PARA COROAR O JARGÃO E O GIGANTE
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PARA COROAR O JARGÃO E O GIGANTE

“Se não for sofrido não é Corinthians” é um dos jargões mais conhecidos do futebol brasileiro. Tantas e tantas vezes replicado que terminou adotado por rivais diversos. Sem o mesmo peso e o mesmo charme – vale a ressalva.

Lucas Luiz
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“Se não for sofrido não é Corinthians” é um dos jargões mais conhecidos do futebol brasileiro. Tantas e tantas vezes replicado que terminou adotado por rivais diversos. Sem o mesmo peso e o mesmo charme – vale a ressalva.

A máxima serve para ilustrar a fé corinthiana, essa capaz de elevar a palavra fiel ao seu máximo grau de acepção. E manter viva a chama da esperança até o último suspiro, mesmo quando tudo parece fadado ao naufrágio iminente; como o bom brasileiro em sua rotina suada, fazer das conquistas miúdas o toque alquímico, a virada de chave para se transbordar de alegrias. Refiro-me à massa, o povão, o suprassumo desse país para os quais alguns empinam o nariz e fingem ser melhores.

Se há quem insista em questionar a magia desse esporte, do alto do seu cercadinho de almofadinhas, cheios de expressões prontas, do tipo “alta cultura”, repetidas à exaustão, somente feito eco distante do sentido complexo e real da coisa em si (pura saturação semântica); é por carregarmos ainda aquele velho complexo de vira-latas diagnosticado por Nelson Rodrigues.

O Corinthians fez um jogo tecnicamente sofrível, nenhuma das ações ofensivas funcionou corretamente, não houve fluidez nas trocas de passes e nas ultrapassagens, apenas o bom e velho (brasileiríssimo) caminhão de chuveirinhos na área adversária. O gol até saiu assim, mas é pouco para uma equipe formada por Willian, Renato Augusto, Paulinho e Róger Guedes.

Outra vez faltou pegada, o Guarani pesou o pé nas divididas e levou vantagem em quase todas. Soube se fechar e utilizar a mesma arma do timão: a bola aérea. O empate pareceu justo no frigir dos ovos, um Corinthians pobre de ideias não mereceria – de fato – melhor sorte. A sorte acompanha o trabalho, dizem. E há um longo caminho diante Vitor Pereira.

Mas as emoções dos pênaltis jogam (com o perdão do trocadilho) para escanteio os problemas táticos, trazendo o futebol para aquilo que ele é em essência e o engradece: a paixão. Por isso o êxtase absoluto na defesa decisiva de Cássio. O ídolo tem oscilado não se pode fechar os olhos para isso, mas se agigante na hora certa.

Quando nada sai como o planejado, a predestinação faz a diferença. Talvez a partida dessa noite sirva recuperar de vez o gigante. De resto, é trabalho, meu filho.