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POR ESTE MENINO EU ORAVA - FRAGMENTO
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POR ESTE MENINO EU ORAVA - FRAGMENTO

Uma dura notícia

Elizabeth Fernandez Caceres
3 min
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Uma dura notícia

E assim camos nós dois: eu esperando ele dormir e ele adormecendo lentamente, naquele momento único, onde sua testa e a minha se encontram, onde sua respiração bate no meu nariz e esse cheiro de bebê enche o meu coração... Naquele momento, que é apenas nosso, em que o menor movimento roubaria o seu sono, respiro fundo e penso: “O que seria da minha vida sem você?”.

Samuel fazendo dez meses
Samuel fazendo dez meses

Em outubro de 2014, depois de ter sido alerta- da mil vezes pela minha ginecologista para fazer alguns exames, com certa relutância e sem muito incentivo fui a um laboratório para fazer um ultrassom. Com raiva do meu marido por causa de uma discussão gerada em um momento de profundo estresse no trabalho, cheguei, entrei na sala e deitei na maca. É claro que minha cabeça estava em mil lu- gares, menos ali. Eu estava fazendo o exame apenas porque minha ginecologista me havia dito que eu não poderia voltar ao seu consultório sem o resulta- do de um ultrassom.

O exame começou. Uma médica muito gentil ex- plicou os procedimentos que executaria em mim e concordei sem prestar muita atenção, pois pensava no final de semana e nas várias respostas que eu po- deria dar ao meu marido. Eu queria chegar em mi- nha casa o mais rápido possível, mas antes eu preci- sava ir ao supermercado fazer algumas compras para uma viagem e parar em uma papelaria para imprimir alguns arquivos. À medida que o exame progredia, eu ouvia: “ovários com presença de endometriose, útero com presença de endometriose, ligamento uterosacro com presença de endometriose”. Repetidas vezes a palavra endometriose era pronunciada. Naquele momento eu não me preocupava muito porque eu já conhecia pessoas que tinham endometriose e, na minha ca- beça, era algo completamente tranquilo de superar, combinado com a falta de informação que eu tinha até então.

Ela prosseguiu:

— Você está com endometriose profunda, mas não se assuste.

Essa frase “não se assuste”, assusta.

— Recomendo que você vá o mais rápido pos- sível conversar com o seu médico para ver quais as medidas a serem tomadas.

Saí do laboratório, peguei o telefone e imediata- mente marquei uma consulta com a ginecologista. Eu a veria em três dias. Sentei-me no carro e, como “boa paciente” pesquisei no Google sobre endome- triose profunda. No resultado da pesquisa surgiu repetidamente a palavra infertilidade. Fiquei sentada no meu carro tentando digerir esses resultados sem qualquer maturidade. A discussão com meu marido desapareceu e eu me tornei um mar de lágrimas.

Três dias depois fui à ginecologista, obviamente com esperança de que o Google tivesse exagerado, como quase sempre, e que meu problema pudesse ser tratado com algum medicamento.

Mostrei a ela os meus exames. Ela lia o relatório médico, movia a cabeça, respirava fundo e continua- va lendo. Eu a observava com os olhos arregalados, esperando sua resposta. Por fim, terminou a leitura, pegou caneta e papel e me explicou, da forma mais simples do mundo, o que é a endometriose. Logo, assegurou que suspeitava ser esse o meu diagnóstico, pois eu já estava há um ano sem fazer uso de an- ticonceptivos e não havia engravidado. Então, sem nenhuma empatia, sem o cuidado de mãe ou pelo menos o companheirismo de mulher, com uma voz seca e parecendo não compreender o peso que pode- ria ter sua afirmação, disse:

— Você não tem nenhuma possibilidade de ter filhos. É completamente infértil! O tipo de endometriose que tem nunca te permitirá ser mãe. Eu não consigo tratar essa enfermidade e te recomendo a blábláblábláblá...

Sua voz foi ficando distante e uma neblina se pôs sobre a minha cabeça. Milhares de pensamen- tos começaram a saltar um sobre o outro. Eu olhava firmemente para a médica, mas sem escutar muito bem as suas palavras. Ela me deu uns papéis com alguns contatos que dobrei e guardei na minha bol- sa enquanto separava a chave do carro. Comecei a me levantar para sair, pois a consulta havia chegado ao final.

Com um nó no estômago, questionei:

— Não há nenhuma possibilidade?

— Não, nenhuma! — Foi o que ela respondeu.

Abri a porta do consultório e a secretária me perguntou:

— Está tudo bem?

— Não sei! — Respondi.

Capítulo primeiro do livro "Por este menino eu orava" de minha propia autoria. Nele eu relato o milagre que Deus fez na minha vida, me curando da endometriose e me dando dois lindos filhos.

Se você quiser ler o livro completo, basta você ingressar no link: "Por este menino eu orava"