Serena, café com cliente e ciclos
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Serena, café com cliente e ciclos

Serena Willians se aposenta das quadras e saca para as mesas de negociação. Será que ela imaginava esse dia chegando? 

Amanda Zeni Beinotti
5 min
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Serena Willians se aposenta das quadras e saca para as mesas de negociação. Será que ela imaginava esse dia chegando? 

Assim como todas as pessoas, a vida dela também é feita de ciclos. Ela deixará o tênis profissional e passará a cuidar da empresa de venture capital, Serena Ventures. O capital de risco neste momento será a fonte de adrenalina na atleta. 

Aí entra o ponto. Como assim vivemos a vida toda sem saber o que acontece no dia seguinte e daqui 1, 5, 10 anos? Ao mesmo tempo que a curiosidade seria morta pelo gato que sempre a matou, não teríamos para onde fugir e sofreríamos pelo que ainda não ocorreu. Afinal, não teríamos outra opção. 

Que loucura! Já dizia Bob Marley - aqui peço licença, porque essa frase me marcou muito - a vida é uma alucinante aventura da qual não sairemos vivos. Jamais sairemos vivos, mas precisamos viver dia após dia. 

Aprendendo a lidar com os sentimentos, compreendendo o outro de uma forma que você pensava extrapolar os limites, confiando na sua capacidade, servindo ao próximo... enfim. 

Cada dia é parte de um ciclo. Em condições normais de temperatura e pressão, os ciclos vão se abrindo e fechando de forma natural, quando menos se espera. O tempo passa rápido. Você pensa ainda ser aquela menina apaixonada no colegial, mas pisca, e já saiu da faculdade, começa a pós-graduação e passa a olhar para frente buscando novos desafios.


Café com cliente

Na última sexta-feira, tive uma baita alegria. Um projeto que vinhamos desenvolvendo no escritório saiu do papel: uma conversa descontraída com o diretor jurídico de um dos nossos clientes. 

Para contextualizar: este diretor é há muitos anos cliente do escritório. Em um determinado dia, enquanto ainda era estagiária, precisei resolver um problema de certidão numa sala que cabiam 4 cadeiras. Numa estava ele, na outra a minha chefe e na terceira eu - a quarta ficou vazia. 

O "se vira nos 30" nunca foi tão real. 

Neste momento, aquele advogado passou a entrar em contato comigo diretamente para saber a atualização dos processos ou solicitar algumas certidões. Eu ainda era estagiária quando tudo isso aconteceu. 

Ele marcou muito a minha carreira, porque ele me viu como advogada e profissional muito antes de eu me tornar. Aquilo me encheu de motivação e disposição para seguir crescendo.

Voltando ao Café da última sexta-feira. 

Ele fez um discurso brilhante entrelaçando o contexto histórico-político-financeiro brasileiro, com a sua carreira e como iam as empresas por onde já passou. 

No início de sua carreira, advogado precisava saber advogar - ser técnico e estudar direito apenas. Hoje, ele, como executivo de uma empresa multinacional, entende que passa a ser essencial não apenas o direito, mas temas relacionados a gestão e estratégia. 

Além disso, bateu na tecla dos segundos e terceiros idiomas. Inglês passou a ser indispensável. Há muitas vagas para fora do país, mas poucas pessoas tem vontade e/ou coragem de buscá-las.

A globalização aproximou os países, os costumes e as pessoas. Ele deu um exemplo da Turquia, se eu não me engano. Passeava com sua mulher e avistou um outdoor das Havaianas, estrelando a Gisele Bündchen. A cultura e o produto brasileiro, neste caso, invadiram e inundaram aquele lugar. 

Por outro lado, o afastamento das pessoas é um ponto que lhe preocupa. Disse, em outras palavras, que sabe que existirá um momento de ouvir que uma mulher alemã engravidou de um brasileiro, estando cada um no seu país. 

As personalidades vêm mudando e, com isso, precisaremos buscar no direito soluções para essas novas realidades - que já estão ocorrendo. No início todos estão tateando. A velocidade com que as coisas mudam atualmente não têm comparação com a velocidade de mais de 70 anos da Revolução Indutrial. 

Iniciar estes projetos em escritórios de advocacia é desafiador, mas vale a pena, dentre outros detalhes, quando os espectadores vêm conversar, agradecer e questionar quando será o próximo. Era felicidade que não cabia em mim naquela sexta-feira.


Pílula da reflexão

Como já falamos, os ciclos abrem e fecham. Em macro pensamento, nascemos, crescemos e morremos. 

Neste meio tempo do "crescer", passamos a entender melhor as obrigações, as necessidades e todo o esforço que nossa família faz/fez para nos entregar o que pode - sabendo que ainda há muito para aprender. 

Entender que o ciclo encerrou é primordial para passar à próxima fase da vida. Os ciclos se fecham, sem avisar, sem poder sentir. As coisas mudam, cada qual passa a ter objetivos e características diferentes. E é preciso um esforço de todos os lados para cultivar amizades e plantar novas. 

Seguir o caminho com poucos - ou quase nenhum - arrependimentos é o que eu mais sonho. Quero cuidar da saúde mental para não chegar aos 80 pensando que poderia ter feito mais coisas. Quero entender que os fatos da minha caminhada não precisam se repetir na dos meus filhos. 

Quero viver - com todas as letras possíveis. 


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Valeu e até a próxima!

Amanda Zeni Beinotti.