A leitora que existe em mim saúda etc
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A leitora que existe em mim saúda etc

Uma das minhas piadas mais frequentes com quem ainda suporta conversar comigo é sobre como eu nem sei mais ler. Livros são essa coisa bonita e cara que compõem decoração. Fico encarando a estante física e virtual - oi, #FicaEmCasa -, só pensa...

Lígia Colares
3 min
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Uma das minhas piadas mais frequentes com quem ainda suporta conversar comigo é sobre como eu nem sei mais ler. Livros são essa coisa bonita e cara que compõem decoração. Fico encarando a estante física e virtual - oi, #FicaEmCasa -, só pensando no tempo bom que era conseguir me concentrar em textos de mais de 280 caracteres.

Meu pai levou um susto quando ficou sabendo disso. Meu companheiro mais antigo de leitura, uma das principais influências para eu ter me tornado leitora, ele atualmente mantém uma média de 4 livros lidos por mês, tudo em e-book, normalmente leituras feitas no trem para o trabalho todos os dias. Aí eu fui reparar que a forma como ele leva o hábito da leitura é muito diferente da minha.

Foto de duas mãos segurando um kindle e uma paisagem de praia ao fundo. Podia ser eu, mas o Brasil não colabora.<br>
Foto de duas mãos segurando um kindle e uma paisagem de praia ao fundo. Podia ser eu, mas o Brasil não colabora.

Primeiro que ele é imune às promoções de e-books gratuitos: "pra que eu vou pegar se eu não tenho tanto interesse em ler?", ele me perguntou. E eu lá sei responder isso? Segundo que ele não mantém uma grande biblioteca de livros não lidos, pelo contrário. Ele encontra algo que gosta, lê, finaliza, e só então vai atrás da próxima leitura no KU. Incrível, né?

Sei que na verdade isso aí não é nada além do saudável. Mas sabe quando uma coisa simples te ajuda a mudar a perspectiva? Eu percebi que fico tão presa nos livros que já tenho, que não me dou o direito de ler o que quero. Dar aquela namorada boa na capa e na sinopse, arriscar um escritor diferente. E querendo ou não, a Lígia que comprou ou baixou aqueles livros todos já não é a mesma de agora, né?

Foi pensando nisso que decidi seguir a indicação de uma pessoa que me conhece como ninguém e começar a ler Jonathan Strange & Mr Norrell, da Susanna Clarke. E olha que incrível, não só as 1056 páginas não me assustaram, como estou conseguindo facilmente ler nos intervalos entre obrigações, porque estou GOSTANDO de ler!

"... não existe nada no mundo tão fácil de explicar como o fracasso... É, afinal de contas, o que todo mundo alcança o tempo inteiro." (Jonathan Strange & Mr Norrel, por Susanna Clarke)

Um e-mail repleto de coisas óbvias, mas importantes. Afinal, às vezes a gente se prende tanto na nossa bolha e nos nossos hábitos, que esquecemos de olhar tudo por uma nova perspectiva. Ou uma velha perspectiva, já que nem tudo que é atual é bom, veja só o Brasil 2021 não me deixando mentir.


Clube do livro: Esse sábado vai rolar um encontro virtual para debater Alvorada em Almagesto, escrito pela Teresa Mira de Echeverría e lançado pela Monomito Editorial. O livro é uma ficção científica new weird, e a escritora tem uma potência de escrita arrebatadora. Se tiver interesse em participar da conversa é só me avisar que eu te envio o link do grupo!

Newsletter: Hoje é o dia oficial livre de mandar newsletter, e eu fiz um fio no twitter para quem gosta dessas conversas e de literatura. Muita gente boa, e uma forma de você definir seu próprio ritmo para acompanhar notícias. Vou atualizando o fio aos poucos, se você tiver uma newsletter, me manda o link que coloco lá também! <3

Um abraço virtual - porque ainda odeio aquele toquinho de cotovelo. Aos novos inscritos, sejam bem vindos!

Não esquece da segunda dose da vacina, usar máscara e guardar aquele trocadinho pra guilhotina, viu? Se cuida!