O próximo Holocausto
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O próximo Holocausto

Leandro Ruschel
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Judeus chegando no Campo de Concentração de  Auschwitz, Maio de 1944.
Judeus chegando no Campo de Concentração de  Auschwitz, Maio de 1944.

Hoje é o Dia de Memória do Holocausto, observado na data de liberação do campo de Auschwitz, 27 de janeiro de 1945. Aproximadamente 6 milhões de judeus e outros grupos étnicos, além de opositores políticos, foram assassinados em massa pelos nazistas.

Mais do que nunca, é importante lembrar o que levou ao genocídio: a mentalidade revolucionária, a busca da engenharia social desde cima, com base nos mais altos ideais. Em retrospectiva, fica fácil apontar Hitler e o nazismo como representantes do que há de pior no ser humano.

Mas se qualquer um de nós vivêssemos nessa época, qual seria a nossa postura diante do movimento? Diferentemente do que é colocado, Hitler não hipnotizou o povo alemão, levando-o ao genocídio e à autodestruição, mas sim deu vazão ao seu ressentimento e busca por vingança.

Suas reformas e seu capitalismo de estado produziram forte crescimento econômico. Seu governo socialista era farto em oferta de todo tipo de bolsa e auxílio para a população. Seus discursos públicos falavam em paz e unidade. O discurso de ódio era apresentado de forma lateral.

Quem se opunha ao movimento era, na melhor das hipóteses, preterido socialmente. Na pior, seria perseguido e morto. Já aqueles que abraçavam o nazismo poderiam ascender socialmente e sentiam-se parte de um movimento, com um propósito "elevado" de construir o império de mil anos.

A perseguição a um grupo específico funcionava como uma ferramenta de união nacional e de autodesculpa para o fracasso nas guerras anteriores, já que se de fato a raça ariana era "superior", como poderia ter sido derrotada? O vitimismo sempre é muito atraente.

A verdade é que se qualquer pessoa fosse transportada para aquela época, a chance maior seria dela participar da "loucura das massas", ao invés de se colocar em oposição ao movimento revolucionário, pois essa é a natureza humana.

Por isso é tão importante o esforço para lembrar, dia após dia, do mal que o ser humano é capaz, pois nós somos falhos e podemos facilmente nos envolver com ideais potencialmente catastróficas, que produzirão sofrimento, guerra, pobreza e morte.

É salutar que os crimes do nazismo sejam sistematicamente lembrados e condenados, mas é inaceitável que os crimes do seu irmão gêmeo, o comunismo, não tenham o mesmo impacto e não são nem mesmo conhecidos por boa parte das pessoas, especialmente os jovens.

Enquanto o nazismo usava a desculpa da raça, o comunismo na sua forma original utiliza a desculpa da classe social para perseguir adversários e eliminá-los, para criação de uma "nova era" e de um "novo homem", não por acaso, dois termos utilizados por nazistas e comunistas.

Não podemos esquecer que o próprio regime nazista aprendeu a tecnologia dos campos de concentração dos comunistas, uma realidade abafada até hoje, além da cooperação entre os dois regimes na década de 30, até meados da Segunda Guerra.

Por ter participado da guerra contra os nazistas e ter emergido como força vencedora, além de ocupar um espaço no coração de intelectuais de miolo mole, os crimes dos comunistas, que produziram muito mais sofrimento e mortes que os próprios nazistas, quase nunca são lembrados.

Foram de 20 a 60 milhões de mortos na antiga União Soviética, de 50 a 100 milhões de mortos na China de Mao, e de 5 a 10 milhões em outros países pelo mundo. Infelizmente, ao invés de condenações, o comunismo ainda recebe apreço de intelectuais, artistas e outros influenciadores.

O marxismo sofreu mutações, e se apresenta hoje na forma da política de identidade. "Minorias" seriam exploradas pelo sistema, controlado por "homens brancos ricos e héteros", que operariam sistematicamente para explorar tais mulheres, negros, índios, gays, etc...

Substitua "homem branco", por "judeu", ou por "burguês" e será difícil observar grandes diferenças na retórica utilizada hoje pelos revolucionários em relação à retórica utilizada por nazistas ou comunistas, no passado.

Para quem acredita que exagero, saiba que a morte dos judeus nas câmaras de gás, ou de kulaks nos Gulags soviéticos não aconteceram da noite para o dia. Tudo começa como uma ideia, que vai envenenado a mente das pessoas, como Dostoievski apresentou brilhantemente em "Demônios".

Não estamos observando, nas últimas décadas, o crescimento sistemático dessa ideia de "opressão às minorias"? À definição do "valor" das pessoas pela sua raça, sexo ou mesmo inclinação sexual? E a vilificação de outros com base nos mesmos critérios?

Temos que lembrar que hoje a tecnologia permite o controle absoluto de cada ser humano no planeta. Campos de concentração e Gulags não precisam mais assumir a forma de prisões físicas. Num apertar de botão, é possível acabar com a vida de uma pessoa, e mantê-la presa para sempre!

“Os capitalistas que pensam que é possível separar a sociedade dos negócios serão as primeiras pessoas a se alinhar contra a parede e serem fuziladas na revolução. Terei prazer em fornecer comentários em vídeo.” Dick Costolo, ex-CEO do Twitter
“Os capitalistas que pensam que é possível separar a sociedade dos negócios serão as primeiras pessoas a se alinhar contra a parede e serem fuziladas na revolução. Terei prazer em fornecer comentários em vídeo.” Dick Costolo, ex-CEO do Twitter

Mais do que nunca é preciso desenvolver a consciência dessa ameaça e afastar o espectro do extremismo ideológico que justifique a perseguição por motivos políticos de quem quer que seja. O Estado de Direito serve justamente para garantir os direitos individuais básicos.

Quando a Lei precisa ser reinterpretada para justificar perseguições, ou novas leis precisam ser criadas para esse fim, sabemos que estamos no limite da civilização e já entramos em território de risco, a antessala da barbárie. E não é exatamente isso que estamos observando?

Sob a desculpa de "lutar contra mentiras", ou aplacar o "discurso de ódio", pessoas que buscam manter de pé a civilização estão perdendo seus direitos, enquanto revolucionários, os verdadeiros mentirosos e propagadores de ódio, concentram cada vez mais poder.

Acordemos enquanto é tempo. O mundo opera em ciclos, infelizmente os tempos totalitários estão de volta. Vamos permitir que mais um mar de sangue inunde o planeta, em nome da "justiça social"? Ou, na melhor das hipóteses, que sejamos escravizados pelos "virtuosos"?