O Campeonato Brasileiro de 2022 tem mostrado jogos de um nível baixíssimo, inclusive das principais equipes. Jogos sem intensidade, com erros de passe, jogadores dispersos e preparo físico aquém do ideal. Muitos podem dizer que o calendário é...
O Campeonato Brasileiro de 2022 tem mostrado jogos de um nível baixíssimo, inclusive das principais equipes. Jogos sem intensidade, com erros de passe, jogadores dispersos e preparo físico aquém do ideal. Muitos podem dizer que o calendário é culpado, que os técnicos são ruins e que os jogadores não são do nível do futebol europeu. |
Tudo isso tem um ponto de verdade, temos um calendário que não permite um treinador preparar de forma razoável a sua equipe. Um jogo a cada três dias e com viagens longas em muitos casos. Um exemplo disso foi a passagem meteórica do Fábio Carille pelo Athletico. Em 21 dias o treinador teve sete jogos e apenas sete dias para treinar sua equipe. E pelos resultados, foi demitido. |
Um exemplo da logística é a situação do Cuiabá. O time se encontra no Centro-Oeste do Brasil, e em uma rodada precisa se deslocar para Florianópolis, três dias depois joga em Cuiabá e mais três dias precisa se deslocar para Fortaleza. Com isso o Cuiabá se desloca 4 mil quilômetros para ir e voltar de Florianópolis e mais 6 mil quilômetros para ir e voltar de Fortaleza. Isso tudo em um espaço de sete dias. |
O time nesses sete dias fez 3 jogos, precisando de treino, viagem e recuperação. Aí vem a pergunta, como o time irá jogar com intensidade e excelência nestes três jogos? |
E assim é com todos os times da Série A. Soma-se a isso jogos de Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana, onde dependendo do adversário, a viagem pode ter pelo menos 4 mil quilômetros somente pra ir e enfrentar uma altitude qualquer. |
A logística do futebol brasileiro não pode ser comparada com nada do que acontece na Europa. Na Premier League, metade dos clubes são de Londres, ou seja, em muitos casos o Chelsea precisa atravessar uma rua para enfrentar um adversário, é óbvio que sua intensidade será maior do que qualquer clube brasileiro, e até o time rebaixado por lá tem uma intensidade melhor que os melhores times daqui. |
Atualmente, metade dos técnicos da Série A são estrangeiros. Mentalidade diferente, metodologia diferente, perfil e até mesmo personalidade diferente do que se vê por aqui. E até por isso, o tempo com estes profissionais deve ser levado em conta, não só com eles, mas com os brasileiros também. Se a diretoria de um clube contrata um técnico, seja ele estrangeiro ou brasileiro, precisa acreditar no perfil e no planejamento escolhido. Mudança de treinador a cada seis meses não irá fazer o futebol melhorar e muito menos é garantia de títulos. O que até pode acontecer, mas por um acaso e pelo baixo nível apresentado por aqui. |
As últimas temporadas mostram um absurdo de jogos e de falta de preparação das equipes. 2019 foi o último ano em que o campeonato parou em datas FIFA e não tinha uma pandemia assolando o país. De 2020 para cá são jogos em cima de jogos, times desfalcados por seleções, por lesões e por Covid, e a temporada atual é ainda mais desumana porque tem uma Copa do Mundo no final do ano, e com datas FIFA até lá. |
Como cobrar excelência de um time com esse panorama atual? Para isso, ou o clube se organize minimamente em seu staff por trás do treinador e tenha um elenco equilibrado para poder rodar um elenco nesse cenário atual, ou, como se faz sempre no bom e velho futebol brasileiro, a mudança constante de treinador para afagar o ego de seu torcedor sedento por vitórias com goleadas e atuações dignas de um Manchester City da vida. |
Por estes e outros motivos que o nível do futebol brasileiro continuará abaixo do que se pratica na Europa, e para mudar este cenário a estrutura do futebol atual precisa ser modificado desde a base até o profissional. Caso contrário, continuaremos a ver jogos deficitários e jogadores de qualidade deixarem o país cada vez mais cedo. |