Difamado por direitistas, conservadores e reacionários, criticado por esquerdistas, liberais e progressistas, o livro 'A Mente Moralista' é o resultado de pesquisas científicas em psicologia moral a respeito da onda de polarização que tomou c...
Difamado por direitistas, conservadores e reacionários, criticado por esquerdistas, liberais e progressistas, o livro 'A Mente Moralista' é o resultado de pesquisas científicas em psicologia moral a respeito da onda de polarização que tomou conta do mundo. A abordagem de Jonathan Haidt, embora localizada à geografia humana estadunidense, é um viés de análise da moralidade bem contemporâneo e que rompe em muitos momentos com o que o mundo acadêmico tem se debatido há séculos. Seu escopo é a defesa de que o raciocínio moral é sempre e tão somente mera reação justificatória para fins reputacionais. Fazemos o que fazemos não por critérios metafísicos de certo e errado, mas por automatismos adquiridos evolucionariamente em paralelo com o desenvolvimento de tradições culturais – grupais – mais eficazes em durar mais tempo e produzir mais descendentes. Obviamente, a obra navega contra as marés fundamentalistas à esquerda e à direita sem naufragar em preferências ideológicas absolutas, tentando demonstrar que a moralidade é mais um jogo de resiliência e sobrevivência, uma arte para a convivência saudável. Para além dos discursos tradicionais, Haidt consegue dar um passo à frente no desenvolvimento de uma "psicologia moral" que pode substituir tranquilamente as mais vetustas "filosofias morais". Fica a seu critério inventar desculpas (justificativas reputacionais) para ler ou não ler. Eis a questão. | ||