Sempre haverá alguém fazendo algo melhor do que nós, seja um tempo melhor, seja uma montanha mais alta, seja com mais facilidade.
A escalada da vida e suas pegadinhas | ||
Em junho de 2019, enquanto estava no processo de querer escrever o meu livro, O Dilema dos Millennials, mas não me achar capaz o suficiente para isso, convidei um amigo, Guilherme Kazuo, para fazer algo inusitado: escalar o Morro do Anhangava, uma das montanhas mais populares do estado do Paraná, no Brasil. | ||
Particularmente, sempre gostei de esportes, em especial os coletivos, porém, de uns tempos para cá, venho buscando atividades novas, que me desafiem e que trabalhem o meu corpo e concentração de uma forma diferente. | ||
Até então nunca havia escalado, e, quando contei para algumas pessoas que iria fazer isso no final de semana, quase ninguém acreditou. Sendo bem sincero, depois de fazer o convite, eu esperava que chovesse ou o meu amigo desistisse, mas nenhuma das coisas aconteceram, pelo contrário, acho que foi o dia mais ensolarado do ano. | ||
Ao chegarmos no local da escalada e estacionarmos o carro, perguntamos ao senhor que cuidava do estacionamento quanto tempo levaria para fazer a escalada. | ||
O senhor nos contou que a escalada demoraria em torno de 1h30 e que a pessoa que fez o melhor tempo fez em 21 minutos a subida e em 15 minutos a descida. | ||
Essa foi a pior e a melhor coisa que esse senhor fez por nós. | ||
A pior, porque o tempo todo eu ficava pensando que tínhamos que fazer em menos de 1h30 a subida, senão seria uma vergonha. | ||
Durante a subida, encontramos crianças de 10 anos e até mesmo um cachorro, isso só reforçava o quanto era possível. | ||
Resumo: após muito suor, água, paradas e quase 2h, chegamos a um dos cumes. | ||
A melhor, pois esse foi um dos motivos que nos levou a ficar algumas horas lá no topo, conversando sobre a vida, sobre a Síndrome do Impostor e sobre nos compararmos constantemente. | ||
Essa escalada me fez refletir que eu preciso cuidar mais da minha saúde e de que a vida pode ser comparada a subir uma montanha. | ||
Ao analisarmos a vida como um todo, sempre haverá alguém fazendo algo melhor do que nós, seja um tempo melhor, seja uma montanha mais alta, seja com mais facilidade. | ||
O problema é quando olhamos essas conquistas sem termos o contexto do que a pessoa fez e viveu para conseguir aquilo e estipulamos aquilo como um objetivo para nós. | ||
Mais tarde, ao atingirmos esse objetivo, olhamos ao redor e vemos que existe algo ainda maior para ser conquistado, fazendo com o que alcançamos parecer trivial aos nossos olhos. | ||
Um exemplo é quando eu comecei a aprender inglês. Eu queria aprender a conversar e me comunicar de forma clara com as pessoas. | ||
Porém, quando eu atingi esse objetivo e mudei de escola de idiomas, essa conquista já não parecia mais especial. Então, o meu sentimento passou a ser de ansiedade e de que meu nível de inglês talvez não fosse bom o suficiente. Eu via os outros alunos e sentia que o meu inglês não era tão bom assim, que eu precisava ter um vocabulário ainda mais vasto, entender tudo perfeitamente e falar sem erros. | ||
Esse padrão de estipular um objetivo, alcançá-lo e, em seguida, esquecê-lo imediatamente, trazendo o sentimento de que essa conquista não era tão importante, é algo que eu comecei a notar em várias áreas da minha vida. | ||
Talvez, isso seja um padrão que você perceba em sua vida também. | ||
Não há nada de errado em estabelecer metas mais difíceis. O problema da Síndrome do Impostor é que você, ao alcançar algo, apaga o progresso realizado, alterando seus padrões para colocá-lo “abaixo” do que considera atualmente bem-sucedido. | ||
E isso, faz um mal danado para sua autoestima e para as suas ambições. | ||
Ser ambicioso é algo positivo, mas nunca deixe de valorizar as suas conquistas. | ||
PS: Se você leu e gostou desse e-mail, por favor, me responda com sua opinião, sou eu que leio todos os e-mails e respondo também. Ficarei extremamente grato! |