"Noite vazia" – Comentário sobre o filme

Sinopse: Quatro bon vivants se encontram em um luxuoso apartamento de São Paulo para uma noite de prazeres, mas acabam sendo constantemente confrontados com os seus respectivos vazios espirituais.

Direção: Walter Hugo Khouri

Ano de lançamento: 1964

País: Brasil

Textículo crítico: Por mais que se passe quase inteiro em um apartamento, Noite vazia não deixa de ser um filme sobre o amor na moderna São Paulo.

Ou, melhor dizendo, um filme sobre o amor nesse contexto urbano moderno; a tragédia da paixão na modernidade, em um sentido bem romântico mesmo. Nessa ótica, é um bom exemplo de como as histórias podem, ao mesmo tempo, serem tão "atemporais", quanto "temporais": o drama do amor é antigo, mas a sua reiteração no contexto da cidade moderna, é novo.

Nunca na história houve-se tanto conforto, tantas facilidades que nos permitem a plena satisfação das nossas vontades, inclusive (alguns diriam "especialmente") as vontades carnais; todavia, essa atitude impulsiva nada de significativo, duradouro, produz, e o peso de uma existência essencialmente insignificante (esta que é produzida, em larga medida, pela vida moderna), se faz cada vez mais intenso.

Eis o drama de Noite vazia: cada um dos personagens tem o seu sofrimento, a sua problemática existencial, dentro desses "arquétipos" da sociedade moderna (especialmente, os das classes "mais altas", que têm mais acesso ao luxo frívolo): cada um deles sabe das suas dores, e, logo, as suas buscas incessantes de tentar tornar a noite minimamente agradável se torna a fuga do vazio que consome as suas almas.

Na sociedade moderna, os pecados da carne nunca estiveram tão sedutores; por outro lado, o inferno que os acompanha ainda existe e, acima de tudo, ainda se manifesta.

Nota no Tameirômetro: 9/10

Onde assistir: YouTube, em domínio público (procurem pela versão do canal "oldbrcinema")

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