"O som ao redor" – Comentário

Sinopse: Uma tensão implícita começa a crescer no cotidiano de um bairro de classe média-alta do Recife quando uma equipe de seguranças se oferece pra vistoriar a rua.

Direção: Kleber Mendonça Filho

Ano de lançamento: 2013

País: Brasil

Comentário: Uma forma razoável de se definir O som ao redor é que o filme, antes de tudo, se trata de uma crônica cinematográfica sobre o Recife e, com efeito, sobre todo o Nordeste. De um modo geral, não há nenhum conflito específico a que se possa chamar de central no enredo do filme; este é mais um conglomerado de núcleos de situações cotidianas pontuais que, pelo menos em um primeiro momento, não parecem mais extraordinárias do que um dia-a-dia comum. E, no entanto, há uma certa tensão que paira no ar, o filme sempre dá a impressão de que algum confronto implícito está acontecendo, de magnitudes muito maiores do que esse cotidiano que nos é apresentado, e que alguma coisa vai estourar a qualquer momento. Uma inteligente realização da parte de Kleber Mendonça Filho que, quando se associa aos apontamentos mais evidentemente sociopolíticos do filme, dilui toda uma gama de conflitos violentos (muito mais violentos do que o dia-a-dia contemporâneo, isto é), que se enraíza de modos bastante profundos com a história e, particularmente, com as relações de poder tirânicas que marcam o Nordeste, em um contexto aparentemente despretensioso da vida de classe média moderna. Em muito me intriga esse gosto de Kleber por fazer manifestar os fantasmas de um passado cujos traumas ainda se fazem muito mais presentes do que conseguimos perceber.

Nota no Tameirômetro: 8/10

Onde assistir: Netflix

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