Sinopse: Três dias na vida de Sylwia, uma influencer fitness no Instagram, enquanto ela lida com questões pessoais ao mesmo tempo que luta para manter e continuamente promover a sua imagem de saúde, equilíbrio e perfeição nos holofotes das re...
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Sinopse: Três dias na vida de Sylwia, uma influencer fitness no Instagram, enquanto ela lida com questões pessoais ao mesmo tempo que luta para manter e continuamente promover a sua imagem de saúde, equilíbrio e perfeição nos holofotes das redes sociais. | ||
Direção: Magnus von Horn | ||
Ano de lançamento: 2020 | ||
País: Polônia | ||
Comentário: Muito esclarecedor foi o apontamento do professor Philippe Leão ao relacionar, em uma chave de funcionalidade dramática, a introdução de Sweat com a de Cidadão Kane. Em ambos os casos, a função narrativa é a mesma: conceber uma imagem de ares mitológicos, mais emblemática do que humana em si mesma, para que o decorrer do enredo possa desconstruí-lo em sua frágil e limitada condição humana. No caso de Sweat, esse “mito” é o daquele propagado pelo marketing contemporâneo, sobretudo pelas redes sociais: a nossa protagonista, Sylwia, é basicamente o estereótipo da musa fitness, uma imagem da saúde e, de modo mais implícito, do empoderamento individual e do equilíbrio espiritual. Assim, a cena inicial, ao apresentar Sylwia se exercitando de maneira intensa por meio de uma câmera dinâmica cheia de estripulias, nos dá uma impressão primeira de que a protagonista é tudo aquilo que se vende ser. Quando essa câmera dinâmica permanece a mesma ao acompanhar Sylwia em sua vida corriqueira, em grande parte fora dos holofotes, no entanto, o efeito é uma espécie de confusão que, logo, se transforma em ansiedade: a câmera parece nos dizer que é para nos sentirmos ativos, motivados e dinâmicos, mas não é isso que o dia a dia de Sylwia comunica, especialmente quando as suas próprias questões pessoais mais profundas são introduzidas na narrativa. Além disso, a câmera de Magnus von Horn insiste em se aproximar de Sylwia, um contato que nos indicaria intimidade, mas, por ser sempre em zoom-in, é um contato que sempre soa forçado, artificial e mecânico. E essas ambiguidades emocionais, afinal, tornam-se o combustível do filme para a colisão com o mundo real e as suas questões reais, com mais dor e sofrimento do que o mundo do marketing contemporâneo nos tem de fato preparado para enfrentar. | ||
Nota no Tameirômetro: 8/10 | ||
Onde assistir: MUBI | ||
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