Viver Por Um Ideal ou Morrer Por Ele

Para aqueles que tiveram a sorte na vida de poder estudar um pouco dos 5 livros da Torá, o chumash, não podem passar essa semana sem sentir um pouco de emoção. Toda vez que retorno a essa parashá (porção semanal), outra vez me aprofundo na passagem do sacrifício de Isaac, ou de Abraão, depende do prisma que olhamos.

A história é simples, com 137 anos e idade, 37 anos após o nascimento do seu filho tão esperado, após 100 anos de trabalho e luta contra a idolatria, contra o sacrifício humano, contra a ideia de injustiça, D-s ordena Abraão sacrificar o seu próprio filho, antítese de toda sua vida, antítese de toda sua emuná (fé). A história é conhecida, Abraão leva Isaac até a montanha que no futuro seria o templo, constrói o altar, amarra Isaac e na hora do sacrifício o anjo segura sua mão e revela que era um teste de até onde iria a emuná de Abraão. Mas a pergunta e óbvia: quem teve o teste maior? Terá sido Isaac ou Abraão. O que é mais difícil, morrer por um ideal ou viver por ele?

Todos nós temos inúmeros valores na vida, inúmeras coisas que estaríamos prontos para morrer por eles. Por exemplo: filhos. Quem não daria a vida por um filho? Por outro lado brigamos com eles 24/7 pelos motivos mais tolos, mais mundanos. O nosso problema básico é que não aprendemos, não recebemos ferramentas, para viver para o que gostamos , para viver para o que admiramos.

Conviver com a realidade é fazê-la melhor e não substitui-la por atos impulsivos, efêmeros. Sou capaz de comprar um carro para minha esposa, mas sou incapaz de elogiá-la pelas coisas mais simples. O eterno contra o imediato, o espiritual contra o material, a luz contra a escuridão. Abraão teria que viver e carregar essa dor pelo resto da vida, teria que viver pelo comando divino, Isaac, embora seja um herói, seu desafio não duraria mais de alguns segundos. Viver por um ideal ou morrer por ele, essa e a reflexão dessa linda parashá.

Bom dia

texto: YY  |  adaptação e revisão: Daniel Pels