Diário da Copa 11 - Céu Estrelado
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Diário da Copa 11 - Céu Estrelado

Como podem ver acima, a classificação do grupo C está como todos esperavam (ironia). Após um empate, embora não esperado, não surpreendente, entre Polônia e México e uma chocante, a mais chocante da Copa provavelmente, derrota da Argentina pa...

Enrich Vasconcelos
7 min
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Como podem ver acima, a classificação do grupo C está como todos esperavam (ironia). Após um empate, embora não esperado, não surpreendente, entre Polônia e México e uma chocante, a mais chocante da Copa provavelmente, derrota da Argentina para a Arábia Saudita, o grupo C chegava para a segunda rodada com uma frase que em nenhum momento pensou-se possível: "a Argentina pode ser eliminada na segunda rodada."

A Polônia pegava a Arábia nessa rodada e, apesar da vitória, ninguém colocava muita fé de que a Arábia seria um oponente acirrado, mas no futebol, motivação e confiança são capazes de ensinar qualquer time a jogar futebol. Já no confronto entre Argentinos e Mexicanos, o clima era pesado, com todo um mundo apoiando a seleção Mexicana, pois tudo o que todos queríamos dizer era "e o Messi tchau, Messi tchau, Messi tchau tchau tchau!"

Polônia x Arábia Saudita - Não há nada como a Copa

                                        Lewandowski comemora seu primeiro gol em copas
                                        Lewandowski comemora seu primeiro gol em copas

Embora fosse um gol importante para o grupo, toda a pressão do dia estava na outra partida, o que fez com que essa partida fosse um pouco ofuscada. Enquanto a Arábia vinha de vitória sobre a Argentina e extremamente motivada, a Polônia falhou em vencer o México mesmo tendo um pênalti a seu favor e agora viria para tentar a redenção.

Embora mantivesse o mesmo esquema tático, a Arábia Saudita trouxe algumas modificações em relação ao time que iniciou o jogo contra a Argentina. No gol, Al Owais é mantindo como o titular, na lateral direita, mantém-se Abdulhamid e na zaga Tambakti é substituído por Al Amri, que já era cotado para ser titular desde o inicio da copa. Na lateral esquerda, Al Sharani é substituído por Al Burayk, que constrói um pouco mais por dentro. No meio, Kanno é mantido na linha com Al Malki, mas Alfaraj não iniciou a partida, sendo substituído por Alnaji. O trio de ataque se mantém, com Al Dawsari sendo o principal nome aqui.

Já a Polônia mantém sua zaga inalterada, mas sua formação tática muda de um 4-1-4-1 mais leve que foi usado contra o México para um 4-4-2 com uma maior aproximação a Lewandowski. Isso gera uma mudança muito grande no meio, com Zienlinski saindo do meio e indo jogar pela direita, enquanto Krychowiak ganha mais liberdade pelo meio campo, já Zalewski, Szymanski e Kaminski perdem as vagas para Bielik pelo centro do meio campo, Frankowski atuando como um meia aberto pela direita e Milik fazendo dupla mais a frente com Lewa.

A Arábia começou muito bem, confiante e ofensiva, forçou a Szczesny a fazer boas defesas desde o começo do jogo. A Polônia, perdendo o meio campo, começa a apostar em bolas longas e em uma dessas, acha uma jogada muito bem trabalhada entre Cash e Frankowski, que cruza na área e Lewa aparece, tenta tirar do goleiro e quase manda pra fora. Mas o atacante estava muito focado e determinado nessa partida e, com uma grande visão de jogo, recua para Zielinski abrir o placar e jogar um balde de água frica no ânimo saudita.

As bolas longas continuaram a chegar pro Lewa, que continua pressionando, mas é a Arábia que chega mais próxima do segundo gol, com um pênalti marcado ao seu favor. Al Dawsari bateu e Szczesny fez boa defesa e, logo em seguida, realiza um milagre no rebote, destruindo completamente o psicológico da Arábia. 

No segundo tempo, os Sauditas continuaram martelando, mas sem a calma necessária para marcar. Milik ainda conseguiu uma bola no travessão para lembrar a todos que a Polônia ainda atacava, mas era a defesa que mantinha a vitória, até que, nos momentos que mais se precisa, as estrelas brilham. Lewandowski, que já tinha colocado uma bola na trave momentos antes, vê o zagueiro vacilar durante a pressão alta e, roubando a bola, sai cara a cara com o goleiro.

Esse lance me chamou muita atenção. Não por Lewa marcar o gol, todo o mundo do futebol já se cansou de ver isso. O polonês, neste dia, marcou seu gol de número 527 na carreira, mas o que me chamou a atenção foi que ele... chorou. O maior artilheiro da história do campeonato alemão, artilheiro de champions, ganhou tudo que já conquistou, 91 gols em Champions League. E ele chorou em um gol de 2x0 em um jogo de segunda rodada contra a Arábia Saudita. Aos 34 anos, fez seu primeiro gol em Copas, mas tenho certeza que este gol, que não há nem garantia que fará diferença para a classificação, é o gol mais importante de toda a sua carreira, pois não há nada como a Copa.

Com isso, o grupo se embola e, enquanto a Polônia decide a vida contra uma pressionada Argentina, a Arábia ainda joga pela classificação contra o México e, após as apresentações desses dois jogos, me arrisco a dizer que eles são favoritos.

Destaques: Lewandowski (Polônia), Szczesny (Polônia)

Argentina x México - No hay nadie como tú

                                                        Messi comemora primeiro gol da Argentina
                                                        Messi comemora primeiro gol da Argentina

Existe uma grande mística ao redor de grandes nomes do futebol. Esse jogo aconteceu em um momento extremamente tenso, pois, após a derrota para a Arábia, a Argentina joga a vida contra o México no aniversário de dois anos de falecimento de Maradona. 

Por todo lugar que se olhasse, só havia Messi e Maradona no estádio, e esperava-se que o primeiro honrasse o segundo. Os mexicanos sabiam também o que estava em jogo, eliminar a Argentina era um sonho, mas um empate para decidir tudo contra a Arábia na última rodada não era visto com maus olhos.

O jogo começou como é esperado de dois times latinos. Garra, vontade, travas da chuteira e disposição. Bastante tenso, os times pareciam ter ideias claras de jogo, o México fechava todas as linhas de passe que levavam ao Messi e tentava puxar contra-ataques, a Argentina tentava achar o Messi. Em um dia em que as estrelas decidiram, Mbappé decidindo contra a Dinamarca, Lewandowski decidindo contra a Arábia, esperava-se muito de Messi, mas a melhor chance do primeiro tempo veio com o México, em uma batida de falta lindissima de Vega para uma defesa ainda mais brilhante de Martínez.

Quando o próprio Messi teve sua chance de falta no começo do segundo tempo, todos estiveram em pânico, mas, como é muito estranho dele, a falta não chegou nem perto. Foi então que aquela dúvida cruel começou a aparecer: "sera que hoje não é o dia de Messi?". La Pulga já teve algumas eliminações marcantes em que, por mais que tentasse, nada dava certo e esse parecia ser mais um desses dias. Mas deixou de ser no momento em que o marcador mexicano pensou a respeito.

Di Maria levanta a cabeça e parece não acreditar no que vê, Messi, completamente desmarcado, instantaneamente ele vira o corpo e lança uma bola rápida para ele que domina, ergue a cabeça e mostra que, nos céus do Qatar, sua estrela brilha mais que as outras. Um chute perfeito, rápido, forte, a bola foi queimando a grama, fugindo do goleiro, entrando na lateral da rede. E a partir daí é tudo fábula. Não se pode deixar este homem pensar dentro de campo, pois sua genialidade é incomparável. 

A jogada do segundo gol, vinda de Enzo Fernández, é realmente maravilhosa, mas um mero detalhe (o que não pode ser detalhe é que Fernández tem que ser titular nesse meio de campo). Um país inteiro clamou por sua estrela e, mesmo em um jogo ruim, ele os atendeu, com isso a Argentina continua viva e agora decide a vaga contra a Polônia, duas das maiores estrelas do futebol mundial se enfrentando e somente uma deve conseguir a vaga.

Destaques: Messi (Argentina), Enzo Fernández (Argentina), Otamendi (Argentina

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