FEITIÇO DO TEMPO
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FEITIÇO DO TEMPO

Lucas Luiz
2 min
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No seu “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, Douglas Adams, ainda nos primeiros incidentes incitantes, coloca o personagem principal, Arthur Dent, diante uma situação absurda; ele descobre que o seu melhor amigo, Ford Prefect, é na realidade um alienígena provindo de um planeta perto de Betelgeuse. Em negação, Arthur, apenas se permite pensar: “Hoje deve ser quinta-feira. Nunca consegui entender qual é a das quintas-feiras”. Eis a sensação constante do corinthiano. Um sentimento tão grande de impotência onde todos os jogos parecem quintas infinitas.

Assistir ao Corinthians gera o estranho efeito de déjà-vu, como se entrássemos à toca do coelho, vivêssemos em loop infinito, condenados a repetir o mesmo dia – ao melhor estilo “Feitiço do Tempo”. A derrota para o Cuiabá foi tão somente mais do mesmo. Tantos erros repetidos que não há tautologia a dar conta. O torcedor veste a máscara de palhaço e dorme repetindo a si “Eu já sabia. Assisti de bobo...”.

As trocas de passes e ultrapassagens simplesmente não acontecem. O meio-campo é incapaz de acelerar, a bola anda apenas de lado. As improvisações, via de regra, não funcionam e com isso o Corinthians já perde – de largada – dois ou três atletas no quesito técnico. Isso pensando, é claro, naqueles que podem entregar algo nesse sentido. Nem tudo é culpa do treinador, por óbvio. Há jogadores que são um completo disparate com a cara do torcedor. Inexplicável, um dito “setor de inteligência”, sugerir tais contratações.

A liderança desde muito parece um desses acasos da vida, daquelas coisas que só acontecem; sem qualquer explicação plausível. Mas sabemos não perdurar. Pelo menos, se destituído de correção de rota. Talvez a adequação para um estilo que possa favorecer o crescimento de Renato Augusto e Willian. Ou correções mais drásticas no elenco. Embora, saibamos, impossível pela condição financeira do alvinegro. Ou então, por último, num misto de desespero e sorte, surjam as espaçonaves Vogons para remover o planeta Terra e construir um desvio intergaláctico (ando com mais esperança nessa opção, confesso).

De momento, resta o tédio, o completo marasmo do Corinthians em campo. Seria mais prazeroso roer as próprias pernas com os dentes. E se aprendemos, desde cedo, que só o instante existe; o Timão é essa anomalia a ir contra a natureza, são três anos no mesmo dia.