Da Terra viestes
0
0

Da Terra viestes

Nas mãos a terra que urge

Matheus Laureano
3 min
0
0

Nas mãos a terra que urge

de uma dor humanista

causada pelo mais complexo ser

que a usa de maneira mais inexata

para extrair-lhe a mais pura essência

de objetivos unilaterais

num monólogo da natureza muda

Acontece que para tudo isso

faz esse mesmo complexo ser

independente da sua fronte

ser outro a lhe dizer

não! cuidado com nossa terra

cuidar de mim que dela preciso

Sim! ele diz sim a estúpida extração

que não obedece a divisão

somente a própria multiplicação

Ah!!! se soubesse as consequencias

de tão terrível experiência

de tão incomensuráveis números

que a poucos proporcionam

o conforto da dor dos muitos

Aos muitos são relegados os números

da fria estatística dos discursos

que aumentam o marketing da responsabilidade alheia

perfazendo o caminho da mídia ao porto de chegada

da casa daquele de número assustador para poucos

assustador quando bate à porta a morte

por um número estatístico

Esse frio número é instantaneamente transformado

em um grito desesperado de dor, de sofrimento

outrora fosse de arrependimento e estaria

a mudar uma atitude em cadeia

de não mais extrair simplesmente

mas de dividir urgentemente

as extrações que te põe à mesa

os dividendos que te chegam ao bolso

do líquido que te derramam ao chão

de cheiro forte da química

mas outro ainda mais importante

de cor rubra e rara, que mancha mais

que desastres ecológicos... estampa o desastre humano

Descobriram que a terra é azul. Para quem?

dos que dela mais perto estão, é qualquer uma

que se assemelhe a sua condição

do barro seco ao cinza asfáltico

do verde jardim ao amarelo floril

as cores se multiplicam na condição humana

Vamos! diz o louco. Vamos mudar esse covil

Vamos! diz o mesmo louco. Há saída dessa situação

Não importa a cor, nem importa o corpo

Não importa onde, nem importa quem

Importa agir

Importa criar, recriar

ah! se não fossem os loucos

Os loucos dos palcos

Os loucos das ruas

Os loucos das letras

O que importa é ser louco e mudar

Mudar esse cinza

fazer da aquarela a moda

fazer do abraço, a rotina

Piegas, prosélito, não! verdadeiro

sem fronteiras entre a cor e a não-cor

entre as formas, entre os gestos, entre os dedos

entre as mãos

Entre a lucidez e a lucidez, pois a fronteira da loucura é

a atrocidade.

Sejamos o louco, o artista, o transformador

porque mais importa atravessar a vida numa fronteira

que viver na homeostase depressiva do fazer nada.