Eu, a Flamimimi e os comentários "delivery"
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Eu, a Flamimimi e os comentários "delivery"

Em meio as muitas mensagens que chegam ao meu canal no YouTube, a de uma torcedora do Flamengo continha uma queixa: eu não estaria sendo crítico ao trabalho de Rogério Ceni como deveria. Não consigo responder a todas que comentam, mas quando ...

Mauro Cezar Pereira06/29/2021
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Em meio às muitas mensagens que chegam ao meu canal no YouTube, a de uma torcedora do Flamengo continha certa queixa: eu não estaria sendo crítico ao trabalho de Rogério Ceni como deveria. Não consigo responder a todos que comentam, mas quando possível, o faço.

Torcedores do Flamengo se distribuem entre os que torcem contra e os que querem ter razão
Torcedores do Flamengo se distribuem entre os que torcem contra e os que querem ter razão

Expliquei o óbvio: aquela é a opinião dela, não a minha. Obviamente não vou emitir um ponto de vista do qual discordo. Ou não tenho o direito? Será que essas pessoas imaginam que é possível pedir comentário delivery, como quem usa um aplicativo e compra um cheeseburger com queijo, ovo bem passado e bacon?

Como não estou oferecendo tal “serviço”, nem pretendo, evidentemente seguirei dando a minha opinião. Não a dos rubro-negros reclamões da Flamimimi, aquele grupo que se queixa até quando o time deles vence. E é capaz de preferir a derrota só para achar que tem razão.

Mas dificilmente têm. Primeiro porque em geral não são capazes de analisar uma partida. Veem os jogos com ódio, torcendo para dar errado e correr para a rede social repetindo “eu te disse, não disse?” Ou ofendendo. Sempre repetem as mesmas coisas, e quando acontece um mau resultado, agem como se não tivessem errado nas previsões feitas em muitos jogos antes daquele. Hilários!

No caso de Rogério Ceni, existe uma clara pré-disposição à crítica. Parece algo doentio até. Evidentemente existem os que o criticam ponderada e criteriosamente. Esses merecem atenção, rola uma boa conversa. Já os frenéticos alucinados, melhor ignorar. O problema em muitos casos parece além do futebol, tamanho o ódio. Não sou psiquiatra. Passo.

Mas afinal, por que não critico o trabalho do treinador como “exige” esse pessoal? Por achar bom, ora. Entenda, bom não é sinônimo de perfeito, há erros e os cito quando cometidos, mas sem esse frenesi, por considerar o trabalho satisfatório e promissor. Palavras que, procuradas no dicionário, não apresentam termos como irretocável a defini-las.

Ceni não tem medo de arriscar, de mudar jogadores de posição, e o fez, a meu ver, com êxito nos casos de Willian Arão e Diego. Tendo atletas de bom nível, faz questão de ficar com a bola, sua estratégia é ofensiva e, ainda jovem, acredito que oferecerá mais em algum tempo.

Mas se fracassar e não mostrar sinal de reação, como ocorreu Domènec Torrent, obviamente poderei achar que o trabalho chegou ao fim. Mas não é o caso hoje, pelo contrário. Tudo a seu tempo.

Claro que tem seus defeitos. Um deles, talvez o maior, a velha dificuldade para admitir quando erra. Às vezes também demora a fazer substituições, embora eu não ache que o Flamengo perdeu para o Red Bull Bragantino, por exemplo, especificamente por isso.

Poderia até ter vencido com os 11 que terminaram o jogo, afinal, Diego, que depois da peleja muitos reclamaram por não ter saído para dar ver a João Gomes, aos 44 minutos bateu escanteio na cabeça de Arão. Mas Bruno Henrique tirou a bola do caminho das redes como se fosse um zagueiro do Braga. Você se lembra?

Alguns conseguiram ver culpa do treinador na derrota para o Juventude em campo inundado, impraticável. Mesmo cientes de que ele pedira aos atletas que não trocassem passes no campo defensivo, tamanho o risco. Matheuzinho teimou em desobedecer e saiu o gol da vitória gaúcha. Mas para os seguidores dessa seita, vai tudo na conta de sempre.

Há ainda os que argumentam que eu criticava o trabalho do técnico do primeiro semestre de 2019 e hoje não faço o mesmo. A esses é quase inútil responder. O cara pode achar o trabalho atual péssimo, ok. Mas inviabiliza o debate se não enxerga a diferença imensa de propostas, o antagonismo entre o jogo reativo que se tentava fazer há dois anos e o que se executa hoje. É algo de quem não entende nada mesmo.

Em meio ao festival de desinformação, a torcedora da mensagem no YouTube sugeriu que Maurício de Souza fosse efetivado como técnico. Ela acredita que enquanto Ceni estava afastado, por causa do coronavírus, o auxiliar tomava as decisões.

Isso, mesmo depois de eu e outros termos explicado que, com COVID-19, de casa, o técnico planejou os treinos, definiu estratégias, escalou o time e mandou fazer as substituições durante as partidas. E a sugestão, honestamente, é descabida, ingênua até.

Seguirei emitindo minhas opniões. A Flamimimi sempre irá reclamar. E encontrará eco em influenciadores e jornalistas que falam o que esse povo quer ouvir. Tudo pelo engajamento. É, ainda não inventaram o aplicativo, mas o comentário delivery é uma realidade.

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