Um possível caminho para lidar com modelos mentais

No clube do livro da empresa estamos lendo A Quinta Disciplina do Peter Sange. Um livro denso sobre como construir empresas que aprendem de maneira sistêmica.

Acabamos de ler o capitulo sobre Modelos Mentais e é sobre esse assunto que quero comentar.

O que são Modelos Mentais

Hoje, popularizados (e talvez até banalizados), os modelos mentais são conhecidos pela palavra "mindset".

Modelos são simplificações que fazemos para entender conceitos/eventos complexos. Modelo é sempre uma abstração da realidade e não a própria realidade. Nosso cérebro faz isso para conseguirmos processar a quantidade de informações que captamos por meio do nosso sentido.

Esses modelos, são um conjunto de crenças, que permeiam nossos comportamentos. Os modelos mentais moldam não apenas o que fazemos mas também a maneira como enxergamos o mundo.

Exemplo prático de modelo mental: Desconhecidos não são confiáveis.

Parece óbvio não é? Se a gente não conhece uma pessoa não tem porque confiar nela.

A questão é que esse é um exemplo de modelo mental que está arraigado na maior parte da sociedade que chega a ser um senso comum. 

Mas se examinarmos de maneira lógica, uma pessoa que não conhecemos também não tem nada que a desabone, nada que a faça ser menos confiável. Inclusive, todo mundo já foi desconhecido um dia pra você.

Outro modelo mental que não precisa de explicação: Pra desenhar precisa nascer com talento.

O problema com os Modelos Mentais

O primeiro grande problema é quando não temos consciência do modelo mental que estamos operando. Sem consciência não conseguimos questiona-lo e consequentemente melhorar ou descarta-lo.

O segundo grande problema é que os modelos mentais, por serem simplificações para entendermos a realidade, muitas vezes não refletem a realidade, pelo menos não para sempre.

Um exemplo que deixa claro o problema é quando o autor conta quando visitou diretores das três grandes montadoras de Detroit (Chrysler, Ford e General Motors) após eles terem visitados fábricas da Toyota no Japão. Eles não se impressionaram pois "Eles não nos mostraram fábricas reais", por que? "Porque não havia estoque".

O modelo mental de que fábricas precisam ter grandes estoque impediu que os diretores vissem o nascimento do sistema Just In Time, que com o passar dos anos ajudaria a Toyota a comer boa parte da fatia de mercado dessas montadoras.

Meu, eles ENTRARAM na fábrica e ainda sim não conseguiram ver. Modelos Mentais filtram o que enxergamos do mundo.

Uma possível solução

Nem tudo está perdido, existem sim formas se trabalhar os modelos mentais. Eis algumas dicas do autor:

Torne seu raciocínio explicito (diga como chegou ao seu ponto de vista e descreva os dados nos quais ele se baseia)

 Ao invés de "os clientes só se importam com preço", para colocar seu modelo de pensamento a prova diga: "Ao tentar fechar vendas os últimos três clientes  me disseram que só fechariam se tivessem um desconto de 10%, por isso concluo que os clientes só se importam com preço"

Estimule as outras pessoas a explorar seu ponto de vista (por exemplo: "Você vê lacunas no meu raciocínio?")

Estimule as outras pessoas fornecer pontos de vista diferentes (por exemplo: "Você tem outros dados e/ou conclusões diferentes?")

Indague ativamente sobre os pontos de vista de outras pessoas que diferem do seu próprio ponto de vista (por exemplo, "Quais são os seus pontos de vista ?" "Como você chegou a eles?" Você está levando em contato dados diferentes do que eu considerei?")

Ao indagar sobre os pontos de vista de outras pessoas sempre exponha claramente suas premissas e os dados que serviram de base para isso.

Ao chegar em um ponto onde as outras pessoas não parecem estar abertas a indagações sobre seus próprios pontos de vista pergunte dos dados/lógica utilizados e se é possível projetar um experimento para coletar mais informações

Enfim

Os nossos modelos mentais ditam o que vemos, como vemos e o que fazemos, por isso é mais do que saudável coloca-los sempre a prova. Questione o seu e o modelo dos outros

Não busque consenso mas sim um ponto de vista melhor, construído de maneira colaborativa.

Para o diálogo aberto sobre modelos mentais acontecer de maneira saudável é necessário que um ambiente de confiança seja construído. Trabalhe isso de maneira sistêmica e constante. Sem confiança não existe diálogo aberto.