Abel Ferreira repete Renato Gaúcho nos pontos corridos. E fracassa! Será assim em 2022?
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Abel Ferreira repete Renato Gaúcho nos pontos corridos. E fracassa! Será assim em 2022?

Ciente de que o Palmeiras atual vai a duelos eliminatórios com preparação específica e prioritária, o colunista André Rocha, do UOL, escreveu após o Mundial de Clubes sobre a mobilização comandada por Abel Ferreira em duelos de mata-mata. E a...

Mauro Cezar Pereira03/24/2022
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Abel Ferreira em ação contra o Ituano, em jogo do campeonato paulista - Foto: Cesar Greco/Divulgação/CRF
Abel Ferreira em ação contra o Ituano, em jogo do campeonato paulista - Foto: Cesar Greco/Divulgação/CRF

Ciente de que o Palmeiras atual vai a duelos eliminatórios com preparação específica e prioritária, o colunista André Rocha, do UOL, escreveu após o Mundial de Clubes sobre a mobilização comandada por Abel Ferreira em duelos de mata-mata. E a dificuldade de se repetir tal fórmula na longa trajetória imposta pelos pontos corridos.

“É difícil criar o clima de uma disputa épica a cada sábado ou domingo. Trinta e oito rodadas dão trabalho”, resumiu o jornalista. Preciso. A desmobilização no Palmeiras era evidente durante o Brasileirão passado, mesmo sem a disputa da Copa do Brasil, eliminado de cara pelo CRB, em São Paulo!

O campeão sul-americano terminou a Série A em 2021 a 18 (dezoito!) pontos do campeão, Atlético Mineiro. Todos os esforços foram concentrados na Libertadores, tanto que muitas pessoas acreditaram ser essa era a única estratégia factível. Nada muito diferente do que fazia o Grêmio de Renato Gaúcho Portaluppi entre 2017 e 2020.

Deu certo? Sim, o time foi campeão do certame internacional. Pronto, agora quem estava mobilizada era a tropa formada pelos seguidores da seita do “Abelismo”, reforçada pela ala da mídia que segue a maré em busca de engajamento sem provocar qualquer reflexão.

Não se está discutindo se Abel Ferreira é incompetente ou competente. Óbvio que trata-se de alguém capaz. Mas isso não faz dele um revolucionário do futebol, longe disso. O português é um homem inteligente e profissional dedicado, porém, não é alguém que acrescente inovações ao futebol praticado no país. Tem grande importância para o Palmeiras. E só, o que não é pouco.

Mas no futebol estamos cercados por muitos profissionais que se expressam mal, repetem obviedades e passam o tempo preocupados em não incomodar para não fechar portas no mercado. Quando surge alguém mais articulado, que sabe jogar com as palavras e tem apoio de torcedores e imprensa carentes de seres minimamente pensantes, pronto. Surge o novo “mito”.

Questionar seus métodos, estratégias, declarações, postura é, para os seguidores da seita, o pecado maior. Na doutrina “Abelista”, quando seu líder fala todos ouvem. E só. Não, essa não é uma relação saudável, todo e qualquer profissional está sujeito à avaliação séria e sem excessos, ao contrário do que recentemente aconteceu em absurdo episódio, de fato.

Mas por que Abel Ferreira vai tão mal em pontos corridos? Os “Abelistas” alegavam em 2020 que chegou ao Palmeiras no meio do campeonato e não tinha tempo para treinar. Vejamos. Ele estreou no dia 5 de outubro no 1 a 0 sobre o Red Bull Bragantino pela Copa do Brasil. Três dias depois veio a primeira partida pelo Brasileirão: derrota no Engenhão por 2 a 1 para o Botafogo, que terminaria rebaixado e na última posição.

Na verdade Abel assumiu com o time a apenas quatro pontos do líder, Atlético Mineiro, dividindo a terceira colocação com o São Paulo, a um ponto do Flamengo, que seria o campeão. E faltavam muitas rodadas para o final: 25, ou seja, 84(!!!) pontos estavam em jogo.

Quer um paralelo? Rogério Ceni chegou ao Flamengo mais de um mês depois, em 10 de novembro, estreou numa derrota para o São Paulo, no Maracanã, pela Copa do Brasil. Sua primeira partida pela Série A foi o empate em 1 a 1 com o Atlético Goianiense, também no Rio de Janeiro.

Ele recebeu o Flamengo mais longe do líder (cinco pontos), que então era o São Paulo, e com menos rodadas (18) a disputar, ou 54 pontos. A essa altura o Palmeiras de Abel caía, era sétimo, a oito de desvantagem em relação ao primeiro colocado da Série A.

Mas havia a desculpa de sempre: falta de “tempo para treinar”. O Palmeiras terminou em sétimo, 13 pontos atrás do Flamengo de Ceni, que caiu nos dois mata-mata, Copa do Brasil e Libertadores, teve tempo, treinou, reorganizou sua equipe e venceu a competição. A lógica dos "Abelistas" parecia fazer sentido com os títulos obtidos em certames eliminatórios.

Mas o que se passou com o Palmeiras de Abel em 2021, já com o comentado tempo para treinar? A eliminação da Copa do Brasil, já na primeira fase que disputou, deu ao elenco e seu técnico semanas livres, em suma, a barreira que teria impedido a progressão da equipe no ano anterior desaparecera.

Mesmo assim o time despencou na tabela, teve péssimas sequências (uma vitória em sete jogos e depois um triunfo em seis partidas), jamais lutou pelo título e terminou a 38ª rodada a uma distância lunar do vencedor. Alguém acha que o Palmeiras tem um elenco inferior ao do Galo que justifique tamanha distância? Sério?

Vem aí mais um Brasileirão. Como se comportará o time dirigido pelo elogiado português? Brigará pelo título pela primeira vez sob seu comando? Haverá um novo capítulo em seu livro contando como mobilizar um time de futebol por 38 longas rodadas? Ou se repetirá a estratégia de Renato Gaúcho em mais uma temporada?

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