Após apenas um jogo, a fase de grupos já começa a entrar em seus momentos decisivos, pois em um campeonato de tiro tão curto como uma Copa do Mundo, onde o máximo que um time pode jogar são 7 vezes, não há espaço para erros nem tempo hábil pa...
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Após apenas um jogo, a fase de grupos já começa a entrar em seus momentos decisivos, pois em um campeonato de tiro tão curto como uma Copa do Mundo, onde o máximo que um time pode jogar são 7 vezes, não há espaço para erros nem tempo hábil para consertos. Após uma primeira rodada marcada pelo domínio fácil da seleção equatoriana sobre os donos da casa e um confronto equilibrado entre Senegal e Holanda onde os europeus saíram com a vitória, mesmo que não fossem tão merecedores da mesma na minha opinião, chegamos para o segundo dia do Grupo A, e consequentemente o sexto dia da Copa, com grandes decisões já acontecendo. | ||
No primeiro jogo, Qatar e Senegal se enfrentariam. Como os dois times que perderam, ambas as seleções chegavam pressionadas para esse jogo, pois o empate poderia ser ruim para ambas, visto que dependeriam de mais resultados além dos próprios na terceira rodada e uma derrota significava, basicamente, a eliminação da competição. Já no confronto entre os vencedores Equador e Holanda, a vitória aqui significa a classificação assegurada para as oitavas de final, mesmo com um jogo ainda a ser realizado. Assim, o segundo dia de jogos deste grupo prometia grandes emoções. | ||
Qatar x Senegal - Ir Além | ||
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A atmosfera ao redor do Al Thumama era tensa. Senegal, lambendo as feridas após a perda de sua principal estrela semanas atrás e ainda sentindo o baque após a derrota contra a Holanda quando sentiu que tinha chances de vencer, enfrenta o Qatar, que sentiu a decepção de não ter visto sua preparação se transformar em uma boa estréia na Copa e a quebra do recorde de ser a primeira seleção anfitriã a ser derrotada na primeira rodada da Copa, e somente a vitória interessava ambas as equipes. | ||
O Qatar até tentou fazer algumas mudanças no seu esquema de jogo, começando pela mudança em seu goleiro, visto que o titular da primeira partida se mostrou bem inseguro, principalmente em momentos que tinha que sair do gol em jogadas aéreas. Além disso, fez uma mudança na zaga, retirando Al Rawi e colocando Pedro Miguel, que na primeira rodada jogou como uma ala direito, assim fazendo a ponta direita de sua zaga sendo tecnicamente mais capaz de iniciar jogadas, colocando então Mohamed pela ala direita, tornando o time mais agudo e ofensivo por ali. Para compensar isso, Boudiaf, volante mais forte na marcação e que normalmente joga mais centralizado foi movido para a direita, trazendo maior equilíbrio para o meio campo, desta forma, Madibo entra no lugar de Hatem, sendo outro homem marcador. O plano parecia ser reforçar a marcação pelo meio e, ao recuperar a bola, trabalhar com bolas longas em diagonais para os alas, saindo do lado direito para o ala esquerdo ou do lado esquerdo para o ala direito, trabalharem em velocidade ou em passes diretos para a dupla de ataque de Ali e Afif. | ||
Já Senegal não teve tantas mudanças assim, Mendy continuou como goleiro, mesmo tendo cometido falhas no jogo contra a Holanda, na defesa, a mudança foi de Jakobs ganhando a titularidade sobre Abou Cissé, aplicando mais técnica e ofensividade, já que Jakobs é, originalmente, um meio campista. A maior mudança ficou por parte do meio campo, na primeira rodada tivemos uma dupla de volantes de Nampalys Mendy e Kouyaté resguardando o meio, devido a necessidade de um maior poder de marcação por parte de Senegal contra a Holanda, deixando Idrissa Gueyé mais solto para ser mais ofensivo. Com a lesão de Kouyaté, Gueye recuou para jogar ao lado de N.Mendy, torcendo o meio campo mais leve e criativo, Sarr e Diatta são mantidos nas pontas, mas ao invés de mais um homem no meio campo, Senegal escolheu ir para cima colocando Diedhiou no ataque ao lado de Dia. | ||
Logo aos 4 minutos, notamos a ampla superioridade senegalesa sobre o Qatar, este segundo apenas conseguindo tentar bolas longas ineficazes para armar seu jogo. Sarr desde o início causou problemas na defesa Qatari, conseguindo consistentemente ganhar seus duelos contra Ahmed. A bola aérea também continuou sendo um problema, com a zaga extremamente inoperante em suas marcações e o goleiro com saídas tão abismais quanto as do primeiro jogo. A fragilidade defensiva do Qatar continuava escancarada, da mesma forma a inefetividade criativa. A melhor chance de ataque do Qatar no primeiro tempo veio através de um contra ataque rápido, onde Afif chegou muito próximo ao gol, mas não bateu e tentou simular um pênalti, inutilmente. | ||
Embora Senegal pressionasse, não conseguia jogadas claras de gol para além de lances individuais ou chutes de fora, o que já começava a preocupar os africanos. Mas já próximo do fim do primeiro tempo, em um cruzamento despretensioso para dentro da área, o zagueiro Qatari falha em cortar e a bola sobra para Dia, que não perdoa e abre o placar. Já no começo do segundo tempo, aos 3 minutos para ser preciso, a bola aérea também castigou, com um levantamento no primeiro poste e uma cabeçada perfeita de Diedhiou, abrindo 2x0. | ||
Com isso Senegal pareceu relaxar, contando com o jogo ganho devido à ineficiência do Qatar em fazer qualquer coisa, deixando a bola com eles. O Qatar então começa a gostar do jogo e ter um pouco mais de posse, atacando principalmente com velocidade e alguns chutes de longe. Em uma arrancada de Afif que encontra Ali, Mendy é obrigado a fazer uma excelente defesa, provando que a insegurança do primeiro jogo tinha ficado para trás. O Qatar continuou em cima, com a dupla de laterais-alas direito de Pedro Miguel e Mohamed causando problemas. Em determinado momento, em um cruzamento na área, eles chegaram a ficar em 2x1 contra a marcação, obrigando Mendy a fazer uma das defesas mais bonitas da Copa até aqui. O Qatar continuou a pressionar até que, em sua jogada mais característica, em um lançamento longo do zagueiro pelo lado esquerdo até Mohamed na linha de fundo pela direita para que ele fizesse um cruzamento alto e o camisa 9 Muntari, especialista em jogo aéreo, conseguisse diminuir o placar. O primeiro gol do Qatar na história das Copas. | ||
Antes que o Qatar pudesse se empolgar, Ndiaye, que havia acabado de entrar, escapa pelo lado direito de ataque, o mesmo lado que Sarr conseguiu explorar durante todo o primeiro tempo, e rola no meio para Dieng, que coloca números finais à partida. | ||
Ao fim, Qatar é eliminado em dois jogos, mas para uma seleção que nunca apresentou grandes desempenhos em âmbito mundial, há algumas conquistas durante o ciclo, como o título da copa asiática, o padrão de jogo sempre presente e não necessariamente desorganizado dentro de campo e, acima de tudo, seu primeiro gol. | ||
Já Senegal ainda sonha com a classificação, tendo uma final contra o Equador na terceira rodada. | ||
Destaques: Gueye (Senegal), Mendy (Senegal), Mohamed (Qatar) e Sarr (Senegal) | ||
Holanda x Equador - Líder sem mérito | ||
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A segunda rodada se abria em clima de final para Equador e Holanda. Ambos os times venceram, mas com partidas bem diferentes. A seleção equatoriana dominou o Qatar completamente e, antes do fim do primeiro tempo, já se poupava para as próximas partidas, com um adversário inofensivo diante de si. Já a Holanda teve muitas dificuldades e, apesar do 2x0, não mereceu vencer Senegal. | ||
Para essa partida, a Holanda chegava com algumas mudanças após as dificuldades que apresentou. No gol, Nopert parece ter ganhado a vaga definitivamente, após uma boa primeira partida, a zaga veio um pouco modificada, com Van Dijk e Aké mantendo sua solidez defensiva e capacidade de criação, mas no lugar de DeLigt, Timber ganha a titularidade, provavelmente muito por momento, já que o zagueiro do Bayern não apresentou muita segurança em sua partida. Nas alas Dumfries e Blind são mantidas, bem como De jong no meio, porém seu companheiro deixa de Berghuis e passa a ser Koopmeiners, para gerar uma maior segurança nas costas de Dumfries na direita. Já no ataque, o jovem Gakpo, que fez uma excelente primeira partida, ganha uma vaga mais frente no lugar de Jansen, sendo o parceiro de Bergwijn no ataque, com Klaassen se tornando o meia atacante. Embora não hajam grandes mudanças de estilo, o treinador tentou melhorar o time através de titularidades de jogadores que apresentaram um desempenho melhor durante a primeira partida quando entraram. | ||
Já o Equador veio modificado até mesmo no esquema, assumindo um esquema de 3 zagueiros. Provavelmente pela estrutura de 3 atacantes móveis da Holanda, fazendo assim que os zagueiros tenham um melhor encaixe de marcação em momentos defensivos, colocando Porozo para se juntar a Torres e Hincapié. Com isso, os dois laterais, que são naturalmente ofensivos, ganham ainda mais liberdade para subirem e ajudarem mais na construção de meio campo, bem como nos ataques pelas laterais. Com isso, quem perdeu a vaga para a entrada do 3 zagueiro foi Ibarra, jogador mais agudo pela esquerda acabou sendo preterido pela presença de Estupiñan por aquele lado. O meio campo se manteve com Caicedo e Méndez, com uma dupla de meia-atacantes um pouco mais a frente deles, com Valencia e Plata, mantendo assim o esquema de 3 homens ofensivos, porém com eles jogando mais pelo centro do campo devido a presença dos dois alas. Estrada comandava o centro do ataque aqui. | ||
O jogo começou bem físico, com o quadrado Mendez-Caicedo-Valencia-Plata mordendo bastante a saída de bola da Holanda, mas logo no começo, em uma bola brigada na entrada da área, Gakpo acha um foguete e o envia diretamente para o gol, fazendo seu segundo gol na Copa e colocando a Holanda na frente. | ||
Mas aí os ajustes de Equador começam a funcionar, graças aos 3 zagueiros, os atacantes holandeses não tinham tanto espaço para trabalhar e, por ter um meio campo mais povoado, a equipe equatoriana passa a controlar a área. O ataque do trio Caicedo-Valencia-Estupinan pela esquerda foi efetivo durante todo o jogo, explorando a fragilidade defensiva de Dumfries, obrigando o bom goleiro Nopert a trabalhar bastante do primeiro tempo. | ||
Antes do intervalo, o Equador empata, mas o gol é anulado por causa de um polêmico impedimento. Mas logo no começo do segundo tempo, em uma bola roubada por Plata no campo de ataque, Estupinan finaliza e, com o rebote de Nopert, Valencia empata o jogo, se consolidando como artilheiro da Copa naquele momento com 3 gols. E além do gol anulado, o Equador merecia a virada, pressionando e até explodindo uma bola no travessão, em um belíssimo chute de Plata, ao mesmo tempo não permitindo chances da Holanda, não importando os ajustes feitos. | ||
O jogo terminou empatado, mas, novamente, este foi um resultado injusto, com o Equador dominando grande parte do jogo. Os recados que ficam são que, embora a Holanda tenha conseguido um empate neste jogo e a vitória sobre Senegal, indo para uma partida fácil contra o Qatar para assegurar sua vaga, não foi melhor ou dominante em nenhuma das duas partidas, como se esperava que fosse, tornando preocupante a situação da equipe no mata mata, que agora fica de olho no grupo B esperando um fragilizado segundo lugar para ter esperanças de ir mais longe. Já o Equador sai bem decepcionado aqui, tendo feito um jogo muito bom e saindo apenas com o empate, vai jogar a vida contra Senegal, valendo a provável última vaga do grupo (Se a Holanda confirmar a vitória contra o Qatar, o que é de se esperar), o fator de consolação é que eles tem o benefício do empate ao seu favor. | ||
Destaques: Estupiñán (Equador), Valencia (Equador), Gakpo (Holanda), Plata (Equador) | ||