“Saber sofrer”. “Jogar feio para vencer”. Frases pífias e falsas verdades do futebol brasileiro
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“Saber sofrer”. “Jogar feio para vencer”. Frases pífias e falsas verdades do futebol brasileiro

O futebol praticado no Brasil está marcado por crendices e besteiras. Algumas chanceladas por treinadores mais badalados do que sua (in)incompetência merece. E essas tolices costumam ser repetidas à exaustão.

Mauro Cezar Pereira
3 min
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O futebol praticado no Brasil está marcado por crendices e besteiras. Algumas chanceladas por treinadores mais badalados do que sua (in)incompetência merece. E essas tolices costumam ser repetidas à exaustão.

Albert Einstein (1879-1955): físico e matemático alemão, um dos maiores gênios da humanidade
Albert Einstein (1879-1955): físico e matemático alemão, um dos maiores gênios da humanidade


São frases supostamente de efeito, na realidade lugares comuns, clichês, máximas mínimas… Um festival de inutilidades, com apoio de parte da mídia que se curva a profissionais intelectualmente nada brilhantes e que se portam como pensadores da bola.

São essas coisas ditas nas palestras pré-jogo protagonizadas pelos mais obsoletos treinadores ainda em ação. E quem as repete nem sente vergonha por isso, ao contrário, parecem felizes por integrar esses grupos.

Separamos algumas dessas frases pífias e falsas verdades entranhadas na mentalidade média do futebol brasileiro. Leia, mas não as repita. Pode pegar mal pra você.

“Tem que saber sofrer”.

Seria o futebol um jogo destinado a masoquistas? Por que diabo alguém tem que saber sofrer? Por que não “tem que saber se impor sobre o adversário”? Ou “tem que saber neutralizar o que oponente tem de melhor”? E ainda, “tem que saber defender e atacar bem”? Ou, o que seria a melhor: “Tem que saber vencer”?

“Tudo no (nome do clube) aqui tem que ser assim, com sofrimento”

Por que isso? Essa é a típica frase utilizada para minimizar uma atuação ruim, o mau futebol apresentado. O técnico erra, o time não joga nada, vence casualmente ou por ter jogadores melhores do que os do adversário, e depois protegem o personagem com esse clichê. Uma verdadeira muleta.

“A torcida aceita tudo, menos jogador sem raça”.

Obviamente não é assim. A torcida costuma gostar de jogadores que se esforçam, mas isso não basta. Se os atletas deixarem a vida em campo, mas ainda assim a equipe perder muitos jogos e se aproximar do rebaixamento, ela vai protestar. Muito. “Só raça não basta” seria frase mais compatível com a realidade.

“Compra que a torcida paga”.

Antiga, essa vem de muitas décadas atrás. Na realidade a torcida não costuma pagar, principalmente se o reforço for contratado e nem assim o time jogar bem, vencer, ganhar títulos. E com os elevados custos dos atletas, hoje em dia, mesmo com ingressos caros, fica matematicamente muito difícil a galera pagar essa conta.

“Tem que contratar, depois vê como faz. O (nome do clube) não é banco”.

Não mesmo, banco TEM dinheiro, já os clubes em situação de penúria têm é dívidas. Isso não justifica gastarem mais do que arrecadam e se atolarem mais ainda nas finanças sob a alegação de que não deveriam guardar dinheiro, como se fossem bancos. Simplesmente porque não o tem para poupar.

“Quero jogar mal e vencer”.

Essa é a campeã. Os piores times habitualmente jogam mal. Consequentemente não vencem na maioria das vezes. Ora, jogar mal, ou seja, não jogar bem aproxima da derrota, não da vitória. Jogar mal e vencer é a exceção, não a regra. Desejar vencer quando a equipe não consegue ter uma boa atuação é obviamente natural, aceitável. Mas associar o jogar mal, ou seja, não realizar seu próprio trabalho da melhor maneira possível; ao triunfo, ao êxito, é distorção bizarra que só existe em meio a esses falsos intelectuais da bola.