Nadando, pedalando e correndo contra a desidratação
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Nadando, pedalando e correndo contra a desidratação

Por ser um esporte que resulta em grande produção de calor, o triatlo exige um treinamento intensivo de seus praticantes e, tão importante quanto, a reposição adequada dos fluidos. Um assunto muito relevante na vida de um triatleta é a hidrat...

Matheus Hojaij
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Por ser um esporte que resulta em grande produção de calor, o triatlo exige um treinamento intensivo de seus praticantes e, tão importante quanto, a reposição adequada dos fluidos. Um assunto muito relevante na vida de um triatleta é a hidratação. Caso não haja reposição hídrica, o praticante pode ter diminuição do volume sanguíneo, acarretando em prejuízo no desempenho.

         A fisioterapeuta, educadora física e ex-triatleta profissional Sabrina Majella compartilha suas experiências no mundo do triatlo. Ela, que foi campeã paulista e sul-americana e já representou o Brasil em campeonatos mundiais, reforça a necessidade de uma rotina regrada dos triatletas: “Normalmente, todo triatleta que conta com acompanhamento de um técnico tem um dia na semana, ou até dois, em que ele faz musculação preventiva, justamente para aguentar e suportar a carga de treinamento, que não é fácil”.

         No caso da hidratação, a temperatura é um fator que influencia diretamente na maneira que o corpo age. A energia liberada em locais de intenso calor é muito grande, e muitos atletas amadores não se preparam adequadamente: “Pensando em uma prova em Santos, em fevereiro, faz muito calor. Dá para escutar as sirenes de ambulâncias pegando atletas com hipertermia, ou os que não se hidrataram direito”.

         A termorregulação, fundamental na gestão do corpo de um triatleta, não passa apenas pela ingestão de água: “Inclui também isotônicos, porque, se você não tiver o nível de salinidade suficiente para absorver a água, chega uma hora em que a sua barriga vira um aquário e o corpo não consegue absorver aquele líquido, por conta da falta de sal”, diz Majella.

         Em função do calor, o sal é um ingrediente que é essencial em uma prova de triatlo. Alimentos como batata cozida com sal e carboidrato com sal agem restaurando o equilíbrio hídrico do corpo. Quando se pode ver manchas brancas na roupa do atleta, é um sinal da falta de hidratação. Especialmente nas provas mais longas: “Se a gente for pensar em uma prova de ironman, a hidratação é fundamental”.

         Até mesmo o refrigerante de cola, que não costuma ser algo comum na dieta de atletas em geral, pode ajudar durante uma prova. Segundo ela, o ruim é tomar no começo, pois a glicemia aumenta rápido, mas cai na mesma velocidade. “O refrigerante aumenta a glicemia. O problema é que, quando você começa a tomar na prova, não pode mais parar”.

         Um dos principais medidores que o triatleta usa como parâmetro é o ‘estado de hidratação’. Se a urina estiver bem clara, significa que a pessoa está bem hidratada. Porém, caso esteja muito escura, ela precisa beber mais água. Começar a hidratação com antecedência é fundamental, segundo Majella: “A prova de triatlo costuma acontecer aos domingos. Na quarta-feira, você já começa a aumentar a ingestão de água. Assim, suas células se adaptam àquela quantidade hídrica, gerando uma probabilidade de desidratação bem pequena no dia da prova”.

         Outro fator que interfere na desidratação é a vestimenta. A termorregulação também está relacionada às roupas utilizadas no dia da prova de triatlo. Vestes claras e leves ajudam no equilíbrio do corpo, enquanto as mais escuras fazem o triatleta transpirar mais. Treinar com uma garrafa d’água ao lado ajuda a simular o quanto deve ser ingerido na hora da prova.

         Aproximadamente três quartos da energia química se transforma em energia cinética, enquanto o restante desencadeia em mecânica. Ter a noção da temperatura do corpo é algo fundamental para o triatleta: “Justamente por fazer o controle térmico, você consegue minimizar essa perda. A parte cinética e mecânica, tendo uma célula bem hidratada e bem nutrida, acostumando-se a temperaturas elevadas, já é um auxílio no momento da competição”.

         A desidratação pode ser de três tipos: leve, moderada e grave. Nas duas primeiras, os sintomas mais comuns são fadiga, perda de apetite, dor de cabeça, sede, pele vermelha, intolerância ao calor, tontura, oligúria e aumento da concentração da urina. A moderada, inclusive, pode até fazer o atleta desmaiar. Já na grave, costuma-se observar pele seca e murcha, olhos afundados, visão fosca, delírio, espasmos musculares, choque térmico e coma, podendo evoluir para óbito.

         Expondo-se ao calor excessivo, o atleta pode chegar a ter hipertermia, especialmente em provas realizadas em locais quentes. Majella diz que um dos procedimentos mais frequentes para avaliar o quão desidratado está o corpo é se a pele, quando puxada, “sobe” ou não: “Se puxar a pele e não subir, a pessoa está totalmente desidratada”.