TRADIÇÃO
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TRADIÇÃO

A época das férias futebolísticas alimenta uma antiga tradição do jornalismo esportivo brasileiro, cevada, hoje, mais e mais, pelas mídias sociais; costumo chamá-la de especulações vazias. Tem todo o charme das polêmicas forçadas, naqueles pr...

Lucas Luiz
2 min
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A época das férias futebolísticas alimenta uma antiga tradição do jornalismo esportivo brasileiro, cevada, hoje, mais e mais, pelas mídias sociais; costumo chamá-la de especulações vazias. Tem todo o charme das polêmicas forçadas, naqueles programas de debates gravados com muita antecedência para as duas últimas semanas do ano. Sempre uma lista interminável de possíveis contratações, um mar de pretenso humor, calibrado pelas piadas de tiozão dos participantes. Nada mais nosso que isso.

Quando surge o dito "Mercado da Bola", o corinthiano já coça a cabeça, sabe que dali a pouco emergirá uma onda de notícias sem qualquer fonte sendo discutida como fosse realidade manifesta: surge o nome de algum astro internacional inegociável, o que só pode ser proposital, para se fazer, depois, chacota com a cara do pobre torcedor; o IBGE aparece com uma nova pesquisa na sua prancheta - diminui-se ou aumenta-se, ao deus-dará, a distância entre o número de torcedores do alvinegro paulista e o rubro-negro carioca (fonte: confia); Tévez no Corinthians (mesmo o argentino tendo se aposentado, clássico é clássico, afinal); projeções de favoritismo para a temporada vindoura na qual, para a surpresa de zero pessoas, os jornalistas enumeram, pelo menos, quinze equipes à frente do coringão.

É verdade, Romero e Matheus Bidu não são lá nomes para emplacar capas de jornais (se estivéssemos nos saudosos anos noventa). Matheus, aliás, dispensa o Bidu, talvez por superstição, numerologia; Gabi fez isso e deu certo, questão de fé, pessoal e intransferível. E não chega a ser, Lázaro, a figura a transfigurar a confiança da torcida na ressurreição dos títulos, mesmo carregando no nome um personagem bíblico miraculoso.

Mantida a espinha dorsal de 2022, com o dia do fico de Yuri Alberto e Maycon, o corinthiano carrega aquela fagulha de esperança boba que é incapaz de se manter escondida, escorre nos sorrisinhos de canto de boca quando toca-se no assunto. Eu sei, eu sei, as expectativas precisam ser controladas para se evitar frustrações. Um time que honre a camisa, lute até o final, seja competitivo e se doe ao máximo, tá aí tudo que se pede. A vontade de onze Romero's, e, se preciso, bunda no chão. Os títulos voltarão no momento oportuno. Tradição é tradição. A nossa é a raça. Basta isso para preservar o seu maior patrimônio, Corinthians: o povão ao seu lado.