a marca na história.

Após os eventos ocorridos em Homem-Aranha: Longe de Casa, no qual o cabeça de teia tem sua identidade secreta revelada pelo vilão Mysterio( Jake Gyllenhaal), que inclusive o coloca como um criminoso, Tom Holland embarca em sua terceira jornad...

João Pedro Teixeira Barthem
4 min
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Após os eventos ocorridos em Homem-Aranha: Longe de Casa, no qual o cabeça de teia tem sua identidade secreta revelada pelo vilão Mysterio( Jake Gyllenhaal), que inclusive o coloca como um criminoso, Tom Holland embarca em sua terceira jornada como o amigo da vizinhança. Dessa forma, em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, Peter Parker deve tentar conviver com seu segredo revelado e com a acusação sofrida, enquanto combate o crime na capital do mundo.

Dado o contexto, é importante entender que este é, como a Marvel está acostumada a fazer, um filme para todos os tipos de público. Não é, portanto, necessário que se tenha assistido a nenhum outro filme da “casa de ideias”, com exceção de Homem-Aranha: Longe de Casa, em virtude de que há um gancho importantíssimo do segundo filme para o terceiro, para entender os acontecimentos deste fim de trilogia.

Entretanto, caso se tenha assistido todos os outros filmes do Homem-Aranha, dos idos de Tobey Maguire até o contemporâneo Tom Holland e alguns filmes do MCU, a experiência do espectador tende a ser catártica. O choro, o riso e os gritos, neste caso, virão da forma que somente uma sala de cinema pode proporcionar, com a naturalidade de sentir algo pelo que não existe, mas que é tão emocionante e belo que se torna real.

Nesse sentido, a comparação com o cume do cinema do gênero de super- heróis, isto é, Vingadores: Ultimato é inevitável, apoiado no fato de que ambos são filmes épicos, que fecham arcos de personagem e, claro, são recheados de fan- services. O Agradecimento de Marvel e Sony nos créditos do filme aos fãs do personagem que completa duas décadas no cinema, introduzido no embrionário filme de Sam Raimi que, ao lado da franquia X-Men, iniciou o processo que fragmentaria o gênero de Ação e Aventura em uma categoria do cinema capaz de mover multidões para as salas , é o mais simbólico de todos os “obrigados”. Tendo em vista que, graças aos fãs, o casamento que completa 20 anos acaba de renovar seus votos em um Peter Parker antes questionado por não possuir as essências do personagem, mas que agora é tão puro quanto o maior dos heróis e, o mais importante, tão Peter Parker quanto todos os outros.

As questões amorosas, os problemas financeiros, o seu conhecimento científico, o trauma. Tudo está lá. Finalmente a Marvel entrega aos seus aficionados aquilo que eles merecem. Extasiados , eles devolvem um estádio de futebol lotado em meio a uma sala de cinema, onde aparições inesperadas, frases atemporais e batalhas épicas se assemelham a gols, com os quais a plateia grita e aplaude.

Quanto a história do filme, o longa se baseia na conhecida estrutura de 3 atos, expandida nas cinco fábulas de David Bordwell e espelhada na Jornada do Herói, de Joseph Campbell, enquanto aparições de grandes nomes do aranhaverso recheiam a tela com nostalgia e atuações convincentes. Há de se tirar o chapéu, mais uma vez, para o trio de amigos Peter Parker, MJ( Zendaya) e Ned( Jacob Batalon), que representam a geração Z excelentemente em meio a nomes mais antigos das telonas, como Alfred Molina e o grandioso Willem Dafoe.

Não há, como não falar também, da histórica participação de outros dois aranhas no filme, Andrew Garfield e Tobey Maguire, que servem como personagens dinâmicos na caminhada do Peter mais jovem. Nunca um filme de super-herói havia explorado esse conceito. Este, portanto, provavelmente é o motivo que o longa é tão bom e será lembrado pela eternidade: ao mesmo tempo em que ele traz figuras históricas para a tela, sem soar repetitivo, ele também é pioneiro e finaliza com o grande amadurecimento de um herói. Em consequência disso, possivelmente, aparecerão muitos mais filmes que explorarão o conceito de multiverso, pois é realmente muito atrativo. De qualquer modo, é muito bom poder presenciar a história diante dos olhos.

Em relação ao som, faltou uma trilha mais marcante para o filme em virtude de se tratar da história de um personagem do tamanho do Homem-Aranha que, a título de curiosidade, salvou a Marvel da falência ao ter seus direitos vendidos por Stan Lee à Sony nos anos 90. Não sobram dúvidas dessa questão, já que o longa tem em seus momentos sonoros mais marcantes a apresentação do Duende Verde à moda antiga.

Em conclusão, o final da saga de Tom Holland como Homem-Aranha faz com que o personagem assuma, de vez, as suas grandes responsabilidades, deixando um legado que deve servir de exemplo para as próximas franquias de super-herói e a mensagem de que, caso seja moldado da maneira correta, um personagem do cinema pode se tornar seu melhor amigo durante algumas horas.