"Entre facas e segredos" – Comentário sobre o filme

Sinopse: Após a misteriosa morte de Harlan Thrombey, um celebrado autor de livros de mistério, o detetive Benoit Blanc é contratado para investigar o caso e chega às suspeitas de que Harlan, na verdade, fora assassinado, e que o responsável pelo crime é algum dos que estavam presentes na noite do crime, durante a sua festa de aniversário.

Direção: Rian Johnson

Ano de lançamento: 2019

País: EUA

Comentário: Similarmente a como a franquia Pânico trabalha com as convenções do terror pipocão, Entre facas e segredos funciona não apenas porque é autorreferente ao gênero de mistério, mas porque ele usa dessa abordagem metalinguística ao seu favor cinematográfico. A direção de Rian Johnson, nesse sentido, não se sai como pedante ou pretensiosa, mas como uma carta de amor imbuída de nostalgia aos filmes de mistério – e, com efeito, a tudo o que envolve esse tipo de enredo, de livros a jogos de tabuleiro. A grande inteligência do filme é se encaixar, no seu tom satírico e cômico, na descrença popular que se tem sobre o gênero de investigação: ele é um tipo de narrativa datado, sem dúvidas, mas é a partir dessa noção que o filme funciona, e não apesar dela. Ele assume, por exemplo, o exagero quase ridículo do detetive Benoit Blanc, porque é assim que esse "arquétipo do detetive" é percebido hoje em dia. Assim, em seu aparente sarcasmo, o filme ganha o público, e investimos na narrativa sem perceber de imediato a sua inventividade, a sua complexidade interior e as suas sutilezas, e o desfecho, mesmo sendo exatamente o que esperaríamos, soa novo, quase até inovador. Com a relembrança saudosa de como é ser surpreendido por um enredo de mistério, Entre facas e segredos nos mostra que ainda há muita originalidade a ser espremida das formas convencionais de narrativa.

Nota no Tameirômetro: 9/10

Onde assistir: Amazon Prime Video

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