Enquanto eu escrevo essa newsletter é dia das crianças, então pensei que eu poderia contar com um pouco de esforço imaginativo e temporal dos meus leitores que estão recebendo a newsletter de setembro (viu?).
Enquanto eu escrevo essa newsletter é dia das crianças, então pensei que eu poderia contar com um pouco de esforço imaginativo e temporal dos meus leitores que estão recebendo a newsletter de setembro (viu?). | ||
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Na última edição que eu enviei disse que essa sairia em um dia específico, eu queria fazer um texto sobre o 11 de setembro no Chile, bastante inspirada pelo curso a esse respeito que fiz com a minha amiga Tatiana Mascarenhas, digitalmente conhecida como @nacontracapa, e depois pelos filmes que assisti por indicação do curso como "Machuca", disponível na Netflix. | ||
Acompanhamos as mudanças sociais e políticas em ebulição durante o governo de Salvador Allende seguidas de sua queda e assassinato (a execução foi militar, mas o apoio da classe média estava ali) pelo viés das crianças de uma escola privada que recebe alunos do sistema público. Há inclusive uma cena de reunião de pais na igreja que é fantástica por si só, resumindo em poucos minutos os pensamentos da sociedade em conflito na época. | ||
Foi nessa leva que emendei "Tenho medo, Toureiro", disponível no Prime Vídeo, que indiquei também na newsletter passada. Trata-se da adaptação de uma novela de Pedro Lemebel, poeta e militante LGBTQIA+ não traduzido por aqui, em que uma travesti se apaixona por um militante que planeja um ataque à Pinochet. | ||
Mas no meio disso tudo eu fiz aniversário, tomei minha segunda dose e mudei de casa. Foram esses os motivos práticos que eu elenquei como culpados pra atrasar a newsletter e me sentir no direito de pedir ajuda à imaginação de vocês, mas a verdade é sempre menos objetiva. | ||
A verdade é que eu não tava satisfeita com a newsletter anterior que mandei pra vocês, não pelo conteúdo, mas pelo formato. Eu queria algo que conversasse mais, tenho refletido muito sobre a rigidez das comunicações durante essa pandemia e sempre me parece que o e-mail nos apresenta essa rigidez como inescapável. | ||
Eaí eu me lembrei de newsletters que eu gosto muito de ler sempre que chegam, a da Isadora Attab e da Michelle Henriques, assim como uma que assinei recentemente chamada Livros e Lámen, da Gabi Barbosa. Basicamente elas escolhem um tema, um momento, um sentimento e discorrem sobre isso colocando várias diquinhas de conteúdo no caminho, como eu tô fazendo aqui. A única coisa que vai ser mantida é o TUDO OU NADA, porque é daquelas ideias bobas que a gente se orgulha de ter tido. | ||
Essa é também uma newsletter de transição como tudo o que tá acontecendo comigo agora, 26 anos, hoje completamente imunizada (15 dias se passaram desde a segunda dose) e morando sozinha. E esses momentos de mudança exigem sempre uma repactuação com o outro pra que os relacionamentos continuem, então eu só posso desejar que vocês gostem dessa ideia, desse formato e continuem comigo, que ainda estejam me lendo inclusive. | ||
Antes de partir pro tudo ou nada quero deixar um trechinho do prefácio de "A casa na Rua Mango", de Sandra Cisneros, não só porque ele fala sobre ter o seu espaço e o seu lugar pra produzir, mas também porque ele de alguma forma é esse relato, conversa sobre algo que a Virginia Woolf tinha dito muito tempo antes e de forma muito mais complexa em "Um teto todo meu". E é assim: | ||
"Não um flat. Não um apartamento de fundos. Não a casa de um homem. Não a de um pai. Uma casa toda minha. Com a minha varanda e o meu travesseiro, minhas lindas petúnias roxas. Meus livros e minhas histórias. Meus dois sapatos esperando ao lado da cama. Ninguém para ameaçar com um pedaço de pau. As tralhas de ninguém para recolher. | ||
TUDO OU NADA | ||
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Fico por aqui, mas esse mês ainda vocês me leem de novo na caixinha de e-mails! Beijão, B. |