1.99 News | A escalada da vida e suas pegadinhas
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1.99 News | A escalada da vida e suas pegadinhas

Sempre haverá alguém fazendo algo melhor do que nós, seja um tempo melhor, seja uma montanha mais alta, seja com mais facilidade.

Leonardo Capel
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A escalada da vida e suas pegadinhas

Em junho de 2019, enquanto estava no processo de querer escrever o meu livro, O Dilema dos Millennials, mas não me achar capaz o suficiente para isso, convidei um amigo, Guilherme Kazuo, para fazer algo inusitado: escalar o Morro do Anhangava, uma das montanhas mais populares do estado do Paraná, no Brasil.

Particularmente, sempre gostei de esportes, em especial os coletivos, porém, de uns tempos para cá, venho buscando atividades novas, que me desafiem e que trabalhem o meu corpo e concentração de uma forma diferente.

Até então nunca havia escalado, e, quando contei para algumas pessoas que iria fazer isso no final de semana, quase ninguém acreditou. Sendo bem sincero, depois de fazer o convite, eu esperava que chovesse ou o meu amigo desistisse, mas nenhuma das coisas aconteceram, pelo contrário, acho que foi o dia mais ensolarado do ano.

Ao chegarmos no local da escalada e estacionarmos o carro, perguntamos ao senhor que cuidava do estacionamento quanto tempo levaria para fazer a escalada.

O senhor nos contou que a escalada demoraria em torno de 1h30 e que a pessoa que fez o melhor tempo fez em 21 minutos a subida e em 15 minutos a descida.

Essa foi a pior e a melhor coisa que esse senhor fez por nós.

A pior, porque o tempo todo eu ficava pensando que tínhamos que fazer em menos de 1h30 a subida, senão seria uma vergonha.

Durante a subida, encontramos crianças de 10 anos e até mesmo um cachorro, isso só reforçava o quanto era possível.

Resumo: após muito suor, água, paradas e quase 2h, chegamos a um dos cumes.

A melhor, pois esse foi um dos motivos que nos levou a ficar algumas horas lá no topo, conversando sobre a vida, sobre a Síndrome do Impostor e sobre nos compararmos constantemente.

Essa escalada me fez refletir que eu preciso cuidar mais da minha saúde e de que a vida pode ser comparada a subir uma montanha.

Ao analisarmos a vida como um todo, sempre haverá alguém fazendo algo melhor do que nós, seja um tempo melhor, seja uma montanha mais alta, seja com mais facilidade.

O problema é quando olhamos essas conquistas sem termos o contexto do que a pessoa fez e viveu para conseguir aquilo e estipulamos aquilo como um objetivo para nós.

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Mais tarde, ao atingirmos esse objetivo, olhamos ao redor e vemos que existe algo ainda maior para ser conquistado, fazendo com o que alcançamos parecer trivial aos nossos olhos.

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Um exemplo é quando eu comecei a aprender inglês. Eu queria aprender a conversar e me comunicar de forma clara com as pessoas.

Porém, quando eu atingi esse objetivo e mudei de escola de idiomas, essa conquista já não parecia mais especial. Então, o meu sentimento passou a ser de ansiedade e de que meu nível de inglês talvez não fosse bom o suficiente. Eu via os outros alunos e sentia que o meu inglês não era tão bom assim, que eu precisava ter um vocabulário ainda mais vasto, entender tudo perfeitamente e falar sem erros.

Esse padrão de estipular um objetivo, alcançá-lo e, em seguida, esquecê-lo imediatamente, trazendo o sentimento de que essa conquista não era tão importante, é algo que eu comecei a notar em várias áreas da minha vida.

Talvez, isso seja um padrão que você perceba em sua vida também.

Não há nada de errado em estabelecer metas mais difíceis. O problema da Síndrome do Impostor é que você, ao alcançar algo, apaga o progresso realizado, alterando seus padrões para colocá-lo “abaixo” do que considera atualmente bem-sucedido.

E isso, faz um mal danado para sua autoestima e para as suas ambições.

Ser ambicioso é algo positivo, mas nunca deixe de valorizar as suas conquistas.


PS: Se você leu e gostou desse e-mail, por favor, me responda com sua opinião, sou eu que leio todos os e-mails e respondo também. Ficarei extremamente grato!