No livro “A boa e a má educação”, Inger Enkvist aponta que há um consenso social sobre a importância da leitura para a sociedade, no entanto, “abundam os lugares-comuns fomentados pelas tendências pedagógicas construtivistas, predominantes em...
No livro “A boa e a má educação”, Inger Enkvist aponta que há um consenso social sobre a importância da leitura para a sociedade, no entanto, “abundam os lugares-comuns fomentados pelas tendências pedagógicas construtivistas, predominantes em nossos planejamentos educativos ocidentais nas últimas décadas”, conforme palavras dos especialistas em educação Jorge Martínez Lucena e Luís Seguí Pons, que escreveram o prólogo para Inger. |
Para eles, “a leitura é boa e é o que nos torna mais humanos, porque desenvolve em nós elementos que nos fazem ser mais nós mesmos, porque abre nossa imaginação e porque nos leva a compreender e a ter experiências da própria vida através da vida de outros personagens, ou das perguntas de determinados pensadores. Ademais, permite-nos ter empatia pelos outros, compreender seus modos de pensar e estabelecer um diálogo com eles que nos permita chegar a soluções comuns e inteligentes, num mundo como o nosso, amplamente necessitado do uso da razão e da busca de critérios efetivos e comuns para enfrentar e superar os múltiplos problemas que nos colocam. Mas, apesar de tudo, a influência das novas tecnologias e dos novos meios num contexto de experimentos pedagógicos, como os que foram promovidos nesses últimos anos, permite que as novas gerações que chegam à universidade tenham muitas vezes dificuldades na hora de ler textos mínimos”. |
Os especialistas colocam que essa dificuldade impacta negativamente na vida de qualquer pessoa. No Brasil, é possível observar isso acontecendo: falta do domínio da linguagem, fruto da leitura insuficiente e limitada capacidade de interpretação de textos, produzindo milhares de analfabetos funcionais. Segundo dados do Indicador de Analfabetismo Funcional 3 a cada 10 brasileiros são considerados analfabetos funcionais (INAF, 2018). O INAF é realizado em jovens e adultos de 15 a 64 anos e a pesquisa contempla 5 níveis , sendo 2 deles referentes aos analfabetos funcionais (1 – Analfabeto; 2 – Rudimentar) e Funcionalmente Alfabetizado (3 – Elementar; 4 – Intermediário e, 5 – Proficiente). No nível proficiente, apenas 34% das pessoas que cursaram ou estavam cursando o ensino superior encontravam-se nesse nível. A maioria das pessoas estava no nível elementar e 4% dos analfabetos funcionais tinham ensino superior. O que chama atenção é a baixa concentração de pessoas no nível proficiente, que se refere ao que se esperaria de qualquer pessoa, ou da maioria, após anos de escola, como a elaboração de um texto como uma mensagem, descrição, exposição ou argumentação com base em elementos de um determinado contexto e opine sobre o posicionamento ou estilo do autor e que se faça uma interpretação de tabelas e gráficos com mais de duas variáveis. |