Balancete do Atlético mostra elenco mais valioso e dívidas que não param de crescer
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Balancete do Atlético mostra elenco mais valioso e dívidas que não param de crescer

No dia 19 de setembro, o Atlético Mineiro finalmente publicou seu balancete referente ao primeiro semestre de 2021. Nele, nota-se o déficit que poderia virar superávit (mas não virou) com a permuta feita por um dos mecenas, Ricardo Guimarães,...

Mauro Cezar Pereira09/19/2021
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O Atlético Mineiro finalmente publicou, em 19 de setembro, seu balancete referente ao primeiro semestre de 2021. Nele, nota-se o déficit que poderia virar superávit (mas não virou) com a permuta feita por um dos mecenas, ao transformar o que tinha a receber do clube em publicidade para seu banco.

Perspectivas de faturamento aumentaram, mas o endividamento já cresceu, isso é concreto. A dívida de curto prazo diminuiu, mas ainda é mais do que o triplo do faturamento obtido pelo clube em 2020. Em suma, o mecenato turbina o clube, mas a estratégia é totalmente apoiada em resultados que o time de futebol precisa alcançar, títulos.

O projeto atleticano depende fundamentalmente de resultados esportivos elevadíssimos, para que as premiações e a arrecadação disparem e a conta possa chegar perto de fechar. Abaixo, você confere a entrevista sobre o Galo feita com Cesar Grafietti, que lidera a equipe do Itaú BBA responsável pelas análises dos balanços dos clubes de futebol.

Diego Costa celebra seu gol sobre o Sport: contratações de peso no Atlético - Foto: Divulgação/Pedro Souza/CAM
Diego Costa celebra seu gol sobre o Sport: contratações de peso no Atlético - Foto: Divulgação/Pedro Souza/CAM

Qual sua análise referente ao balancete do primeiro semestre de 2021 do Clube Atlético Mineiro?

Os dados precisam ser ajustados para entender a realidade. Na prática, a receita efetiva do semestre foi de R$ 137 milhões contra um custo de R$ 148 milhões. Ou seja, deficit operacional de R$ 11 milhões. Se excluir o fato de que há receitas e custos de 2020 que entraram em 2021, o cenário é bem pior.

E qual a consequência?

Isso reflete nas dívidas, que aumentaram de R$ 1,28 bilhão para R$ 1,30 bilhão. Ou seja, como o resultado operacional real é negativo, o impacto para fechar as contas se dá na dívida. Vamos lembrar que ela deveria ter caído por conta da transformação de dívidas com o BMG em patrocínio. O efeito líquido é observado na conta de "Empréstimos e Financiamentos", que cresceu R$ 71 milhões.

E o que pode ser destacado como positivo?

De positivo, o clube conseguiu alongar parte das dívidas. Mas a pressão ainda é grande, considerando que há R$ 467 milhões no curto prazo para uma receita que no ano deve chegar a R$ 350 milhões, R$ 400 milhões, a depender do desempenho na Copa do Brasil e na Libertadores. Mas chegar a R$ 300 milhões é bem factível, o que é bom.

Ou seja, o time depende dos títulos para aumentar o faturamento...

Sim, este é outro ponto importante: o efeito dos investimentos é observado nesse crescimento de receitas com premiações. Não fosse isso e o clube manteria algo como R$ 230 milhões a 250 milhões. Ou seja, é o resultado dos investimentos aparecendo.

Mas segue um grande desequilíbrio, então, mesmo com óbvias maiores possibilidades de elevação do faturamento, certo?

Isso. Segue desequilibrado, dependendo de dinheiro externo para seguir com as contas em dia. Mas tem chance de melhorar desempenho ao final do ano. O que não garante que em 2022 seja igual, porque aí começa tudo novamente.

No balancete há ênfase no maior valor de mercado do elenco, mas vários jogadores têm trinta e poucos, trinta e tantos anos. Muito bons, mas que dificilmente serão negociados por cifras equivalentes como as utilizadas nesse item, dos que nada custaram em termos de pagamento de multa, como Diego Costa e Hulk, aos que chegaram por milhões de dólares, com Nacho Fernández, não?

Este é outro ponto importante, ainda mais num mercado cada vez mais restritivo em relação às contratações. No mais, é isso mesmo. Vejo como projeto de crescimento, que simplesmente pode não se sustentar no longo prazo em função do tamanho do mercado.

Mas do Atlético e seus pares sempre vêm mensagem positivas...

Importante lembrar sempre que estamos falando de um projeto. Quem implanta sempre vê e vende os aspectos positivos. Quem analisa tem a obrigação de ver os riscos, que sempre existem. Ainda que não acredite na hipótese do clube quebrar por causa dele, há sempre a chance de dar tudo certo e também a do resultado final ser menor que a expectativa. É isso que o torcedor tem que ter em mente.

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