OS TRÊS MAIORES ERROS AO FAZER PLANOS DE AÇÃO EMERGENCIAL
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OS TRÊS MAIORES ERROS AO FAZER PLANOS DE AÇÃO EMERGENCIAL

Planos de ações emergenciais  podem ser uma dor de cabeça para muitos empreendedores que, no seu negócio, convivem com a possibilidade, mesmo que seja mínima, de terem que dar a resposta a um incidente, estes planos, nada mais são que ações n...

LÉO FARAH
8 min
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Planos de ações emergenciais  podem ser uma dor de cabeça para muitos empreendedores que, no seu negócio, convivem com a possibilidade, mesmo que seja mínima, de terem que dar a resposta a um incidente, estes planos, nada mais são que ações necessárias a serem desencadeadas após a ocorrência de um evento adverso, ou sinistro. Planos de evacuação, planos de acionamento de sirene, e fluxogramas de aviso interno e externo que envolvem empresa e  dependendo do setor podem afetar uma comunidade próxima.

Uma das grandes lacunas que existe no gerenciamento deste tipo de operação se dá pelo fato de que diversas agencias, após a eclosão de uma crise, participam da resposta e da tentativa de retorno do status de normalidade. O aumento do risco, complexidade, confusão, dinamismo e incerteza (os 5 fatores responsáveis por definir uma crise) instalados após o evento ter eclodido,  fazem com que uma ferramenta gerencial seja necessária para ser utilizada por todos os agentes que participam do evento, mas tem doutrinas, organogramas e processos muito diferentes um dos outros.

Realizar ações imediatas de resposta, parece não ser algo novo para muitas pessoas que lidam com gestão de risco e emergências, mas o grande fator que atrapalha nessa resposta, é que exercícios simulados e treinamentos são atualmente feitos para se cumprir protocolos, e não treinar realmente as equipes que deveriam responder. Isso cria um ciclo de erros que NÃO serão corrigidos em uma operação real. 

No simulado, os agentes de resposta já sabem que o evento irá acontecer, inclusive sabem qual o tipo de acidente que irão atender, isso faz com que o fator surpresa não exista, ou seja, coração disparado, sudorese excessiva, visão em túnel que são normais diante de uma emergência não vão existir. O responsável por acionar o alerta ou alarme está em prontidão, (nunca no banheiro, almoçando ou em uma ligação), não haverá delay, atraso, ou necessidade de plano B. Os órgãos de resposta já sabem que o treinamento irá acontecer e se preparam para um possível acionamento. Esta é atual conjuntura dos simulados em empresas. O fator incerteza, o que leva maior peso no incidente não existe.

Uma situação real não escolhe, data e horário para acontecer, pode ser no almoço, em um final de semana prolongado por um feriado ou inclusive na noite de Natal onde as folgas coletivas são praxes.

Mas então, como gerenciar esta situação? Bom primeiramente, o responsável por gerenciar esta crise, e este profissional pode variar de cada empreendimento, podendo ser um técnico de segurança do trabalho, um especialista em segurança, ou então uma empresa terceirizada para fazer esta gestão (o que eu recomendo), deve ter em mente que o objetivo não é “voltar à normalidade” anterior, como muitos manuais de gestão de crise pregam, mas sim obter as rédeas do controle da situação e passar da fase de resposta para a fase de PLANO DE AÇÃO DE INCIDENTE  o mais rápido possível. E para isso uma das melhores ferramentas que existem sem dúvidas é o Sistema de Comando de Incidentes ou Sistema de Comando de Operação.

Pare para pensar, quando acontecer uma emergência, ou evento que foge totalmente do seu controle, normalmente você irá ligar 193, para o corpo de bombeiros e provavelmente uma equipe que NUNCA esteve naquele local, NUNCA conversou com os envolvidos, e talvez NUNCA tenha vivenciado uma situação como esta, irá resolver o incidente sem provocar danos colaterais. MAS COMO?

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A pessoa responsável pela gestão da emergência ou do desastres tem que compreender que em um primeiro momento, não há tempo de se realizar qualquer tipo de planejamento para atuar, é preciso responder, fazer aquilo que foi treinado (se foi treinado), a fase de adestramento mental, onde as pessoas que trabalham com operações especiais falam que seus agentes “não precisam pensar, eles simplesmente tem uma resposta imediata cerebral”, assim como um cão  de guarda  que é adestrado para atacar na invasão de uma residência, os responsáveis por responder a emergência tem que ter o condicionamento mental de que SALVAR VIDAS, ESTABILIZAR A SITUAÇÃO, E EVITAR DANOS COLATERAIS serão a prioridade em qualquer crise. Este é o grande diferencial de uma equipe externa à suas empresas, seja do corpo de bombeiros, seja uma equipe de resposta a incidentes, em relação aos funcionários que convivem naquele meio e que talvez até tenham treinamentos na área: RAZÃO x EMOÇÃO.

É extremamente difícil que pessoas ligadas ao evento consigam ter uma resposta adequada de gestão à crise, uma vez que, em se ratando de acidentes ou desastres, alguns dos respondedores podem ser afetados direta ou indiretamente, sendo fisicamente ou até emocionalmente atingidos, um amigo próximo que acidentou ou morreu por exemplo. Em segundo lugar, por estar imerso dentro do problema ele não consegue enxergar, muitas vezes, saídas obvias, pois irá sempre pensar com emoção e não razão.  Terceiro e principal, pelo fato de que o peso de tomar decisões erradas pode incidir em ser demitido por exemplo da empresa, ou “levar a culpa” por uma decisão, e isso pesa e muito nas ações de decisórias. 

Por isso, vemos que empresas terceirizadas por gerenciar incidentes, como Alpha Omega, Enviromental Works, dentre outras, tem tanta procura nos EUA. Elas realizam a gestão dos desastres ou crises, não havendo a relação de emocional com a empresa e conseguem tomar decisões racionais em uma emergência.

Todas estas empresas adotam o SCI como ferramenta gerencial de maneira que a integração entre as equipes, sejam militares, agentes municipais, estaduais ou federais, falem a mesma língua e fiquem sob uma gestão compartilhada e que saibam tudo o que está sendo feito através do gerenciamento por objetivos:

O SCI tem como premissa alguns princípios que facilitam muito sua gestão:

Comando unificado;

Gerenciamento por objetivos;

Plano de ação do incidente;

Organização modular;

Estabelecimento e transferência de comando;

Cadeia e Unidade de comando;

Amplitude (nível) e controle gerenciável;

Gerenciamento integral dos recursos

Terminologia Comum;

Comunicações integradas;

Instalações padronizadas;

A integração e adoção do SCI é tão simples que em operações como do rompimento da Barragem de Mariana, Brumadinho e até nas ações de planejamento e resposta ao COVID esta ferramenta é utilizada para integrar todos os órgãos e muitos deles são inseridos neste contexto e trabalham normalmente sem saber que estão sendo geridos através desta ferramenta.

Ter um comando unificado e centralizado que irá decidir as ações a serem implementadas é fator fundamental para o sucesso da missão.

Os agentes (agencias responsáveis pelo evento) primeiramente focam na fase da resposta, enquanto uma equipe, dependendo da proporção do Incidente, irá realizar o planejamento para um determinado período operacional. Assim que este planejamento fica pronto, é realizada uma reunião de avaliação da resposta, para verificar se o planejamento é implementável para aquele tipo de evento.

Caso seja aprovado, o planejamento é colocado em prática pelos responsáveis por operacionalizar as ações, caso não seja possível, o planejamento é revisto juntamente com os responsáveis operacionais por responder o evento, e chega-se na melhor solução possível para aquele momento.

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Para que isso seja feito, é necessário um local físico onde as autoridades responsáveis por cada agência possam decidir as ações a serem desencadeadas. Este local é que chamamos de posto de comando, ou sala de coordenação e controle, nela existe uma estrutura mínima necessária para que as ações em campo possam ser gerenciadas e coordenadas 24h durante a resposta a um incidente. Em todo e qualquer batalhão de bombeiros você encontrará uma sala de operações com os meios necessários para se gerenciar uma operação. Independente se há ou não uma emergência acontecendo. O estado de prontidão deve ser constante, saber que IMPREVISTOS SÃO PREVISÍVEIS é um grande trufo de quem gerencia um incidente.

Os três maiores erros, portanto, são:

Treinar como se não fosse acontecer: Os treinamentos simulados, externos principalmente, fogem da realidade operacional, e para que seja possível realizar um treinamento real, você precisara de pessoas que já participaram de operações reais. A teoria é muito importante, mas a realização de simulados exige a experiência de profissionais que já vivenciaram emergências. Geralmente você não conseguirá fazer isso externamente por isso foque nos simulados internos para melhorar sua resposta.

Não ter uma sala de controle 24 horas: Se você sabe que pode acontecer um incidente (afinal se você precisa fazer um PAE é porque isso é uma possibilidade), tenha os meios gerenciais para o incidente. Ter uma sala de coordenação e controle previamente montada para gestão da emergência pode ser um ganho operacional imprescindível. Para se ter ideia o primeiro posto de comando do incidente das torres gêmeas foi montado no saguão da torre 1, e com ele se perderam todas as informações iniciais do evento.

Ter uma equipe terceirizada para gestão de crise: Existe um delay entre o incidente e a resposta, diminuir este delay faz com que haja um sucesso ou um fracasso na missão. Toda empresa precisa sim ter uma equipe de resposta que irá gerenciar o incidente, mas uma equipe externa é como um seguro de carro que irá, em um momento de crise, quando ocorrer um acidente, saber exatamente o que fazer, pelo fato de que o carro não lhe pertence, ou que não exista uma pessoa que ela conheça envolvida no acidente. Ninguém quer utilizar o seguro, mas quando acionado, você quer que ele te traga um pouco de tranquilidade.

PARA SABER MAIS SOBRE GERENCIAMENTO DE CRISES: 

PARA SABER MAIS SOBRE GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIAS E DESASTRES: 

PARA SABER MAIS SOBRE SIMULADOS E PLANOS DE EVACUAÇÃO: 

PARA DOWNLOAD DE FORMULÁRIOS EDITÁVEIS DE SCI E SCO:

  • LEONARD DE CASTRO FARAH - CAPITÃO DOS BOMBEIROS. 
  • CONSULTOR DE GESTÃO DE EMERGÊNCIAS E DESASTRES.
  • BACHAREL EM CIÊNCIAS MILITARES.
  • MESTRE EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DE DESASTRES - UFOP.
  • PÓS GRADUADO EM GESTÃO DE EMERGÊNCIAS E DESASTRES.
  • DISASTER MANAGEMENT SPECIALIST - JICA TOKYO JP.
  • ESPECIALISTA EM SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES.
  • LEADERSHIP AND HIGH PERFORMANCE TEAM SPECIALIST -HARVARD BUSINESS SCHOOL.
  • ESPECIALISTA EM REDUÇÃO DO RISCO DE DESASTRE - ONU OCHA.
  • ESPECIALISTA EM GESTÃO DE DESASTRES - UNESCO.