Errei 10 anos atrás
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Errei 10 anos atrás

O incrível absurdo da longevidade de um conceito.

José Vicente Jr
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Aos 23 anos eu já liderava pessoas. É verdade que, nesta idade, eu mais chefiava por causa de cargo ou da hierarquia do que "liderava". Apesar de sempre ser por mérito (meta batida e tal), mas eram outros tempos e a liderança de times vencedores tem mudado, na mesma velocidade que as gerações transformaram os ambientes profissionais. Mas este texto não é sobre os conflitos de gerações e sim, o quanto um tema que usei em uma reunião em 2010 é mais atual e mais consistente hoje, até, do que naquela época.

Eu fui muito privilegiado, nas várias experiências profissionais que tive, por ter sempre chefes, patrões, diretores, gerentes e líderes (de maneira geral) fantásticos. Para devolver este privilégio, eu sempre me doei e tentei levar as empresas para a vanguarda, sempre com práticas e conceitos à frente da média.

Desculpe-me!
Desculpe-me!

Um exemplo legal disso, é que em um "primeiro de maio" eu levei, o fantástico Edu Lyra (Gerando Falcões) para palestrar para as nossas equipes. Tempos depois, aquele corinthiano gente boa se tornou um dos mais importantes empreendedores sociais do Brasil, listado na Forbes como um dos Under 30 mais importantes da sua geração.

Nesta época, eu já consumia internet e aproveitava o que de melhor podíamos usar e o Youtube era, ainda, uma criança de 3 anos.

Zapeando, encontrei um vídeo de uma gravação de uma palestra do Mário Sergio Cortella, para funcionários do Branco do Brasil, em que ele falava sobre o tema "Sabe com quem você está falando?".

A gravação nem era de boa qualidade, muito menos recente (já na época). 

E eu estou falando que assisti em 2010.

Aquele tema causou grande impacto em mim, me mostrando o quão irrelevantes nos tornamos quando achamos que somos "pica", se comparados ao Universo.

Se você quer dar uma olhada no tema, clica neste link para assistir. 

Pois, bem!

Eu dirigia uma franquia de educação e nosso grupo (eram 4 unidades) sempre realizava reunião no primeiro dia útil, no primeiro horário em todos os meses.
A pauta desta reunião era: resultados do mês anterior, em todos os departamentos, premiações para os vencedores de competições, metas para o próximo mês e as campanhas que embasavam estas metas.

Sempre terminávamos (ou começávamos) com um tema para reflexão.

Acontece, que a unidade que eu estava dirigindo estava sofrendo do mal do time que entra de salto alto em um jogo. Vínhamos de vitórias expressivas, mas no mês anterior, fracassamos.  Achei que o tema tinha tudo a ver!

Mas, ao invés de passar o vídeo do Cortella eu estudei, aprendi e resolvi dissertar sobre o conteúdo, contextualizando à nossa cena.

Isto foi um erro!

Apesar de ter mencionado a autoria (eu jamais omito autores), os presentes na reunião entenderam que a minha mensagem era: "vocês não são ninguém"!

Num certo momento do vídeo, o Cortella usa uma expressão, mais ou menos assim: "você é o vice-troço, do sub-treco". E eu repeti este conceito, mas como era eu que estava "criando" o conceito, a autoria pareceu ser a minha interpretação do esforço deles.

Isso foi o que ficou marcado nas pessoas presentes naquela reunião. Uns menos, outros mais... mas, de qualquer forma, aquilo foi impactante.

Por tempos fui lembrado de ser o líder que diminuiu as pessoas, que desvalorizou o esforço e que se achava superior.

Apesar de entender e assumir que eu podia ter feito de forma diferente, fico me perguntando se esse pessoal já não era o embrião da geração mimimi. Este caso, parece o tipo de relato de casos que aconteceram em 2019, quando as empresas começaram a ser policiadas por militantes das minorias.

Quando eu disse que éramos o vice-troço do sub-treco, eu não disse: vocês são!

Mas não importa o que eu falei, importa o que eles ouviram e, por isso, eu peço desculpas!