Nós temos ciúmes dos nossos ídolos.
Nós temos ciúmes dos nossos ídolos. |
Há uma expressão, que não consigo rastrear quando e como ocorreu seu nascimento, mas que se tornou quase que um ataque pessoal: “você é um modinha!” |
É provável que já tenha ouvido ou mesmo falado isso de alguém. E para quem não sabe do que se trata, isso diz respeito às pessoas que aderem a alguma moda vigente, o que está no hype, ou na “crista da onda”, somente para sentir-se pertencente a um grupo ou tendência atual e não cair no ostracismo. Você sabe do que estou falando. São os cientistas políticos de 2014/15, os torcedores do Flamengo pós-2019, aqueles que se acham nerds porque gostam dos filmes do UCM ou os fãs de Coldplay quando vieram ao Brasil. |
Usar este artifício como algo pejorativo diz muito sobre nós mesmos. Temos ciúmes dos nossos ídolos e queremos guardá-los num potinho, longe de qualquer acesso de terceiros. Somos quase gnósticos e queremos ser vistos como os únicos que fazem parte de uma casta especial. Se nossa bolha estourar, significa que perderemos nossos status singulares. Este egoísmo pode não ser tão bom assim, já que no final pode acontecer de seu ídolo desaparecer por inanição. |
Vou num caminho oposto: que venha a nós os modinhas! |
Nenhum tipo de ajuntamento social, organização ou religião está livre dos modinhas e nem é bom que seja assim. Todo crescimento de adeptos se dá por ciclos. Dificilmente encontrará um grupo que manteve uma ascensão numérica regular durante a história. O que quero dizer é que sem os modinhas não há popularização e, consequentemente, não ocorre a expansão. Sejamos hospitaleiros com os que estão se achegando e depois, somente depois, é que verificaremos se estão dispostos a se tornarem um de nós. Afinal, estar é diferente de ser, pois estar é contingente, ser é permanecer. Quem se mantiver fiel não se abalará com qualquer vento posterior, nem que este vento tenha o nome de Paulo Sousa. |
Área de correspondência |
Você me encontra no Instagram e no Twitter, ambos com o username @mayconcasado, caso queira mandar alguma dica, pergunta, sugestão, crítica (que provavelmente eu vá ignorar caso seja negativa). |
Indicações |
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Nota: Ainda estou lendo O Dom da Amizade, acho que termino antes da próxima newsletter. A Terra-Média e Nárnia ganham outros contornos após conhecer as vidas por detrás das obras. Estou escolhendo minha próxima leitura. Acho que será Os Quatro Amores, do Lewis. |