Diário da Copa 15 - G é de Garapa
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Diário da Copa 15 - G é de Garapa

O Grupo G vem para sua segunda rodada com um quadro já previsível. Brasil um pouco a frente das demais seleções, não por elas serem fracas, mas pelo Brasil ser bem superior, enquanto isso, todas as outras seleções demonstrando um nível muito ...

Enrich Vasconcelos
8 min
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O Grupo G vem para sua segunda rodada com um quadro já previsível. Brasil um pouco a frente das demais seleções, não por elas serem fracas, mas pelo Brasil ser bem superior, enquanto isso, todas as outras seleções demonstrando um nível muito próximo de jogo, com as partidas podendo ir para qualquer um dos lados.

Para a segunda rodada, Suiça e Brasil se enfrentavam, com o vencedor podendo garantir a classificação antecipada, no outro lado, Camarões e Sérvia tentavam se recuperar após duras derrotas na primeira rodada

Camarões x Sérvia - Sempre há espaço para shows

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Ambos os times vieram para esta partida com o que tinham de melhor á disposição. 

A Sérvia veio mais ofensiva do que foi contra o Brasil, por razões óbvias, trazendo Kostic para a ala esquerda, dando muito mais agressividade ao time, e com Maksimovic no lugar de Gudelj, deixando o meio campo mais técnico. Já Camarões veio com duas mudanças, uma delas no gol, com o goleiro-estrela da seleção, Onana, sendo afastado da equipe, por razões de insubordinação ao técnico, por desavenças no estilo de jogo do time, sendo substituído por Epassy. No meio campo, Gouet dá lugar para Kunde.

O jogo começa pegado, embora bem menos físico do que a Sérvia se mostrou contra o Brasil. Mitrovic, desta vez, teve bem mais espaço para atuar, conseguindo uma tabelinha com Tadic, colocando uma bola na trave em uma jogadaça. Logo em seguida perdendo uma chance clara num vacilo da zaga. Parecia questão de tempo até a Sérvia, que jogava melhor, abrir o placar. Mas não foi o que aconteceu. Após um lance de bola parada, há um desvio na primeira trave e, com a mudança de trajetória, a bola chega para Castelletto, sozinho na segunda trave, abrir o placar. O jogo então fica mais morno, com a Sérvia mantendo a posse e tentando trabalhar melhor a bola, mas sem conseguir penetrar tão tranquilamente na zaga camaronesa como o fazia antes.

Até que, nos acréscimos, em uma batida de falta primorosa de Tadić, Pavlovic empata o jogo de cabeça, levando o jogo assim para o intervalo. Ou era o que se esperava. Não se pode dizer como um show deve continuar. Menos de 2 minutos depois, a Sérvia chega novamente próximo da área, roubando uma bola com Zikovic, que toca para Milinkovic-Savic. O melhor jogador da Sérvia domina e, estava tão desmarcado, que chega a ser surpreendente a finalização não ter sido melhor, mas o goleiro ainda não consegue evitar e, em 3 minutos, a Sérvia havia virado o jogo. 

Ambas as seleções voltam sem mudança e, o que também não muda, é o domínio sérvio que, antes dos 10 minutos do segundo tempo, consegue fazer 3x1 com uma belíssima jogada coletiva, que culmina no gol de Mitrovic. Neste ponto, o jogo parecia decidido, mas então veio a substituição que muda o jogo: sai o meio campista Hongla e entra o atacante Aboubakar, mudando para um esquema de 4 atacantes. 

Com a vantagem mais elástica, a Sérvia parece tirar um pouco o pé, enquanto Camarões se lança ao ataque. Com mais posse, Camarões começa a criar mais volume, com Aboubakar mostrando que entrou bem no jogo. Em um lance de bola longa, Aboubakar recebe sozinho, bem adiantado, dribla um zagueiro que passa batido e dá um cavada forte para diminuir. Qual não foi a surpresa ao perceberem que ele, na verdade, NÃO estava impedido e o gol foi legal. Um dos mais bonitos da Copa por sinal. A Sérvia parece sentir o golpe e, 3 minutos depois, em um lance extremamente parecido, com Aboubakar atacando a linha de defesa durante uma bola longa e o mesmo jogador dando condição, o atacante camaronês novamente sai na frente do gol, mas desta vez toca para Choupo-Moting empatar. Antes do fim do jogo, Mitrovic até tem mais uma chance de marcar, mas não aproveita e o jogo se encerra assim.

Depois do melhor jogo das 7hrs da manhã, a Copa começa a chegar em seus momentos mais decisivos, com os jogos da 3 rodada se aproximando, Sérvia vai para o confronto decisivo contra a Suíça, onde o vencedor pode ganhar a vaga. Já Camarões enfrenta o Brasil, precisando vencer e torcer para o outro jogo terminar em empate para se classificar em 2°.

Destaques: Aboubakar (Camarões), Mitrovic (Sérvia), Milinkovic-Savic (Sérvia), Zambo-Anguissa (Camarões)

Brasil x Suíça - Asfixia

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O Brasil vinha relativamente preocupado para esta partida. Mesmo tendo vencido por 2x0 sem sofrer sustos, Neymar e Danilo, duas peças fundamentais desta seleção (Neymar por seu talento e Danilo pela inconfiabilidade de seu reserva) haviam se lesionado e não jogariam esta partida. Para seus lugares, Tite trouxe Militão, cobrindo a lateral direita como um terceiro defensor, liberando Alex Sandro para subir um pouco mais enquanto Casemirou era invertido de lado para conseguir cobrir a área esquerda de forma mais eficiente. Para a "vaga" de Neymar, entra Fred, que passa a fazer a função que antes estava com Paquetá, que é movido mais para a frente como o 10 desta partida, Tite optou por voltar ao seu esquema tradicional, com um volante marcador, um volante de ligação e um meio campista armador, algo que ele tinha aberto mão na primeira partida para poder usar o quinteto Paquetá-Neymar-Raphinha-Vini Jr-Richarlison juntos. A única mudança da Suíça ficou por parte de Rieder entrando no lugar de Shaquiri, algo impensável 4 anos atrás. 

Havia tensão e incerteza no ar, pois mesmo os mais otimistas dos torcedores pareciam sentir que havia algo errado após as lesões, como se a sorte tivesse mudado de lugar. O jogo começou bem menos físico do que contra a Sérvia, mas a Suíça vinha igualmente fechada, diminuindo espaços e cortando passes mal feitos, mas esta seleção é mais perigosa pois, diferente da Sérvia, o contra-ataque deles é uma arma latente, pronta para ser usada, algo que não acontecia com a lentidão Sérvia. O começo até foi promissor, com Paquetá enxergando duas boas chances nos primeiros 20 minutos, mas que foram bem defendidas pela Suíça. A inversão de bolas também funcionou bem no começo, com Raphinha encontrando a infiltração de Vini Jr aos 26, que infelizmente pega mal na bola e Sommer, um excelente goleiro, faz a defesa. Uma jogada individual de Raphinha também encontra o caminho do gol, parando novamente no referido goleiro. O Brasil chegava bem ao ataque, mas parecia faltar algo e o meio de campo despovoado pelo centro deixava claro o quê: todo o time sentia a falta de Neymar ali. Vini e Raphinha não tentaram tantas infiltrações quanto normalmente tentam, pois sabiam que o passe teria menos chances de chegar. Richarlison teve que se movimentar bem mais para buscar a bola. Nem Fred nem Paquetá atacaram a área tanto quanto deveriam. O Brasil era melhor, mas não sufocava. 

No segundo tempo começou o sufoco: ao redor do pescoço do torcedor. Um nó na garganta começa a se formar a medida que o cronômetro avança e, as poucas escapadas suíças parecem deixar tudo ainda pior. Mas nessas horas aparecem alguns dos nossos melhores jogadores até aqui: o trio defensivo central. Thiago Silva, Marquinhos e Casemiro tem feito partidas monumentais. O estilo de controle do Brasil é bem diferente da de outras seleções. Enquanto Espanha e Alemanha, por exemplo, dominam de forma bem clara seus jogos, ambos mantém uma grande vulnerabilidade em transições. O Brasil não é desta forma, ele pressiona, mas sem expor seus pilares defensivos, cercando e sufocando suas vítimas, sem permiti-las revidar. E isso fica claro com, ao final dos jogos da segunda rodada, o Brasil é o ÚNICO time da Copa sem nenhum chute realizado contra o gol. Um sistema defensivo tão sólido que não permitiu um chute em mais de 200 minutos de Copa até aqui.

Ofensivamente, o time começa a melhorar no segundo tempo, com Rodrygo entrando no lugar de Paquetá logo no começo e conseguindo atuar entre linhas melhor do que seu companheiro, quebrando as linhas de marcação da Suíça, mas só com a entrada de Bruno Guimarães no jogo no lugar de Fred é que o time parece engrenar. Isso se exemplifica com a Suíça não mais conseguindo escapar, pois com o sistema ofensivo funcionando melhor, as bolas não recuavam do meio de campo e, também, com o gol de Vini Jr, mesmo que impedido. Lentamente a suíça foi-se vendo contra a parede, sufocada e sem reação, mas sem permitir espaços. E é aí que entra a genialidade. 

Vini Jr cria uma jogada pela esquerda, com o espaço aberto, Casemiro infiltra enquanto Vini passa para Rodrygo que, de primeira, toca para Casemiro abrir o placar com um gol belíssimo. Coroando a excelente atuação

O jogo não foi tão fácil quanto todos esperavam, muito pelas ausências já citadas, mesmo tendo criado bastante, mas foram, acima de tudo, seguros. Vale lembrar que Sérvia e Suíça são as responsáveis por Portugal e Itália terem ido para as repescagens europeias durante as classificatórias, repescagem essa que tirou a Itália da Copa e quase tira também Portugal. O Brasil pegou o grupo mais difícil entre os favoritos ao título e, diferente de todos os outros, venceu sem sofrer em momento algum, classificando-se com uma rodada de antecedência e podendo cravar o primeiro lugar com um simples empate, mesmo sem seu principal jogador à disposição. Uma performance absolutamente dominante.

Destaques: Casemiro (Brasil), Thiago Silva (Brasil), Vini Jr (Brasil), Bruno Guimarães (Brasil)

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