Estilistas Brasileiros: Quem Foi Clodovil?
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Estilistas Brasileiros: Quem Foi Clodovil?

Bem, talvez, Clodovil Hernandes seja um dos brasileiros mais conhecidos da última década. Quer saber mais? Clique aqui!

Maria Clara Rocholi
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Bem, talvez, Clodovil Hernandes seja um dos brasileiros mais conhecidos da última década. Nascido em 17 de junho de 1937, na cidade de Catanduva, interior de São Paulo, foi batizado como Clodovir, por um erro de interpretação do cartório. No entanto, por acreditar que soava melhor, optou pela versão com L para seu nome artístico.

Além de estilista de sucesso, foi ator, apresentador de televisão, filantropo e até político brasileiro. Sua paixão pela costura foi despertada logo cedo, quando seus pais abriram um comércio de tecidos. 

Apesar do orçamento ainda limitado, ao longo de toda a sua infância e juventude, seus pais investiram em uma educação de qualidade. Estudou em um colégio extremamente católico. No entanto, posteriormente, admitiu ter sido vítima de abusos por um padre nessa mesma escola.

Aos 16 anos, fez seus primeiros desenhos: 11 vestidos. Levou-os a uma loja no centro de São Paulo e a gerente comprou 6 das criações. Foi aí que começou a trabalhar com moda. Em 1960, aos 23 anos, seu talento conquistou mais notoriedade: ganhou seu primeiro prêmio, nomeado "Agulha de Ouro"-  na época, um prestigiado título no meio fashion.

Logo no começo da década de 70, Clodovil já era um dos designers mais reconhecidos do país. Além de assinar peças feitas sob medida para grandes mulheres, como Hebe Camargo e Elis Regina, se dedicou aos figurinos de cinema e a coleções no estilo prêt-à-porter, que se tornaram bastante populares pela sofisticação e cores alegres.

Imagem /Reprodução: exposição Clodovil Hernandes
Imagem /Reprodução: exposição Clodovil Hernandes

Clô, para os íntimos, foi uma figura bem contraditória, não tinha papas na língua. Por esse motivo, criou rixas com vários famosos, inclusive com, o também estilista, Dener Pamplona. Nunca ficou claro se os dois de fato tinham uma inimizade ou se era apenas um simples teatro para chamar a atenção da imprensa, mas é certo que adoravam alfinetar um ao outro.

<i>Imagem/Reprodução: Clodovil Hernandes e Dener Pamplona</i>
Imagem/Reprodução: Clodovil Hernandes e Dener Pamplona

Em 1976, iniciou sua carreira como apresentador de televisão, no programa "8 ou 800?". Já na década de 80, foi para o TV Mulher e, em 1990 ganhou enorme destaque com o programa de entrevistas "Clodovil Abre o Jogo". No entanto, suas fortes opiniões atraíram críticas, provocaram a sua demissão de diferentes emissoras e, inclusive, o fizeram virar réu em processos judiciais por difamação e injúria.

Aliás, era um conservador declarado, defensor ferrenho dos ideais católicos, consolidando muito bem a fama de "polêmico".  Apesar de assumidamente homossexual, era contra a Parada Gay, por associá-la à prostituição, além de deliberadamente não aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, embora fosse a favor da união civil.

E calma que não acabou. Para coroar a sequência de absurdos, foi acusado de racismo e antissemitismo após declarar a uma rádio que o Holocausto e o atentado de 11 de setembro haviam sido inventados por judeus. Mais uma vez, Clodovil foi parar na justiça, graças a representantes da comunidade judaica.

Nas eleições de 2006, ele entrou para a história, se tornando o primeiro deputado assumidamente homossexual. Somando, sozinho, 480 mil votos, o terceiro melhor resultado por São Paulo, reformou seu gabinete no Congresso com um gasto total de R$ 200 mil. Mas, obviamente, as controvérsias não pararam por aí.

Num pronunciamento sobre corrupção, declarou: "Não vou me sujar por pouco. Vou me sujar por alguns milhões de dólares, é claro. Pego esses milhões de dólares e faço a benemerência que eu quiser. E dane-se a retranca. Não tenho filho, não tenho amante, não tenho mulher, não tenho nada. Isso não é desonestidade. Isso é oportunidade!".

No ano seguinte, sofreu seu primeiro AVC. Em março de 2009, Clodovil faleceu após outro acidente vascular. Sem herdeiros, deixou registrada, em testamento, sua vontade de destinar o patrimônio à fundação do Instituto Clodovil Hernandes, em ajuda a meninas carentes. Entretanto, até 2019, os bens do inventário continuavam bloqueados devido a processos movidos por um funcionário, que alegava manter uma união estável com o estilista. 


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